Com a compra do Twitter fechada no final de abril, Elon Musk mostrou que suas habilidades de negociação estão em dia. A empresa tentou resistir e chegou a adotar a chamada pílula de veneno (poison pill) para impedir que o bilionário aumentasse sua participação, mas não teve jeito.
Os executivos da rede social mudaram de posição depois que seus papéis desabaram e o dono da Tesla disse que tinha garantido US$ 46,5 bilhões em financiamento. O que muita gente não sabe é que, para assegurar o cifra, Musk também precisou usar todo seu poder de convecimento com outra figura: o príncipe Alwaleed bin Talal, da Arábia Saudita.
Um dos acionistas do Twitter, o príncipe é conhecido por seguir os ensinamentos de Warren Buffett quando se trata de investimentos. E, à primeira vista, a oferta de Musk não agradou. Segundo declarou Alwaleed na própria rede social em 14 de abril, a soma oferecida não chegava "nem perto" do valor intrínseco da empresa.
Musk não perdeu tempo: assim que o tweet passou por sua timeline, iniciou os esforços para trazer o aprendiz do Oráculo de Omaha para o seu lado na negociações.
"Interessante. Só duas perguntas, se me permite. Quanto do Twitter o Reino possui, direta e indiretamente? Quais são as opiniões do Reino sobre a liberdade de expressão jornalística?", comentou ele na atualização do príncipe.
Interesting. Just two questions, if I may.
— Elon Musk (@elonmusk) April 14, 2022
How much of Twitter does the Kingdom own, directly & indirectly?
What are the Kingdom’s views on journalistic freedom of speech?
Musk tocou direto na ferida: a Arábia Saudita está no 166º lugar, de 180 no total, no Índice de Liberdade de Imprensa deste ano. O número de jornalistas e blogueiros presos triplicou desde 2017. O príncipe não respondeu a nenhum dos dois questionamentos.
Um príncipe na vida de Elon Musk
Depois disso, não estão claros quais outros argumentos o CEO da Tesla utilizou para convencer o principe saudita. O que se sabe é que, ao invés de seguir na oposição da oferta ou encerrar a posição acionária no Twitter, Alwaleed bin Talal concordou em incluir toda a sua participação de US$ 1,9 bilhão na oferta de Musk.
Além disso, o investidor ainda voltou à rede social para parabenizar publicamente o bilionário pela aquisição. "Ótimo me conectar com você meu "novo" amigo Elon Musk. Acredito que você será um excelente líder para que o Twitter
impulsione e maximize seu grande potencial", declarou.
Great to connect with you my "new" friend @elonmusk🤝🏻
— الوليد بن طلال (@Alwaleed_Talal) May 5, 2022
I believe you will be an excellent leader for @Twitter to propel & maximise its great potential@Kingdom_KHC & I look forward to roll our ~$1.9bn in the “new” @Twitter and join you on this exciting journey
Vale destacar que a soma "emprestada" por ele foi, de longe, a maior na lista de 19 investidores que financiaram a compra de Musk.
O Óraculo de Omaha da Arábia?
Antes de cruzar o caminho de Elon Musk, o príncipe Alwaleed já era conhecido no mundo corporativo. Como um bom aprendiz de Warren Buffett, ele tem sua própria versão da Berkshire Hathaway: a Kingdom Holding Co. A holding está listada em sua terra natal, mas possui participações em companhias fechadas e abertas do mundo todo.
Entre os destaques do portfólio do "Óraculo de Ohama da Arábia" estão o Snapchat, Lyft e a empresa de entretenimento saudita Rotana. E sua história com o Twitter comecou em 2011, quando investiu US$ 300 milhões na companhia dois anos antes da abertura de capital.
A participação do princípe na Kingdom Holding Co chega a 95% e equivale a pouco mais de metade de sua fortuna, que ultrapassa os US$ 16 bilhoes.
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