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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Taxas gordas

Com risco fiscal, retorno de 6% + IPCA volta a ser comum entre títulos Tesouro IPCA+ de longo prazo

Todos os vencimentos de títulos públicos Tesouro IPCA+ a partir de 2035 já voltaram a pagar a rentabilidade “mágica” desse tipo de ativo

Cédulas de dinheiro
Títulos longos ainda têm risco alto, mas momento pode ser bom para compra, para quem tem visão de longo prazo. Imagem: Pexels

A "mágica" rentabilidade de 6% ao ano + IPCA voltou ao Tesouro Direto na semana passada, quando o título mais longo oferecido pela plataforma, o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 chegou a pagar pouco acima dessa remuneração num dado momento do dia 28 de junho.

Com o passar dos dias e o avanço da PEC das bondades no Congresso, que prevê um furo de cerca de R$ 40 bilhões no teto de gastos, o risco fiscal brasileiro atingiu outro patamar, e agora todos os títulos atrelados à inflação de longo prazo oferecidos para compra no Tesouro Direto já estão pagando na faixa de 6% mais IPCA.

Na tarde desta quarta-feira (06), os títulos Tesouro IPCA+ (NTN-Principal) com vencimentos em 2035 e 2045, que não pagam juros semestrais, estão remunerando 6,01% ao ano acima do IPCA para quem os adquirir hoje. Esta é a mesma rentabilidade oferecida pelo Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) com vencimento em 2040.

O já citado Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055, porém, está pagando 6,10% ao ano + IPCA. Com um prazo um pouco mais curto, o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 está remunerando pouco menos de 6% ao ano + IPCA - 5,92% acima da inflação, para ser mais exata.

6% acima da inflação é uma boa rentabilidade para o Tesouro IPCA+

Remunerações acima de 6% ao ano + IPCA, nesse tipo de título, são historicamente elevadas e consideradas, em geral, bons pontos de compra para esses papéis.

A última vez que as NTN-Bs pagaram esse tipo de retorno foi na crise econômica que atingiu o país entre 2014 e 2016, levando a taxa Selic a 14,25% ao ano e fazendo os juros longos dispararem.

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Os juros futuros de longo prazo sobem quando há preocupações do mercado acerca do risco-país. Medidas que pressionem a saúde das contas públicas - como os recentes cortes de impostos sobre combustíveis e energia e agora a PEC que prevê gastos maiores com auxílios sociais em pleno ano eleitoral - aumentam essa percepção de risco.

Para quem tem objetivos de longo prazo, é interessante garantir remunerações nesses patamares e proteção contra a inflação em títulos públicos, que contam com o menor risco de calote da nossa economia. No caso dos títulos que pagam juros semestrais, eles são interessantes também para quem busca investimentos geradores de renda.

Volatilidade do Tesouro IPCA+ é alta

Porém, é preciso manter em mente que títulos indexados à inflação são voláteis e que seus preços podem subir ou cair de acordo com as perspectivas para as taxas de juros. Não é o tipo de investimento de renda fixa que só se valoriza. Os preços aumentam quando os juros futuros sobem, e reduzem quando os juros futuros caem.

Para quem fica com o título até o vencimento, não há problema. O investidor recebe exatamente a rentabilidade contratada no ato da compra. Mas na venda antecipada, pode haver perdas ou ganhos abaixo do esperado - assim com altas acima do esperado também.

Além disso, quanto mais longo o prazo do título, maior a sua volatilidade. Assim, mesmo para quem pretende levar o papel ao vencimento, é preciso ter estômago para aguentar as oscilações na carteira.

Na matéria que eu publiquei hoje sobre onde investir na renda fixa em 2022, as opiniões dos gestores acerca das NTN-Bs longas divergiram. Dois deles acham que comprá-las agora ainda é muito arriscado. Mas os outros dois acham que o investidor já pode começar a comprar aos poucos, garantindo, para o longo prazo, essas gordas taxas acima de 6% mais inflação. Confira a reportagem na íntegra aqui.

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