Depois de várias ameaças e muitas idas e vindas, o bilionário Elon Musk rescindiu oficialmente o acordo para a aquisição do Twitter (TWTR34) por US$ 44 bilhões.
A notícia foi dada em um documento enviado à Securities and Exchange Comission (SEC) - semelhante à CVM brasileira - nesta sexta-feira após o fechamento do mercado. Mas, ainda assim, fez um estrago nas ações da rede social: por volta das 19h30, os papéis recuavam 6%, a US$ 34,60, nas negociações after hours em Nova York.
Segundo a carta, que foi emitida pelo escritório de advocacia que representa o bilionário, o negócio subiu no telhado porque o Twitter violou o acordo ao "parecer ter feito declarações falsas e enganosas nas quais o Sr. Musk se baseou ao celebrar o contrato".
A queixa é que a empresa dona da rede social se recusou ou falhou em fornecer informações solicitadas pelo dono da Tesla. Vale relembrar que uma das principais reclamações de Musk era justamente sobre a resistência do Twitter em informar o número de usuários de contas falsas ou “spam” na plataforma.
"Musk e seus consultores financeiros têm solicitado informações críticas do Twitter desde 9 de maio de 2022 - e repetidamente desde então. Às vezes, o Twitter ignorou os pedidos, às vezes os rejeitou por motivos que parecem injustificados e, às vezes, afirmou cumprir ao fornecer informações incompletas ou inutilizáveis."
Conselho do Twitter promete medidas legais contra Elon Musk
Pouco após a publicação da carta de Elon Musk, o presidente do conselho de administração do Twitter, Bret Taylor, usou a própria rede social para dizer que a empresa está comprometida a fechar a transação nos termos acordados com o bilionário.
Taylor também garantiu que a companhia planeja entrar com ações legais para fazer cumprir o acordo de fusão. "Estamos confiantes de que venceremos na Corte de Chancelaria de Delaware", diz o post, citando o tribunal norte-americano que é referência para disputas entre empresas.
Relembre a conturbada história entre o Twitter e Musk
A história de Elon Musk e o Twitter começou, efetivamente, em 1º de abril quando o CEO da Tesla comprou uma fatia de 9% da rede social. 25 dias depois, o bilionário propôs a compra total da plataforma a US$ 54,20 por ação — cerca de 38% acima dos valor dos papéis da aquisição inicial.
No dia do anúncio, as ações do Twitter em Nova York valorizaram 6% e as BDRs subiram mais de 10% na B3. Na mesma semana, o bilionário vendeu o equivalente a US$ 4 bilhões em ações da Tesla (TSLA34) para pagar a aquisição.
O valor foi somado a sua fortuna, da qual US$ 21 bilhões seriam destinados ao Twitter. O restante seria captado em instituições financeiras — Musk contou com a “ajuda” de US$ 1,9 bilhão do príncipe saudita Alwaleed bin Talal.
Mas, os bons momentos entre Musk e o conselho do Twitter duraram pouco. Em maio o bilionário já havia suspendido o acordo de aquisição também alegando falta de informações sobre o número de contas falsas ou spams na plataforma.
Em contrapartida, os acionistas da rede social entraram com ação contra Musk por conta das oscilações dos preços dos papéis à medida que as manifestações do bilionário envolviam a plataforma.
Os acionistas, então, acusaram o CEO da Tesla de se beneficiar financeiramente com a polêmica da suspensão do acordo, além de violar leis corporativas da Califórnia.
No início de junho, Musk se comprometeu a investir mais de sua fortuna para financiar o acordo avaliado em US$$ 44 bilhões. Ele decidiu incluir US$ 33,5 bilhões em ações no plano e desistiu de utilizar um empréstimo de margem garantida por papéis da Tesla.