As bolsas internacionais amanheceram de olho em um novo capítulo da invasão da Ucrânia. De acordo com Volodymyr Zelensky, presidente do país, os russos iniciaram uma ofensiva em Donbass, a leste do país.
Com isso, a volta das negociações nas bolsas da Europa começou o dia no campo negativo. No entanto, a ofensiva em larga escala não foi suficiente para disparar as cotações do petróleo, sensível aos desdobramentos da guerra, por enquanto.
Enquanto isso, na Ásia, os investidores acompanham os estímulos financeiros a empresas e indivíduos afetados pela nova onda de covid-19 na China. Ainda no final do dia, o Banco do Povo da China (PBoC, em inglês) deve divulgar as taxas básicas de referências para empréstimos de 1 a 5 anos, o equivalente à taxa básica de juros por lá.
Os investidores aguardam a divulgação da política monetária com cautela, tendo em vista que os planos de retomada da economia chinesa, com a redução dos juros para estimular as atividades, tenham sido frustrados pela volta do coronavírus.
Por aqui, o Ibovespa segue de olho na greve dos servidores do Banco Central e na participação do Ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em eventos do Fundo Monetário Internacional (FMI) na tarde desta terça-feira (19).
Na sessão da última segunda-feira (18), o principal índice da B3 fechou no menor patamar em 30 dias, com um recuo de 0,43%, aos 115.687,25 pontos. Por sua vez, o dólar à vista caiu 1,02%, sendo negociado em R$ 4,64.
Saiba o que movimenta a bolsa, o dólar e o Ibovespa nesta terça-feira:
Deterioração fiscal, greve e cenário alternativo do BC: os perigos do Ibovespa
O reajuste dos servidores federais ainda não foi definido pelo governo, que busca a aprovação de um aumento linear de 5% para todas as categorias. Contudo, o Orçamento apertado e a insatisfação dos funcionários não deve cessar a greve.
Há três semanas, os servidores do Banco Central cruzaram os braços e permanecem assim desde então. A paralisação das atividades resultou no atraso da divulgação da balança comercial e do Boletim Focus, que traz as perspectivas do mercado para a economia.
E estamos a pouco mais de uma semana da próxima reunião do Copom, que decidirá a taxa básica de juros e o futuro da política monetária brasileira.
Panos quentes na decisão do Copom
Mesmo com o atraso na divulgação do Focus, o BC afirma que os diretores que decidirão sobre a política de juros têm acesso a esses dados.
Em outras palavras, a greve não limitou as informações disponíveis para decidir sobre a política monetária, o que alivia — em partes — o mercado.
O cenário alternativo mais provável
Entretanto, o reajuste dos servidores alimenta o cenário de incerteza fiscal, com um déficit esperado para 2022 na casa dos R$ 25 bilhões. Somado a isso, o “cenário alternativo” do Banco Central, que leva em conta a alta do petróleo no exterior, parece cada vez mais real, o que deve exigir um reajuste da política monetária do BC.
Por fim, a melhora do câmbio não deve ter um impacto tão grande na inflação como se esperava, de acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Dessa forma, o patamar de 12,50% não deve ser o teto da Selic este ano: algumas casas de análise já projetam os juros básicos em 13%.
As incertezas pela frente: bolsas contra a guerra
A guerra entre Rússia e Ucrânia continua a pressionar os índices internacionais. A nova ofensiva de Moscou deve buscar a tomada total do leste do país.
De acordo com a chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, a economia global passa por um momento de “incerteza excepcional”. Além da guerra, ela destaca os lockdowns na China e até mesmo a disparada das commodities e inflação em todo o mundo.
Assim sendo, os investidores permanecem em estado de cautela, no aguardo de novas sanções à Rússia e uma tentativa de paz no extremo-leste da Europa.
Os balanços de Nova York
Enquanto o cessar-fogo entre os dois países permanece como um sonho distante, os investidores ainda precisam acompanhar uma série de balanços do dia.
Nesta terça-feira, Johnson & Johnson, Netflix e IBM divulgam os resultados do primeiro trimestre deste ano. O sentimento geral com os balanços é positivo, de acordo com analistas ouvidos pelo Yahoo Finance e Market Watch, ainda que as bolsas estejam no vermelho pela manhã.
Federal Reserve no radar — mais uma vez
Por último, as falas de dirigentes do Federal Reserve, o Banco Central americano, devem ficar em segundo plano hoje.
Os investidores já esperam uma alta de 50 pontos-base na próxima reunião da autoridade monetária. Por outro lado, o tom mais agressivo (hawkish, no jargão do mercado) contra a inflação pode exigir maiores esforços do Fed para conter a alta de preços.
E por “maiores esforços”, leia-se: uma retirada de estímulos da economia ainda mais intensa e a elevação mais forte dos juros no curto prazo.
Agenda do dia
- Estados Unidos: Diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e presidente do Banco Mundial, David Malpass, participam de reunião de primavera do FMI (12h30)
- Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, participa do Diálogo no Think Tank — Center for Strategic and International Studies (CSIS) hoje (17h30)
- Banco Central: Ministro Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participam de evento fechado em Washington em virtude do encontro do FMI, Banco Mundial e G20 (sem horário específico)
- China: Banco Central da China divulga a taxa básica de juros, as taxas de referência para empréstimos de 1 a 5 anos (sem horário específico)
Balanços do dia
Antes da abertura
- Johnson & Johnson (EUA)
Após o fechamento
- Netflix (EUA)
- IBM (EUA)