Dólar crava novas máximas, mas fecha a semana em queda com uma mãozinha do BC
O dólar à vista enfrentou enorme pressão ao longo da semana e chegou a tocar os R$ 4,38 na quinta-feira. No entanto, a atuação do BC no mercado de câmbio, injetando US$ 2 bilhões por meio de leilões de swap cambial, acalmou os nervos dos investidores e afastou a moeda americana dos recordes

Ao longo dessa semana, eu escrevi diversas vezes que o dólar à vista renovou os recordes nominais. Foi assim na segunda-feira (10), na terça (11) e na quarta (12) — e tudo levava a crer que a quinta (13) seguiria um caminho semelhante, já que, durante a manhã daquela sessão, a moeda americana chegou aos R$ 4,38, um patamar nunca antes atingido.
Foi somente a partir daí que a história do mercado de câmbio nesta semana mudou: ao ver o dólar se aproximando dos R$ 4,40, o Banco Central (BC) finalmente entrou em cena e atuou para trazer alívio às negociações — uma movimentação que era aguardada há dias pelos investidores.
Naquela quinta-feira, o BC anunciou um leilão extraordinário de swap cambial, no valor de US$ 1 bilhão — uma operação que, em termos práticos, significa que a autoridade monetária injetou recursos novos no mercado, atendendo à forte demanda pela divisa americana.
O sinal de que o BC estava atento às movimentações das moedas, não deixando o real se desvalorizar descontroladamente, foi suficiente para tirar boa parte da pressão do mercado. Já naquela sessão, o dólar à vista virou para o campo negativo — comportamento que se repetiu nesta sexta-feira (14).
Hoje, o Banco Central repetiu a dose: fez mais um leilão de US$ 1 bilhão, garantindo desde cedo o alívio aos investidores. Ao fim do dia, o dólar à vista caiu 0,77%, a R$ 4,3004.
Assim, após ultrapassar a barreira dos R$ 4,38 no momento de maior tensão, a moeda americana terminou a semana com uma baixa acumulada de 0,47%.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora

É claro que o nível de R$ 4,30 ainda é bastante elevado — desde o início do ano, o dólar à vista ainda acumula valorização de 7,19%. E isso porque há fatores estruturais, tanto no Brasil quanto no exterior, que aumentam a aversão ao risco por parte dos investidores.
Tensões geopolíticas entre Estados Unidos e Irã, surto de coronavírus, queda da Selic, menor diferencial de juros em relação aos EUA, declarações infelizes do ministro Paulo Guedes, fraqueza da economia doméstica... não faltam motivos para estresse do dólar à vista.
Mas a atuação do BC foi suficiente para trazer algum alento às preocupações do mercado de câmbio nesta semana, afastando o dólar à vista das máximas e colocando uma pausa na trajetória de elevação da moeda americana em relação ao real.

Ibovespa volátil
O Ibovespa enfrentou dias bastante agitados e de oscilações intensas. Nesta sexta, o principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 1,11%, aos 114.380,71 pontos — o que implica num ganho acumulado de 0,54% na semana.
No mercado de ações, o exterior continua dando as cartas: o noticiário a respeito do coronavírus segue como principal fator de influência para as negociações — e a percepção de risco dos investidores em relação à doença muda do dia para a noite.
Na segunda-feira, por exemplo, a leitura era a de que o surto já começava a trazer impactos econômicos à China, o que motivou uma baixa de 1,05% no Ibovespa. Mas, na terça e na quarta, esse quadro mudou: o ritmo de alta nos contágios e mortes diminuiu, trazendo alívio às preocupações — e, como resultado, o índice brasileiro subiu 2,49% e 1,13%, respectivamente.
Mas, na quinta-feira, houve uma nova reviravolta: as autoridades chinesas revisaram a metodologia para diagnosticar a doença, o que gerou um salto no total de infectados — e lá foi o mercado, de volta à defensiva. O Ibovespa caiu 0,87%.
E hoje, sem maiores novidades no front do coronavírus, a cautela continuou imperando: no exterior, o dia foi de perdas moderadas nas principais bolsas do mundo. Aqui, no entanto, as perdas foram mais expressivas, em função do pessimismo em relação à economia local.
Preocupação
Dois dados importantes da economia brasileira foram divulgados nesta semana: as vendas no varejo e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), ambos referentes a dezembro. E, nos dois casos, o mercado se decepcionou com os números.
As vendas no varejo recuaram 0,1% em dezembro ante novembro, enquanto o IBC-Br caiu 0,27% na mesma base de comparação — indicando que a economia doméstica ainda sofre para ganhar tração, ao contrário do que se imaginava ao fim do ano passado.
Em meio à fraqueza, boa parte do mercado já começa a apostar num novo corte na Selic — o BC reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto na semana passada, para 4,25% ao ano, e também sinalizou que aquele seria o movimento final do ciclo de ajustes negativos.
Mas, considerando as seguidas decepções no front da atividade, há quem acredite que há espaço para mais reduções na Selic, de modo a dar mais impulso à economia brasileira.
Top 5
Veja abaixo quais foram as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta semana:
- Natura ON (NTCO3): +11,67%
- Weg ON (WEGE3): +10,88%
- Suzano ON (SUZ3): +5,77%
- BR Distribuidora ON (BRDT3): +5,65%
- Azul PN (AZUL4): +5,24%
Confira também as maiores quedas do índice desde segunda-feira:
- IRB ON (IRBR3): -12,35%
- CVC ON (CVCB3): -5,43%
- Carrefour Brasil ON (CRFB3): -3,95%
- Bradesco PN (BBDC4): -3,56%
- Hypera ON (HYPE3): -3,37%
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam