Após explosão de ganhos com pandemia, ações das big techs sofrem com queda das bolsas nos EUA; ainda vale a pena investir?
Até mesmo quem encara o investimento como arriscado neste momento enxerga nas big techs fundamentos sólidos, perspectivas de crescimento e lucro
Quem nunca ouviu a frase: quem tem um iPhone não troca, e quem não tem quer ter? Marca desejo de muitos consumidores no mundo, a Apple também é sucesso absoluto no mercado financeiro, assim como as outras empresas que formam o seleto grupo das famosas big techs: Microsoft, Meta (Facebook), Alphabet (Google) e Amazon.
Mas neste início de ano as ações das gigantes da tecnologia deram uma fraquejada, em linha com a forte queda das bolsas norte-americanas.
Depois de uma sequência fantástica de valorização que só ganhou força após o baque inicial da pandemia da covid-19, todas acumulam queda nos primeiros pregões de 2022.
Os investidores se preocupam com o impacto da esperada alta das taxas de juros nos Estados Unidos ao longo deste ano. Como se não bastasse, o mercado sente o aumento das tensões geopolíticas entre EUA e Rússia.
Em momentos como esse, a pergunta que ronda a cabeça de qualquer investidor é: será que vale a pena investir nas ações das big techs? E, nesse caso, quais apresentam maior potencial ou estão mais protegidas contra uma possível crise?
A resposta passa pelo momento de mercado, é claro. Mas até mesmo quem encara o investimento como arriscado neste momento enxerga nas companhias fundamentos sólidos, perspectivas de crescimento e lucro em um mundo que se prepara para o metaverso.
Leia Também
Vale lembrar que ser sócio de Apple, Google e companhia hoje é bem simples e não requer nem ao menos abrir conta em uma corretora que opere na bolsa de Nova York. Afinal, todas essas empresas possuem recibos de ações (BDRs) listados na B3.
A seguir eu conto em detalhes o que esperar de cada uma das big techs.
Apple (AAPL34), a queridinha dos US$ 3 trilhões
Campeã de recomendações de investimento para este ano, a Apple começou 2022 surpreendendo: foi a primeira companhia norte-americana a atingir US$ 3 trilhões em valor de mercado — mais do que o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020.
O marco impressionante leva a um pensamento imediato: como uma empresa desse tamanho continuará crescendo e se mantendo atrativa para o investidor? Quem responde essa pergunta é João Piccioni, analista da Empiricus e especialista em ações estrangeiras.
“Nos últimos anos, a Apple foi a grande vencedora nos mercados em que atua. Ela teve bastante sucesso com as últimas versões de iPhones e, por isso, suas ações andaram bem, especialmente no final de 2021”, afirma.
Os papéis da empresa comandada por Tim Cook acumularam ganho de cerca de 40% no ano passado e estão longe de serem considerados uma pechincha mesmo depois da queda neste início de ano.
Mas isso não significa que não estejam atrativos. Pelo contrário, a Apple segue como a favorita dos especialistas com quem eu conversei, e voltou a mostrar força depois do resultado acima do esperado no quarto trimestre.
“Vejo para este ano uma continuidade de ganho de participação de mercado dos Macs e um impulso para o iPhone com o 5G nos Estados Unidos”, diz Piccioni.
Além de avançar no segmento de serviços e ser favorecida pela batalha entre operadoras de telecomunicações no mercado norte-americano — que acabam subsidiando iPhones na busca de clientes —, a Apple tem outro trunfo na manga: o metaverso.
Segundo o analista da Empiricus, novas tecnologias como os óculos de realidade aumentada devem dar mais tração aos negócios da empresa.
“A verdade é que ninguém vai deixar de usar Apple, tendo pandemia ou não. A empresa está presente em todas as cadeias desse ambiente online.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEJoão Piccioni, analista da Empiricus
Piccioni classifica a rigidez da Apple como ponto negativo em sua trajetória, mas lembra que a empresa vem adotando alguma flexibilização.
“Um exemplo é o embate com a Epic Games, que quer vender aplicativos instalados nos iPhones fora da Apple Store. A Apple, no entanto, vem conseguindo vitórias nos tribunais e esse não deve ser um problema”, diz.
Alphabet (GOOG34) e seu potencial infinito
Segunda na lista de queridinhas para se ter em carteira, a Alphabet — mais conhecida por ser a holding dona do Google — se destaca pela relação entre a gama de negócios e o poder da empresa no mercado, tendo como ponto forte o YouTube e seus anúncios.
As ações da dona do Google acumularam ganho de quase 70% em 2021. Essa explosão é explicada pela reabertura econômica, que trouxe de volta as empresas de turismo que passaram a pandemia fora dos anúncios em plataformas como o YouTube.
“No caso da Alphabet, apesar de toda essa alta, as ações não ficaram caras. A empresa entregou um lucro elevado”, diz Rafael Cintra, analista da Forpus.
Baseado em um múltiplo de 25x lucro, os papéis da empresa são considerados os mais baratos entre as big techs. Para se ter uma ideia, a média de múltiplo do Nasdaq é de 28x para os próximos 12 meses.
Uma pausa para explicação: a relação entre o preço e o lucro indica em quanto tempo o investidor teria o retorno do investimento com base nos resultados da empresa. Em tese, quanto menor o múltiplo de preço/lucro, mais barata é a companhia.
Francisco Aguiar, também analista da Forpus, lembra de uma outra gigante da tecnologia que andou sofrendo neste início do ano: a Netflix. “A empresa de streaming está investindo pesado em games para conseguir gerar um novo tipo de negócio dentro de sua estrutura, que inclui conteúdo”, afirma.
Facebook Meta (FBOK34) deve superar as pedras no caminho
Não faz muito tempo que o Facebook estampou o noticiário internacional com a polêmica sobre o compartilhamento de dados de seus usuários, levando o Congresso norte-americano a afiar suas garras e avançar sobre seu fundador, Mark Zuckerberg, e sobre a segurança das informações que circulam na plataforma.
Essa pressão sobre a Meta — como a holding foi rebatizada no ano passado — não deve diminuir neste ano, mas tampouco irá atrapalhar a rota de expansão do grupo - o que deve manter a atratividade dos papéis da gigante de tecnologia.
Além de uma execução positiva e bons produtos, a Meta tem como ponto forte os seus canais de venda e marketing. Junto com a Alphabet, a empresa é considerada uma ganhadora da pandemia, que levou em definitivo boa parte dos anúncios do mundo físico para o digital.
Assim como a Apple, a empresa tem no metaverso um dos seus maiores trunfos. Esse mundo digital abre caminho para a Meta e os seus óculos de realidade aumentada, além dos games, que também estão na mira de Zuckerberg.
“Essas grandes empresas de tecnologia cresceram muito considerando o histórico dos últimos cinco anos, negociando a múltiplos mais altos como no caso do Facebook”, diz André Kim, sócio e analista da GeoCapital.
Ele lembra que as margens da Meta podem diminuir, uma vez que a empresa deve aumentar seus gastos com pessoal para desenvolver novas tecnologias — um cenário positivo, segundo Kim, mas no qual se leva tempo para obter lucros robustos.
“Se o mercado ficar negativo para o Facebook, por exemplo, vamos preferir ter esses papéis em nossa carteira porque não olhamos para o curto prazo. Esse não é o jogo de quem quer curto prazo”, acrescenta.
Microsoft (MSFT34) e seu berço esplêndido
Se o metaverso é o futuro próximo, os negócios em nuvem já são uma realidade consolidada. E é graças a ela que a Microsoft vem garantindo e aumentando suas perspectivas de lucros a cada trimestre.
Além da nuvem, a empresa tem vários pontos a seu favor. A Microsoft conseguiu colocar suas soluções corporativas à prova em tempo recorde durante a pandemia e obteve sucesso; é a maior companhia em faturamento no setor de segurança cibernética; e o pacote Office segue líder entre as empresas mundo afora.
Não bastasse isso, a Microsoft ainda tem pela frente os games, segmento no qual vem avançando a exemplo do Xbox Pass, que dispensa o console para jogar.
A empresa fundada por Bill Gates lançou no início deste ano um movimento ousado, com a compra da Activision Blizzard (ATVI) por US$ 68,7 bilhões, na maior aquisição da história da indústria de games.
Porém, a força da empresa também pode ser sua fraqueza. A posição tão dominante da Microsoft no mercado em que atua garante bons resultados, mas deixa pouco espaço para crescimento, segundo os analistas.
Amazon (AMZO34): ações maltratadas no passado
Depois de disparar em 2020 sob o impulso das medidas de isolamento, o segmento de comércio eletrônico sofreu no ano passado, e a Amazon não conseguiu escapar. As ações da empresa foram as que entregaram o menor ganho acumulado em 2021 entre as big techs, subindo apenas cerca de 7%.
Talvez isso explique os motivos de a gigante do comércio eletrônico não ser citada logo de cara como uma boa opção para se ter em carteira em 2022.
“A ação da Amazon foi maltratada ano passado. O mercado bateu na precificação do e-commerce de forma geral, todo mundo apanhou para caramba. Se considerarmos esse cenário, a Amazon até que foi bem”, diz Piccioni, da Empiricus.
Ele lembra que o múltiplo da Amazon em relação às vendas chegou a 8x no auge da pandemia, mas, em seis meses, despencou. “A Amazon sempre foi uma ação barata, mas todo mundo do setor caiu, e o múltiplo chegou perto de 1x vendas”, afirma.
Apesar de ter enfrentado um cenário adverso no ano passado, que inclui problemas na cadeia de suprimento global, a gigante do varejo eletrônico tem boas perspectivas. Além de ter criado um ecossistema gigantesco de vendas, a Amazon conta com as várias frentes do segmento Prime — incluindo música e vídeo — para crescer.
Não bastasse isso, a AWS — sua divisão em nuvem — avança a um ritmo de 30% a 40% ao ano e a empresa ainda está desenvolvendo seus próprios chips para implementar em seus servidores.
As big techs não convencem todo mundo
Embora sejam investimentos considerados atraentes, nem todo mundo concorda que agora é hora de se expor às big techs. Cintra e Aguiar, analistas da Forpus, acreditam que o momento é de estar posicionado em Brasil.
“A hora de ter entrado nos Estados Unidos era em agosto e setembro, na sequência do início do aperto monetário no Brasil. De julho a dezembro vimos a derrocada da bolsa brasileira e acreditamos que isso vai acontecer nos Estados Unidos com o início do aperto monetário previsto para março.”
Para os analistas, o primeiro semestre pode ser um período mais complicado para o investidor. “Recomendamos esperar a virada do trimestre. Se as big techs apresentarem uma queda relevante, aí faz sentido se posicionar nos Estados Unidos.”
Juros não assustam as big techs
O aumento de juros nos Estados Unidos já é uma realidade. O Federal Reserve (Fed) já escancarou a porta para que a taxa básica, hoje perto de zero, suba a partir de março deste ano em uma caça à inflação — que encerrou 2021 em 7%, muito acima da meta de 2% do banco central norte-americano.
Sempre que se fala em juros maiores nos Estados Unidos, o mercado de ações como um todo sente os efeitos do aperto monetário, com a fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros como os títulos de dívida do governo norte-americano. Nessa corrida por abrigo, as ações das big techs sentem o impacto.
Mesmo diante deste cenário, Felipe Arrais, especialista em investimentos globais da Spiti, acredita que não há necessidade de acelerar o passo e reduzir a exposição às gigantes da tecnologia, que têm muito caixa e baixa necessidade de financiamento nos mercados.
"Os juros mais altos não serão necessariamente ruins para as big techs. Essas empresas são lucrativas, tem modelos de negócios superiores, que estão entre os melhores do mundo. Em 2021, essas empresas demonstraram força, superando as expectativas mesmo em anos ruins", disse.
Com um robusto fluxo de caixa, Apple, Google, Microsoft, Facebook e Amazon não devem, no geral, ser prejudicadas pelo aperto monetário, já que não costumam depender de financiamento do mercado para tocar seus negócios. Porém, no caso da Microsoft, há uma particularidade: o segmento corporativo no qual atua.
“Se os juros subirem como o que tudo indica e, sob efeito do aperto monetário mais agressivo nos Estados Unidos, as empresas começarem a fechar, a Microsoft é a que mais vai sentir esse efeito”, diz Kim, da Geo Capital. “Agora, porém, o patamar previsto para a taxa de juros não tem potencial para isso.”
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal