Petrobras apanha, recua 7% e deixa a bolsa com saldo negativo na semana; dólar vai a R$ 5,38
A semana pode até ter sido curta e sem carnaval, mas não faltaram emoções no cenário político. Confira um resumo do que movimentou os mercados nos últimos dias

A semana foi mais curta, com uma pausa para a celebração de um carnaval-sem-carnaval, mas nem por isso menos intensa ou com falta de tempo para reviravoltas.
A Petrobras que o diga. A companhia começou a semana de negócios - na Quarta-feira de Cinzas - como um dos grandes destaques, subindo mais de 4% e com potencial para mais, já que os dados operacionais e a decisão de reajustar novamente os combustíveis foi bem recebida pelo mercado, e vai terminar a sexta-feira levando uma verdadeira surra.
O culpado pelo tombo de 7% é mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro, que lançou ameaças ao presidente da companhia, Roberto Castello Branco, e ressuscitou a desconfiança de uma possível ingerência na estatal.
"Bolsonaro esqueceu que as ações de Petrobras são negociadas e têm investidores em todo o mundo, e também com forte pulverização no mercado local. Isso compromete a imagem do país no exterior", comenta Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital modalmais.
Essa situação não é novidade. É só lembrar que no começo do mês de fevereiro, quando os ruídos de uma possível greve dos caminhoneiros eram mais fortes, Bolsonaro e Castello Branco trocaram acusações sobre quem seria o “culpado” pela alta dos combustíveis. Tudo isso em meio a uma desconfiança com relação à transparência da companhia justamente com relação à sua política de preços.
Bolsonaro não é o primeiro presidente a questionar a política de preços da estatal e esta muito provavelmente não será a última vez que o chefe do Executivo causará ruídos em torno do assunto. Principalmente após anunciar oficialmente em seu Twitter que o governo federal irá indicar um novo nome para ser considerado pelo conselho da empresa. Esse anúncio, no entanto, foi feito quando os mercados já estavam fechados no país.
Leia Também
Com o tombo de uma das principais empresas do índice, o Ibovespa até tentou surfar o cenário mais otimista no exterior, mas só foi possível amenizar a queda. O recuo ficou longe da mínima do dia, que encostou nos 117.800 pontos, mas ainda foi significativo - de 0,64%, aos 118.430,53 pontos. Na semana, o recuo foi de 0,84%.
Alívio importado
O dólar também foi "vítima" da língua afiada do presidente, que se mostrou desconfortável com a cotação acima dos R$ 5 e cobrou pela aprovação das reformas para reverter a situação.
Porém, questões externas falaram mais alto do que os ruídos gerados pelo presidente. Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, aponta que os sinais mistos emitidos pelas economias globais e a falta de perspectiva de uma solução efetiva para o problema gerado pelo coronavírus segue assombrando e cobrando por novos estímulos, o que leva a um enfraquecimento da moeda.
Quase todos os dias da semana temos algum dado relevante que pode ser termômetro para indicar o ritmo dessa recuperação. O mercado costuma reagir pontualmente, mas, em um cenário mais amplo é possível ver que os números mostram sinais mistos.
Nos últimos dias, um dos números mais relevantes para a percepção de urgência na aprovação de novos estímulos fiscais nos Estados Unidos foi o de pedidos semanais de auxílio-desemprego. O número frustrou os investidores ao subir 13 mil na semana, totalizando 861 mil, bem acima das expectativas dos analistas, que esperavam 773 mil novas solicitações.
“O número acaba incitando uma agilização da aprovação do pacote trilionário do presidente Joe Biden, nos Estados Unidos, o que deve dar um alívio para todo mundo”, comenta o especialista.
Nessa área, não tivemos muitas novidades ao longo da semana, mas elas foram suficientes para reverter o clima de cautela que imperava no exterior para um fechamento mais ameno dos negócios hoje.
A secretária do Tesouro Americano, Janet Yellen, é notável fã dos estímulos fiscais e monetários e voltou a afirmar (e cobrar) a necessidade deles para a recuperação plena da economia e do emprego no país.
Hoje os investidores também repercutiram o relatório de política monetária divulgado pelo Federal Reserve. O documento será apresentado na próxima semana no Congresso americano e trouxe o mesmo tom que a ata da última reunião de política monetária: um reforço de que a entidade seguirá mantendo uma forte política de estímulos até que a crise herdada do coronavírus seja solucionada.
Com relação ao pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, que anda meio enroscado no Congresso americano, o líder democrata no Senado afirmou que um acordo está sendo costurado para ser fechado antes do fim do auxílio individual, em meados de março.
Tudo isso contribuiu para a queda da moeda americana em escala global. Mas alguns fatores internos também aliviaram a pressão sobre o câmbio. O senador Marcio Bittar apresentou uma versão do parecer da PEC Emergencial, que deve destravar a pauta do auxílio emergencial, com uma saída de financiamento dentro do teto de gastos.
Entre ruídos e expectativas, o dólar à vista terminou o dia em queda de 1,02%, R$ 5,3854. Mas, na semana, o saldo foi negativo. A moeda americana valorizou 0,21%. No ano, a alta já é de 3,79%.
O aumento da tensão com relação à Petrobras e o andamento das reformas no Congresso se refletiram também no mercado de juros futuros, que tiveram mais um dia de alta. Confira as principais taxas no fechamento::
- Janeiro/2022: de 3,41% para 3,44%
- Janeiro/2023: de 5,04% para 5,13%
- Janeiro/2025: de 6,58% para 6,68%
- Janeiro/2027: de 7,23% para 7,33%
Saldo final
Toda essa conversa em torno dos estímulos e os dados mistos das principais economias do mundo deram um fôlego extra para as bolsas internacionais, mas nada que fosse muito além disso.
As bolsas asiáticas fecharam mistas, sem uma direção definida, ainda em um movimento de ajuste, depois de voltar de uma pausa de quase uma semana.
Na Europa, o saldo final do dia foi positivo. Enquanto isso, nos EUA, as bolsas fecharam mistas. O Nasdaq fechou em alta de 0,07%. O S&P destoou, em queda de 0,18%. Já o Dow Jones encerrou a semana estável, após renovar duas vezes o seu recorde de fechamento.
Final round?
Em sua tradicional live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro mostrou o seu descontentamento com as ações recentes da Petrobras. Ontem, a companhia anunciou um reajuste no preço do óleo diesel e da gasolina, o que pode desagradar uma base de apoio importante para o presidente - os caminhoneiros.
O presidente reagiu a uma fala do chefe da estatal, Roberto Castello Branco, que disse que a companhia não tem nada com os caminhoneiros, afirmando que haverá consequências e que "alguma coisa" irá acontecer nos próximos dias na estatal. O alerta para a interferência em uma das principais empresas do país foi mais uma vez ligado e preocupa imensamente o mercado.
Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ressalta que as falas de Bolsonaro não só trazem incerteza sobre uma possível mudança de governança na estatal, mas também para o cenário fiscal.
O presidente da República também anunciou que irá zerar os tributos federais que incidem no preço do diesel, com duração de dois meses, e sobre o gás de cozinha, de forma permanente. Segundo Bolsonaro, a ação tem a “bênção” da equipe econômica e do ministro Paulo Guedes.
No entanto, a declaração causa estranheza no mercado devido à situação fiscal do país. Até agora, a equipe econômica não se pronunciou sobre o anúncio. O Ibovespa até ensaiou uma recuperação com a melhora em Nova York, mas o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a estatal com possíveis "consequências".
Durante um evento, em Pernambuco, o presidente disse que não irá interferir na política de preços da companhia, mas pediu que os reajustes sejam previsíveis. De acordo com o presidente. "O povo não pode ser surpreendido com certos reajustes. Faça-os, mas com previsibilidade, é isso que nós queremos”.
Galhardo, da Treviso Câmbio, aponta que embora o presidente busque uma solução sem interferir de fato na companhia, o movimento assusta o mercado.
Para azar da Petrobras, o dia também foi de queda forte do petróleo no mercado internacional. O Brent, utilizado como referência pela política de preços da empresa, recuou 1,60%, a US$ 62,91 o barril.
Na semana que vem, vale ficar de olho na reunião do conselho da estatal, na terça-feira, que decide sobre mais um mandato de dois anos para o atual presidente da companhia. No começo da noite, a Petrobras informou oficialmente ter recebido o ofício do Ministério de Minas e Energia, convocando uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para substituir o atual presidente.
Compasso de espera
O desenrolar das pautas no Congresso foram uma grande preocupação do mercado ao longo da semana. Ainda que as decisões sobre o auxílio emergencial já tivessem sido deixadas para depois do Carnaval, o mercado não botava fé que uma solução fosse surgir já na Quarta-feira de Cinzas.
Mas a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL) veio trazer mais incerteza ao cenário, já que, por ele ter imunidade parlamentar, o caso deve passar pela Câmara. O temor dos agentes financeiros com a situação foi de um atraso no cronograma das reformas e das decisões importantes que estão pendentes. A sessão que julga o tema ainda está em andamento.
Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que o fato não deve atrasar o cronograma do Legislativo, mas os investidores desconfiam que a questão possa sim interferir no andamento das pautas econômicas.
O ministro Paulo Guedes e os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, chegaram a se reunir para discutir o andamento das questões. Após o encontro, os três se pronunciaram.
Pacheco garantiu que a PEC Emergencial, que deve permitir a retomada do auxílio emergencial dentro do teto de gasto com a inclusão de uma "cláusula de guerra", será pautada na semana que vem, com a votação esperada para ocorrer na próxima quinta-feira (25).
Já Lira afirmou que os trabalhos nas duas casas não serão paralisados com a prisão de Silveira. A apresentação do parecer da PEC Emergencial, apresentado por Bittar hoje, traz otimismo para o cenário.
Sobe e desce
Tanto as ações ordinárias como as preferenciais da Petrobras aparecem entre as maiores quedas do dia. O IRB aparece na sequência, repercutindo os números do quarto trimestre. Confira os principais destaques negativos:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 27,10 | -7,92% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 27,33 | -6,63% |
IRBR3 | IRB ON | R$ 6,39 | -3,91% |
RAIL3 | Rumo ON | R$ 19,57 | -3,60% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 14,00 | -3,38% |
A B2W, que ontem figurou entre as maiores quedas do dia, é o principal destaque positivo. Com a vacinação ainda engatinhando no país e a situação do coronavírus se prolongando, as ações de e-commerce voltam a ganhar força, ainda que a Via Varejo figure entre as maiores quedas.
Além disso, circulavam pelo mercado informações de que a companhia estuda uma fusão com as Lojas Americanas, fato confirmado pelas empresas após o fechamento das negociações, mas os valores não foram informados.
Confira também as maiores altas do índice nesta sexta-feira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BTOW3 | B2W ON | R$ 88,65 | 6,81% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 43,70 | 3,31% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 88,95 | 3,26% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 35,26 | 3,22% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 11,62 | 2,83% |
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos
A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos