Novela do Orçamento é prorrogada e gera estresse – dólar absorve cautela e saldo da bolsa na semana é positivo
Embora o dia tenha sido de estresse para os ativos locais, a bolsa brasileira terminou a semana pós-Páscoa com um avanço de 2,10% e o dólar recuou
Reta final de novela é sempre aquela emoção. Ainda mais uma novela que teve o seu último capítulo adiado por meses por questões que ninguém poderia prever - como uma pandemia. Na ansiedade pelo fim, cada cena é acompanhada com o coração na boca e cada minuto pode trazer uma reviravolta diferente para a história.
A novela das 9h se encerra hoje, mas a definição do Orçamento - a outra grande novela do momento - segue para mais uma semana decisiva. Assim como a trama global, as negociações em Brasília parecem um tanto atropeladas e estão longe de satisfazer o público - ou os investidores. Eu, que me descobri uma noveleira de mão cheia, acompanho bem de perto as duas.
O Orçamento de 2021 já se encontra atrasado há mais de cinco meses, em um momento em que a situação fiscal do país está longe do ideal. Ao longo da semana, o compasso de espera pelo avanço das negociações no Congresso, a fim de evitar as acusações de “pedaladas fiscais” e também garantir o funcionamento da máquina pública, deixou a bolsa brasileira em banho-maria.
Mas hoje, a notícia de que o parecer apresentado no Congresso abre caminho para que o texto seja sancionado sem vetos azedou o humor dos mercados, que até tentaram seguir um comportamento mais em linha com o visto no exterior. A tensão agora é se o presidente irá de fato vetar os trechos considerados problemáticos.
O impasse parece longe do fim e, com isso, o Ibovespa foi às mínimas e o dólar à vista atingiu as máximas. A bolsa brasileira até conseguiu recuperar parte da queda, fechando o dia com um recuo de 0,54%, aos 117.669 pontos. Na semana, o índice garantiu um avanço de 2,10%, patrocinado principalmente pela reação positiva aos dados da economia norte-americana, que mostra estar no caminho da recuperação.
O dólar à vista, no entanto, não teve o mesmo comportamento. Após atingir as mínimas, a moeda americana se manteve praticamente estável, fechando o dia com uma alta expressiva de 1,81%, aos 5,6749. Na semana, a divisa recuou 0,71%.
Leia Também
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
A indefinição da “novela” do Orçamento aumenta a percepção de risco fiscal. Mas não é o único fator que mexe com as emoções dos investidores. Nesta semana, o país voltou a registrar mais de quatro mil mortes diárias por conta do coronavírus, em um momento em que a fabricação de novas doses é interrompida pela falta de insumos.
A incerteza em torno da vacinação gera incerteza sobre o futuro da recuperação econômica. Ainda que a imunização em massa venha sendo defendida pelo governo federal como ferramenta para sair da crise, faltam doses suficientes. O Ministério da Saúde decidiu hoje que não irá mais divulgar a previsão de doses de vacinas para o mês.
Lá vem o dragão
Esse cenário de incerteza fiscal pesa sobre a curva de juros, que ainda tem dados da inflação para repercutir - aqui e no exterior.
O capítulo de hoje da história do mercado financeiro, aliás, foi todo dedicado ao ressurgimento do dragão, que parece avançar cada vez mais rápido. No exterior, as bolsas asiáticas e europeias repercutiram de forma negativa o avanço dos preços na China. Pela manhã, foi a vez de a inflação nos Estados Unidos trazer preocupação.
É que com uma pressão inflacionária maior, ressurge o temor de um possível aperto monetário por parte dos Bancos Centrais. Ainda que o Federal Reserve (banco central americano) e o Banco Central Europeu (BCE) tenham reafirmado que manterão os graus de estímulos necessários até a recuperação plena em suas atas de reuniões, há poucos dias, o mercado tem lá suas dúvidas. De olho na possibilidade de elevação de juros mais cedo, o rendimento dos Treasuries voltou a subir após um período de trégua.
Isso não impediu a bolsa americana de fechar no azul. O Dow Jones e o S&P 500 renovaram as suas máximas históricas de fechamento ao subirem 0,89% e 0,77%, respectivamente. O Nasdaq avançou 0,51%.
Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do IPCA de março, com um número que veio em linha com o piso das estimativas do mercado. Ariane Benedito, economista da CM Capital, aponta que, embora o índice tenha vindo abaixo do esperado, o acumulado em doze meses segue alto, em 6,1%.
Mesmo que a inflação puxe a curva de juros, a economista aponta que o cenário fiscal é o que mais estressa o mercado, que já anda de olho em 2022. Assim, depois de um alívio nos últimos dias, as taxas DI voltaram a ter uma alta expressiva nesta sexta. Confira o fechamento do dia:
- Janeiro/2022: de 4,66% para 4,72%
- Janeiro/2023: de 6,48% para 6,55%
- Janeiro/2025: de 8,11% para 8,28%
- Janeiro/2027: de 8,75% para 8,93%
Olha a lombada! - parte I
De tempos em tempos ele está de volta. Como se Brasília já não gerasse ruídos suficientes, o presidente Jair Bolsonaro também deu a sua contribuição nesta semana, trazendo mais uma vez o temor de uma ingerência nas estatais - um temor que nunca vai realmente embora, pois sempre tem um ruído novo para resgatar o sentimento.
No evento de posse do novo diretor-geral de Itaipu - substituto de Joaquim Silva e Luna, o indicado do governo ao comando da Petrobras -, Bolsonaro aproveitou para exaltar os feitos da gestão de Silva e Luna e também comentar sobre o futuro da Petrobras.
O presidente até tentou um discurso mais ameno, afirmando que não iria interferir nos preços da estatal, mas acabou cedendo e falou sobre possíveis mudanças na cobrança do ICMS sobre combustíveis e também na política de preços da Petrobras, para algo que traga uma maior previsibilidade. Para utilizar as palavras do presidente, "podemos mudar essa política de preços na Petrobras".
O comentário pesou sobre as ações da estatal e também sobre o Ibovespa, impedindo que a bolsa brasileira anotasse uma alta maior na quinta-feira (09).
Olha a lombada! - parte II
Outro fator que gera ainda mais ruídos e incertezas é a instauração de uma CPI para apurar possíveis omissões do governo federal durante a pandemia de covid-19, feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso. A decisão monocrática já foi contestada pelo presidente via Twitter.
A leitura dos analistas é que a CPI deve desviar as atenções do Congresso de medidas mais urgentes, como o texto do Orçamento e as reformas, vistas como essenciais para destravar a economia brasileira.
A economista da CM Capital, aponta, no entanto, que a situação acabou ficando em segundo plano diante do impasse com relação ao Orçamento.
Sobe e desce
Na semana, a Yduqs, empresa do setor de educação, foi o principal destaque. Ainda que fragilizado pela crise, o mercado enxerga alguns papéis do segmento como “barganhas” na bolsa. Também merece destaque o setor de siderurgia, que segue acompanhando a estimativa de maior demanda por minério de ferro com a ampliação de obras de infraestrutura no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na China. Vale lembrar que o presidente americano acabou de apresentar um pacote de investimentos de US$ 2 trilhões. Confira as maiores altas da semana:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 31,29 | 17,45% |
| CSNA3 | CSN ON | R$ 43,09 | 17,09% |
| USIM5 | Usiminas PNA | R$ 19,20 | 15,59% |
| EMBR3 | Embraer ON | R$ 15,96 | 14,82% |
| BRAP4 | Bradespar PN | R$ 68,89 | 8,59% |
Confira também as maiores quedas:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| CSAN3 | Cosan ON | R$ 89,19 | -3,94% |
| LREN3 | Lojas Renner ON | R$ 41,50 | -3,31% |
| ENGI11 | Engie units | R$ 42,94 | -2,89% |
| BBAS3 | Banco do Brasil ON | R$ 29,19 | -2,54% |
| CCRO3 | CCR ON | R$ 12,60 | -2,40% |
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
