O presidente Jair Bolsonaro anunciou, via redes sociais, que o governo federal decidiu indicar o general e ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, para assumir a presidência da Petrobras e um assento no conselho de administração da estatal. A decisão final sobre a troca no comando da estatal cabe, no entanto, ao conselho.
Bolsonaro divulgou a indicação do nome de Silva e Luna para o cargo antes da nota oficial do Ministério de Minas e Energia ser divulgada. "O governo decidiu indicar o Senhor JOAQUIM SILVA E LUNA para cumprir uma nova Missão, como Conselheiro de Administração e Presidente da Petrobras, após o encerramento do Ciclo, superior a dois anos, do atual Presidente, Senhor ROBERTO CASTELLO BRANCO", diz a nota.
O mandato do atual presidente, Roberto Castello Branco, se encerra em março, mas ele poderia ser reconduzido ao comando da empresa. Hoje, mais cedo, o conselheiro Marcelo Mesquita havia inclusive afirmado ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão, que não havia motivos para trocar o CEO da estatal e que todos do conselho "gostam muito" de Castello Branco e apoiam o que ele vem fazendo na companhia. O administrador entrou na mira de Bolsonaro após declarar que não guiaria decisões da Petrobras sobre o preço de combustíveis com base em manifestações contrárias de caminhoneiros.
A Petrobras confirmou no início da noite que recebeu o ofício do Ministério das Minas e Energia com a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para discutir a substituição. Você pode conferir o documento na íntegra neste link.
Ontem, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente criticou duramente o reajuste anunciado pela empresa aos preços de combustíveis e afirmou que "alguma coisa" ocorreria nos próximos dias, sem entrar em detalhes.
Ele ainda fez uma ameaça indireta ao presidente da Petrobras ao citar que o comandante da estatal disse não ter "nada a ver com os caminhoneiros". Segundo o chefe do Executivo, isso teria "uma consequência, obviamente". Hoje, em evento em Sertânia (PE), Bolsonaro confirmou que haveria mudanças na petrolífera.
"Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa na sua política de preço, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes", declarou mais cedo.
A indicação do nome de Silva e Luna precisa, no entanto, ter aprovação do conselho de administração da Petrobras. Bolsonaro não tem poder formal para demitir Castello Branco. A decisão cabe ao conselho, formado por membros indicados pelo governo, mas que atuam com independência. O conselho deve se reunir na terça-feira e deve discutir a troca. O governo, porém, tem maioria no colegiado de 11 membros.
Quem é Joaquim Silva e Luna
Com 71 anos, Luna é general do Exército Brasileiro e foi Ministro da Defesa entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019. Serviu no ministério nos últimos cinco anos. Antes de ser ministro, foi Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto e Secretário-Geral.
Nos seus 12 anos como Oficial General da ativa, foi comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé, Amazonas, de 2002 a 2004. Foi chefe do Estado-Maior do Exército de 2011 a 2014 e comandou várias Companhias de Engenharia de Construção na Amazônia.
Luna tem pós-graduação em Política, Estratégia e Alta Administração do Exército, em curso realizado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (1998); e Doutorado em Ciências Militares, realizado na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (1987/88), entre outros cursos.
No exterior, foi membro da Missão Militar Brasileira de Instrução e Assessor de Engenharia na República do Paraguai, de 1992 a 1994; e adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico no Estado de Israel, de 1999 a 2001.
*Com Estadão Conteúdo.