🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduanda em comunicação digital de business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para contato, enviar no e-mail beatriz.azevedo@seudinheiro.com.

TRÊS ANOS DE PRIVATIZAÇÃO

A Eletrobras não deu sorte: quem são os culpados pelo desempenho “xoxo” de ELET3 passados três anos da privatização?

Três anos depois da privatização, as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) estão praticamente no zero a zero. O que explica o desempenho e o que esperar agora?

Bia Azevedo
Bia Azevedo
10 de junho de 2025
6:01 - atualizado às 12:13

Se a Eletrobras (ELET3) fosse uma pessoa, imagino que o dia 14 de junho de 2022 teria sido um daqueles nos quais a gente promete que, a partir dali, tudo vai mudar.

Enquanto para nós esse momento geralmente vem acompanhado de um novo projeto — dieta, início na academia ou emprego melhor — para a Eletrobras seria a concretização de um sonho antigo: a privatização.

O ânimo era grande. Gestores e analistas apontavam para uma valorização de até 50%, com preços-alvo chegando a R$ 60 para os papéis ordinários da companhia, ELET3, os emitidos na oferta que reduziu a participação da União para menos da metade.

Mas assim como acontece com a gente depois de uns dias de determinação otimista, a realidade foi se provando mais complexa do que os planos alegres. Com isso, os papéis da Eletrobras perderam o ímpeto. 

Três anos depois, as ações ordinárias encerraram o pregão da última sexta-feira (6) a R$ 41,31. Ou seja, praticamente no zero a zero em relação à privatização, quando os papéis foram precificados a R$ 42. 

Resta saber: o que impediu que a empresa realizasse os sonhos mais otimistas dos investidores? E mais importante: ainda existe essa esperança? 

Leia Também

Para responder essas perguntas, o Seu Dinheiro conversou com Hugo Cabral, analista da Nord Investimentos; José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School; Rafael Passos, analista da Ajax Asset Management e Ruy Hungria, analista da Empiricus.

O que afetou os papéis da Eletrobras nos últimos três anos

Os especialistas são unânimes em dizer que esse desempenho não é culpa da empresa. O que podia ser feito, a Eletrobras fez. Os reais vilões por trás da performance ‘xoxa’ são: governo e clima

Comecemos por destrinchar o primeiro. 

Desde a posse do presidente Lula, em janeiro de 2023, a privatização da elétrica foi constante alvo de críticas, alimentando a tensão entre investidores e o mercado.

O presidente não se conformava com o fato de que, mesmo detendo mais de 40% do capital da Eletrobras, a União tivesse seu poder de voto limitado a apenas 10% — uma trava imposta pelas regras da desestatização.

Em meio às críticas, o governo pressionava para que a Eletrobras honrasse um acordo firmado em 2022 com a Eletronuclear para investir na construção da usina nuclear Angra 3, uma obra que se arrasta desde a década de 1980. 

O Planalto vê o projeto como estratégico para a matriz energética nacional, mas o investimento bilionário era avaliado como um passivo pesado demais para a empresa — e causava calafrios no mercado.

Isso virou uma disputa que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e a conclusão chegou no final de fevereiro, depois de um ano de negociações. 

O acordo selado garantiu à União três assentos fixos no conselho de administração da Eletrobras, além de participação no conselho fiscal.  Em troca, o governo se comprometeu a não questionar mais o limite de 10% no poder de voto, e a empresa deixou de ter obrigação de aportar recursos em Angra 3.

Desde a solução do imbróglio, as ações ELET3 subiram cerca de 9,5% na bolsa de valores. 

“Essa solução foi um dos principais gatilhos que ajudaram a retirar a pressão sobre o papel. No fim das contas, esse lado político estava pesando bastante”, explica Rafael Passos.

O clima pesou

A empresa também deu azar. A questão climática pesou. 

Um dos grandes entraves que prejudicaram os resultados da Eletrobras nos últimos anos começou no governo Dilma, com a Medida Provisória 579, que obrigou a companhia a vender energia a preço de custo — o chamado sistema de cotas.

Na prática, a Eletrobras tinha que comercializar energia por valores abaixo dos praticados no mercado. Essa limitação comprometeu a rentabilidade da companhia por um longo período.

Durante o processo de privatização, foi desenhado um mecanismo para corrigir esse desequilíbrio: parte dos recursos levantados na operação seria usada para liberar as usinas do modelo de cotas, permitindo que a energia produzida fosse vendida a preços de mercado.

A expectativa era de que, uma vez livre para negociar sua energia, a Eletrobras aumentaria significativamente sua geração de caixa. Mas o timing foi um problema — e dos grandes.

Antes da privatização, o Brasil vinha de uma crise hídrica, com preços elevados no setor elétrico. O cenário era favorável. Mas, logo após a desestatização, tudo mudou.

O país registrou uma sequência de anos com muita chuva, o que elevou os níveis dos reservatórios e derrubou os preços da energia.

Além disso, o Brasil vivia um ‘boom’ de fontes renováveis. Incentivos do governo estimularam a construção de usinas solares, parques eólicos e fazendas fotovoltaicas. Ou seja, o mercado foi inundado com oferta. 

Isso fez com que os preços da energia despencassem justamente quando a Eletrobras passou a ter liberdade para vender a preço de mercado. 

Houve momentos em que a companhia teve que vender energia até abaixo dos preços de custo.

“Então, isso foi um dos fatores que pesaram muito, mas está totalmente fora do controle da companhia”, destaca Ruy Hungria.

O que mais afetou o desempenho

Os especialistas também apontam para o cenário fiscal do país. A explicação é que, com tantos ruídos fiscais, as curvas de juros abriram demais, em especial desde o ano passado. 

“Até o fim de 2023, o mercado chegou a precificar um cenário quase interminável de alta da taxa básica, com a curva de juros futura rondando os 17%. Esse movimento impacta diretamente as decisões de alocação dos investidores, e o setor de utilities sente isso de forma mais intensa”, explica Passos, da Ajax.

Isso porque — por terem um fluxo de caixa futuro mais previsível, demanda estável mesmo em períodos de crise e contratos atrelados ao IPCA —, esses papéis são comparados a títulos públicos (bond proxies).

Quando a curva de juros se abre, essas ações tendem a sofrer: o investidor passa a exigir um retorno maior para correr o risco de estar na renda variável. Na prática, isso significa que os papéis se desvalorizam para que a taxa interna de retorno (TIR) volte a oferecer um spread competitivo em relação aos títulos de dívida.

ELET3 versus ELET6

Se as ações ordinárias da Eletrobras andaram de lado desde a privatização, as preferenciais, ELET6, contam outra história — e podem antecipar o que está por vir, diante do crescente otimismo em relação ao futuro da companhia, como explico a seguir.

Os papéis ELET6 registraram uma valorização de mais de 23% no mesmo intervalo. Rafael Passos explica o que está por trás dessa diferença: “A meu ver, o principal fator aqui foi o ruído político envolvendo o governo”, disse ele.

Isso porque, quando surgem sinais de uma possível interferência maior do governo na gestão da Eletrobras, quem tende a ser mais impactado são os acionistas das ordinárias (ELET3), já que esses papéis dão direito a voto — e, portanto, estão mais expostos às decisões políticas dentro do conselho da empresa.

Como o controlador pode tomar decisões que nem sempre priorizam a geração de valor para o acionista, o risco político é mais sentido por quem está “à mesa”.

Diante desse cenário, é natural que muitos investidores migrem para as ações preferenciais (ELET6), que não oferecem direito a voto, mas garantem prioridade no recebimento de dividendos. Ou seja, o foco passa a ser a remuneração, com menor exposição ao risco político.

Por isso, esse movimento de valorização maior das preferenciais parece estar diretamente ligado ao aumento do ruído político e à tentativa dos investidores de reduzir esse tipo de risco na carteira.

E agora, o que esperar da Eletrobras?

No geral, os especialistas estão otimistas sobre o futuro da empresa e acreditam que o pior já passou. A visão é de que a Eletrobras vem mostrando sinais consistentes de melhora no lado operacional.

Nos últimos trimestres, a companhia tem apresentado ganhos de eficiência — com destaque para a redução de custos e despesas administrativas. Para os analistas, essa racionalização se reflete diretamente no balanço, indicando uma gestão mais enxuta e focada em rentabilidade.

A evolução também pode ser vista na gestão de passivos. “A cada trimestre, a empresa tem reduzido dívidas na casa dos R$ 200 milhões a R$ 400 milhões, um esforço contínuo para reforçar sua estrutura de capital”, explica Passos.

Para ele, esses avanços são consequência direta da privatização. “Agora, sob controle privado, a companhia tem mais agilidade nas decisões. A ausência da obrigatoriedade de licitações permite negociar diretamente com fornecedores e fazer ajustes contratuais de forma mais eficiente”, ressalta o analista.

A gestão da dívida também está sendo revista com foco em uma melhor alocação de capital, por meio de reperfilamento e renegociação dos vencimentos.

Sobre os preços da energia, Hungria espera uma recuperação.

“Desde a privatização, a Eletrobras tem reforçado sua área de comercialização com o objetivo de melhorar a gestão do portfólio e identificar oportunidades mais rentáveis de venda de energia", diz o analista.

Para ele, embora o ambiente de preços baixos nos últimos anos tenha limitado o potencial de receita, a companhia vem se preparando para aproveitar o momento em que o cenário voltar a ser mais favorável — algo que já começa a se desenhar. 

Os subsídios para a expansão das energias renováveis já não têm mais o mesmo espaço no orçamento público. Além disso, o próprio sistema elétrico começa a sentir os efeitos da instabilidade gerada por essas fontes.

Mas o risco político ainda paira. Para o professor Coelho Filho, 2026 pode não ser um ano fácil para a empresa, graças às eleições presidenciais. Isso porque, apesar do acordo selado, a União segue como acionista relevante da companhia.

Recomendações para a ação

Os analistas desta reportagem recomendam a compra dos papéis. Abaixo, listamos as recomendações dos grandes bancos aos quais o Seu Dinheiro teve acesso: 

InstituiçãoTickerRecomendaçãoPreço‑alvo
BofAELET3CompraR$ 53
CitiELET3/ELET6CompraR$ 54
BTG PactualELET3CompraR$ 58
BB InvestimentosELET3CompraR$ 43,18
XP InvestimentosELET3CompraR$ 50

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
IMPACTO E RENTABILIDADE

“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática

13 de junho de 2025 - 8:54

Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas

ALÔ, ACIONISTAS

Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber

12 de junho de 2025 - 19:12

A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio

VOO COM HORA MARCADA

Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder

12 de junho de 2025 - 16:50

A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior

MAIS IMPOSTOS

Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo

12 de junho de 2025 - 16:24

Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor

BOM OU RUIM

Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem

12 de junho de 2025 - 16:03

O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?

OS ACIONISTAS ESTÃO DE OLHO

O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%

12 de junho de 2025 - 14:29

A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional

DESFEZ O MATCH?

Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento

12 de junho de 2025 - 7:32

Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real

REPORTAGEM ESPECIAL

Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar

12 de junho de 2025 - 6:07

Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital

FECHANDO CAPITAL

Despedida da Wilson Sons (PORT3) da bolsa: controladora registra OPA; veja valor por ação

11 de junho de 2025 - 19:44

Os acionistas que detém pelo menos 10% das ações em circulação têm 15 dias para requerer a realização de nova avaliação sobre o preço da OPA

TEM POTENCIAL

A Vamos (VAMO3) está barata demais? Por que Itaú BBA ignora o pessimismo do mercado e prevê 50% de valorização nas ações

11 de junho de 2025 - 18:01

Após um evento com os executivos, os analistas do banco reviram suas premissas e projetam crescimento de lucro para 2025 e 2026

NA BOCA DO POVO

A notícia que derruba a Braskem (BRKM5) hoje e coloca as ações da petroquímica entre as maiores baixas do Ibovespa

11 de junho de 2025 - 16:21

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o empresário Nelson Tanure falaram sobre o futuro da companhia e preocuparam os investidores

“ACUSAÇÕES SÉRIAS DEMAIS”

T4F (SHOW3) propõe pagar R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre trabalho análogo à escravidão no Lollapalooza, mas CVM rejeita

11 de junho de 2025 - 10:47

Em 2023, uma fiscalização identificou que cinco funcionários da Yellow Stripe, contratada da T4F para o festival, estavam dormindo no local em colchonetes de papelão

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Em meio ao ânimo com o Minha Casa Minha Vida, CEO da Direcional (DIRR3) fala o que falta para apostar mais pesado na Faixa 4

11 de junho de 2025 - 6:01

O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, expectativas para a empresa, a Riva, os principais desafios para a companhia e o cenário macro

UM DIA APÓS O REBAIXAMENTO

Petrobras (PETR4) respira: ações resistem à queda do petróleo e seguem entre as maiores altas do Ibovespa hoje

10 de junho de 2025 - 16:30

No dia anterior, a estatal foi rebaixada por grandes bancos, que estão de olho das perspectivas para os preços das commodity

MAIS OU MENOS

AgroGalaxy (AGXY3) reduz prejuízo no 1T25, mas receita despenca 80% em meio à recuperação judicial

10 de junho de 2025 - 16:02

Tombo no faturamento decorre do cancelamento da carteira de pedidos da safrinha de milho, tradicionalmente o principal negócio do período para distribuidoras de insumos agrícolas

RESPONSABILIZAÇÃO INTERNACIONAL

Vale (VALE3) e Samarco enfrentam mais uma ação judicial pelo rompimento da barragem de Mariana, desta vez na Holanda

10 de junho de 2025 - 15:32

Ação na justiça holandesa foi impetrada contra as subsidiárias das mineradoras no país europeu; primeira audiência será em 14 de julho

CENÁRIO FISCAL

CEO do BTG Pactual critica aumento de impostos no pacote fiscal de Haddad: ‘Mais areia na engrenagem do Brasil’

10 de junho de 2025 - 15:12

Em painel durante evento do mercado financeiro, Roberto Sallouti alerta para os riscos da decisão do governo de aumentar impostos em vez de cortar gastos

TIROU FOLGA?

ChatGPT apresenta instabilidade generalizada desde a madrugada desta terça-feira (10); entenda

10 de junho de 2025 - 13:38

Os produtos da OpenAI estão apresentando falhas tanto pelo site quanto pelo aplicativo móvel do chatbot

HORA DE FUGIR

GOL (GOLL4): por que nem o fim da recuperação judicial convence o BTG Pactual? Banco ainda recomenda a venda das ações

10 de junho de 2025 - 11:11

Empresa enfrentará um aumento de capital que diluirá significativamente os atuais acionistas, e a Abra passará a deter 80% da Gol

ENTENDA

Com ações dobrando de valor, Tenda (TEND3) levanta R$ 43 milhões com liquidação derivativos e aprova recompra

10 de junho de 2025 - 9:33

A empresa afirma que o movimento de liquidação dos derivativos reduz chance de diluição dos acionistas e surfa bom momento para os papéis na bolsa

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar