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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Deu ruim

Após suspensão de um dia inteiro, Tesouro Direto se mostra ineficiente para reserva de emergência

Tesouro Direto permaneceu fechado ontem, impedindo resgates até de quem usa a plataforma para investir a reserva de emergência; conheça alternativas

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
13 de março de 2020
7:59 - atualizado às 11:00
Bombeiro combate incêndio
Investidores do Tesouro Direto não puderam sequer resgatar seus títulos nesta quinta. Imagem: Shutterstock

Embora o mercado de títulos públicos tenha funcionado normalmente na última quinta-feira (12), o Tesouro Direto - plataforma on-line de negociação de títulos públicos para a pessoa física - permaneceu fechado o dia inteiro.

O motivo foi a forte volatilidade no mercado de juros futuros, que levou as taxas dos títulos lá para cima. Em momentos de grande oscilação nas taxas, é normal que o Tesouro Direto suspenda as negociações ou adie a abertura. Contudo, geralmente a suspensão não dura o dia inteiro.

Ontem, porém, foi um dia atípico. A aversão a risco no mundo estava muito forte, o dólar disparou e o risco-país foi lá para cima. O pânico no mercado de juros esteve muito relacionado a fatores políticos internos, mas esta foi apenas a gota d'água em um copo que já estava prestes a transbordar. Em todos os segmentos do mercado financeiro, o avanço do surto de coronavírus combinado com o choque do petróleo instaurou o caos.

Assim, durante todo o período de funcionamento do Tesouro Direto - das 9h30 às 18h -, o mercado esteve "em manutenção" ou "suspenso", e não foi possível comprar nem vender títulos públicos.

A questão é que o mercado secundário - onde operam os fundos e instituições financeiras - estava funcionando. Como resultado, o pequeno investidor que compra e vende títulos via Tesouro Direto ficou sem acesso aos seus recursos, pois não podia pedir resgates, enquanto que aqueles que são cotistas de fundos de renda fixa puderam solicitar seus resgates e acessar seu dinheiro normalmente.

Da mesma maneira, quem pretendia comprar títulos ontem, não conseguiu, por exemplo, aproveitar o fato de que as taxas dos títulos prefixados e atrelados à inflação deram um salto, tornando-se muito mais atrativas para quem fosse fazer novos aportes.

Mas até aí, tudo bem, o Tesouro Direto foi feito para ser um mercado com mais restrições mesmo, fazer o quê. O problema maior, a meu ver, foi o fato de que os investidores que mantêm a reserva de emergência no Tesouro Selic (LFT) ficaram o dia inteiro sem acesso aos seus recursos. Aqueles que precisaram pedir o resgate não conseguiram.

Em contrapartida, quem mantém a reserva de emergência em um fundo Tesouro Selic de taxa zero pôde mexer nos seus recursos normalmente ao longo dia. O mesmo se pode dizer de quem mantém suas reservas na NuConta, a conta de pagamentos do Nubank.

Ou seja, a característica do Tesouro Direto de suspender as negociações em momentos de alta volatilidade acabou revelando um ponto fraco do Tesouro Selic como reserva de emergência: na pior das hipóteses, ela pode ficar inacessível por um tempo prolongado.

O Tesouro Selic via Tesouro Direto já não era assim uma Brastemp…

A compra de Tesouro Selic via Tesouro Direto já não era a minha forma preferida de aplicar os recursos da reserva de emergência, como eu já havia falado nesta matéria.

De fato, o Tesouro Selic é o ativo mais seguro da economia brasileira, sendo indicado para esta finalidade. Ele tem liquidez diária, baixo custo, garantia do governo federal, baixa volatilidade e pode ser resgatado a qualquer momento sem perdas.

Sua remuneração segue a taxa básica de juros e é diária, permitindo-lhe superar a caderneta de poupança em quase qualquer prazo, mesmo com a cobrança de imposto de renda.

Porém, hoje em dia há formas melhores de investir nesse tipo de título do que pela compra via Tesouro Direto. Os fundos Tesouro Selic de taxa zero, surgidos no ano passado, são imbatíveis nesse sentido.

Eles são fundos de renda fixa que aplicam exclusivamente nesse tipo de ativo e que não cobram taxa alguma, enquanto a compra via Tesouro Direto está sujeita a uma taxa obrigatória de 0,25% ao ano, paga à bolsa pela custódia do título.

Além disso, existe um spread (diferença) entre a taxa de compra e a de venda desse papel no Tesouro Direto, o que faz com que o investidor pague uma espécie de “pedágio” ao vendê-lo antes do vencimento. Isso reduz a sua rentabilidade líquida.

No entanto, não existe esse problema nos fundos de taxa zero, que costumam render bem perto de 100% do CDI. E mesmo a existência de come-cotas, a tributação semestral dos fundos de investimento, tem impacto muito pequeno nos rendimentos do fundos, insuficiente para tirar-lhes a vantagem frente ao Tesouro Direto.

Finalmente, ao vender um título no Tesouro Direto, o dinheiro só fica disponível na sua conta no dia seguinte. Já nos fundos Tesouro Selic, a liquidação ocorre em D+0, isto é, o investidor tem acesso aos recursos no mesmo dia da solicitação de resgate (desde que ela ocorra dentro do horário de operação estipulado pelo fundo).

A suspensão do Tesouro Direto por um dia inteiro por conta de alta volatilidade só fez a balança pender um pouco mais para o lado dos fundos de taxa zero, quando se leva em consideração que, para abrigar a sua reserva de emergência, o investimento não pode ficar inacessível.

E a NuConta? Bem, a NuConta e outras contas de pagamento que investem os recursos depositados em Tesouro Selic, remunerando 100% do CDI, têm as mesmas vantagens dos fundos de taxa zero: não cobram taxa, têm liquidez imediata, não têm spread e não são afetadas pelas suspensões que afetam o Tesouro Direto.

A única desvantagem, a meu ver, é o fato de que, embora os recursos dos clientes fiquem expostos unicamente ao risco do governo federal, não sabemos ainda se eles poderiam ficar inacessíveis caso as instituições financeiras mantenedoras das contas passem por problemas como uma intervenção ou liquidação.

No caso das contas de pagamento, os recursos dos clientes estão a salvo, pois não se misturam ao patrimônio da instituição financeira, da mesma forma que acontece com os recursos alocados nos fundos de investimento.

Porém, caso a instituição financeira quebre, pode ser que os clientes não consigam, ainda assim, movimentar seus recursos por algum tempo.

De todo modo, contas de pagamento remuneradas, como a NuConta, podem ser boas pedidas para você manter aquelas reservas que serão utilizadas para aproveitar oportunidades no mercado financeiro. Aquele caixa que você vai usar para investir em momentos oportunos.

O cara que quis sacar seu Tesouro Selic ontem para, de repente, aproveitar alguma oportunidade no mercado em queda não conseguiu. Se o fizer nesta sexta-feira, só terá acesso aos recursos na segunda. Agora, o investidor que resgatou seu fundo de taxa zero ou a sua NuConta ontem, teve acesso aos recursos na hora.

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