Ibovespa sobe 4% na semana com Petrobras, bancos e Ambev, surfando esperança de vacina em meio à 2ª onda da covid-19
Principal índice acionário da bolsa brasileira avança de olho em perspectivas da vacina e, ao mesmo tempo, vê uma segunda onda da covid-19 se fortalecer — e incerteza fiscal continuar pairando no ar. IBC-Br e falas de Guedes também ajudam
O Ibovespa conseguiu terminar a semana no azul e manteve até aqui os ganhos firmes em novembro, em meio ao otimismo disseminado entre os investidores globais a respeito de uma vacina contra o coronavírus, além da perspectiva sobre estímulos fiscais nos Estados Unidos e um bom dado da economia brasileira.
É claro que, globalmente, a expectativa de vacina foi a principal notícia que conduziu os negócios na semana no lado positivo desse front — já, já vamos falar do lado negativo.
O anúncio da farmacêutica Pfizer sobre os resultados preliminares dos testes clínicos de uma vacina indicou que o imunizante desenvolvido em parceria com a BioNTech teve 90% de eficácia, um patamar muito elevado.
Além disso, no front de estímulos fiscais, existem perspectivas a respeito de um acordo pelo pacote de ajuda econômica, com a chegada do presidente eleito Joe Biden ao campo de negociações com os republicanos.
O nomeado chefe de gabinete do democrata, Ron Klain, afirmou que Biden está em conversas com senadores e governadores do partido republicano, disse ele em entrevista à MSNBC, sem citar nomes.
Nos últimos meses a expectativa por novos estímulos vem mexendo com os negócios, mas republicanos e democratas não conseguiram chegar a um acordo. Ultimamente, a sinalização havia sido negativa, já que o presidente Donald Trump se retirou definitivamente das negociações com os democratas após o pleito de 3 de novembro.
Localmente, a economia brasileira também animou. O IBC-Br, a chamada prévia do PIB, ajudou o principal índice acionário brasileiro hoje, pavimentando o caminho de mais uma alta vigorosa do Ibovespa.
O índice de atividade econômica do Banco Central subiu 1,29% entre agosto e setembro, quinto avanço mensal consecutivo pela série ajustada sazonalmente. Em agosto, a alta foi de 1,39%. O resultado veio acima das projeções do mercado — e fez até o Credit Suisse rever suas projeções para o PIB.
Do lado negativo, a segunda onda vem aí — melhor dizendo, já veio, e voltou a pressionar os ativos de risco durante as últimas duas sessões.
As restrições de circulação, que até agora estavam limitadas à Europa, voltaram à tona nos Estados Unidos, com decisões de toque de recolher sendo instituídas, por exemplo, no Estado de Nova York, limitando o funcionamento de bares, restaurantes e academias de ginástica até às 22h.
A novidade chegou a fazer os índices caírem ontem, com a percepção de que a pandemia está, ainda, interferindo na vida de milhões de pessoas — e continuando a trazer estragos econômicos.
Hoje, o resultado das bolsas foi novamente positivo. Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram ganhos expressivos, terminando uma bela semana em que as ações de tecnologia ficaram em segundo plano. O S&P 500 avançou 1,4%; Dow Jones, 1,4%; e o Nasdaq, 1%.
Eu e a Julia Wiltgen comentamos sobre esse "cabo de guerra" de fatores que fizeram as bolsas irem de lá para cá. Qual será a resultante dessas forças na mesma direção e em sentidos opostos? Nós tentamos responder na tradicional live de sexta do Seu Dinheiro. É só dar play.
Por aqui, apesar do cabo de guerra entre notícias boas e ruins, tivemos outra sessão de gala: o Ibovespa fechou em alta de 2,2%, cotado aos 104.720 pontos, embalado pela bom humor global gerado ainda pelas esperanças de uma vacina contra o Sars-Cov-2.
Na semana, o índice avançou 3,8% — no mês, já acumula ganhos de 11,5%.
Entre os maiores destaques, Petrobras e bancos (em específico o Bradesco), do setor da chamada "velha economia" e pesos-pesados, foram os ganhadores da semana.
Destaques da semana
Papéis muitos descontados, como do setor aéreo, também ficaram entre os maiores avanços no Ibovespa nesta semana — Azul PN (AZUL4) e Gol PN (GOLL4) subiram 12% no período. Também muita prejudicada, Embraer ON (EMBR3) disparou 13,7%
Ações do setor de educação, outras a sofrerem os impactos da pandemia na pele, também se recuperaram: Yduqs ON (YDUQ3) subiu 15,3%, e Cogna, 6%.
Outra gigante do Ibovespa: a ação Ambev ON (ABEV3) teve ganhos de 14%. Confira as maiores altas semanais:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | ALTA NA SEMANA |
PETR3 | Petrobras ON | 23,23 | 16,66% |
YDUQ3 | Yduqs ON | 28,27 | 15,58% |
BBDC4 | Bradesco PN | 24,13 | 15,47% |
PETR4 | Petrobras PN | 22,68 | 14,58% |
BBDC4 | Bradesco ON | 7,49 | 14,42% |
Vencedoras do mundo corporativo com a pandemia, o setor do e-commerce sofreu nesta semana de realocação dos recursos de investidores para empresas de setores tradicionais — em linha com o que houve com o Nasdaq e outros índices nos Estados Unidos.
Magazine Luiza, B2W e Via Varejo ficaram entre as grandes perdedoras do período, mas, claro, continuam brilhando no ano de pandemia. Veja as maiores quedas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | QUEDA NA SEMANA |
TOTS3 | Totvs ON | 28,20 | -9,24% |
BTOW3 | B2W ON | 74,25 | -8,52% |
MGLU3 | Magalu ON | 25,10 | -8,16% |
CSNA3 | CSN ON | 19,29 | -7,13% |
VVAR3 | Via Varejo ON | 17,85 | -7,13% |
Dólar termina sessão no zero a zero, mas sobe na semana; juros caem
O dólar teve mais uma sessão de oscilação, com muita amplitude de movimento sem uma direção clara ao longo do dia.
Na máxima, chegou a subir 0,9%, enquanto que, na mínima, caiu 0,5%. No fim, terminou perto do zero, caindo levemente 0,05%, cotado a R$ 5,4756.
No radar dos investidores, persistiram incertezas acerca do cenário fiscal. Ontem, o ministro Paulo Guedes instigou cautela nos agentes financeiros ao dizer que o auxílio emergencial será com certeza estendido em caso de segunda onda da covid-19.
Hoje, no entanto, Guedes disse que o auxílio emergencial termina em dezembro e que, no ano que vem, se voltará a pagar o Bolsa Família. Além disso, reforçou um discurso de austeridade fiscal e falou em manutenção do teto de gastos.
Um abrandamento da perspectiva de uma extensão do auxílio e percepção melhor do risco fiscal ajudou os juros futuros a se descomprimirem, bem como a busca por risco no exterior, o que favoreceu as moedas emergentes e enfraqueceu o dólar globalmente.
Neste contexto, o Dollar Index (DXY), que compara a moeda a uma cesta de moedas fortes como euro, libra e iene, marcou recuo de 0,25%.
Confira as taxas dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,94% para 1,926%
- Janeiro/2022: de 3,39% para 3,34%
- Janeiro/2023: de 4,98% para 4,94%
- Janeiro/2025: de 6,75% para 6,70%
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