Bolsa é o melhor ativo para ganhar com o ciclo econômico que está começando, diz economista da Guide
Juro baixo, crescimento do crédito e menor presença do Estado, combinação que pode levar a uma década de crescimento, segundo Victor Candido

A economia brasileira deve começar um ciclo bem longo, de cerca de uma década, de crescimento econômico. A avaliação é do economista-chefe da Guide, Victor Candido.
A conversa com Candido também foi inspirada por uma postagem no “Twitter” sobre onde está o Brasil no ciclo econômico e ela contrasta um pouco com a entrevista anterior que fiz com James Gulbrandsen, da NCH Capital. O ponto em comum entre os dois é a visão de que o curto prazo pode trazer surpresas negativas. Outra característica comum é que os dois são fãs do gestor Howard Marks.
https://twitter.com/candidovictor/status/1139228594465574912?s=20
Aliás, a minha conversa com Victor Candido aconteceu em uma "virada de ciclo" pessoal. Ele está deixando a Guide e ingressando na Journey Capital, que tem áreas de gestão de ativos, com um fundo de debêntures incentivadas para investidores de varejo, gestão de patrimônio e assessoria para reestruturações, fusões e aquisições.
Antes de detalhar a linha de pensamento de Candido, adianto aqui que o economista avalia que a melhor opção para a pessoa física tirar proveito do que está por vir está na bolsa de valores.
Na renda fixa, ele afirma que acabou o almoço grátis do juro e que quem quiser investir nesse tipo de ativo terá de tomar risco. As melhores alternativas são os fundos que investem em crédito privado e em debêntures de infraestrutura.
Leia Também
Sob forte pressão nas finanças, Raízen (RAIZ4) tem prejuízo de R$ 1,66 bilhão no ano e dívida avança 22%
Outro ativo que vai “bombar”, segundo Candido, são dos Fundos Imobiliários (FII) e a recomendação para quem está começando nesse segmento é buscar os Fundos de Fundos (FoFs), que investem em outros FIIs, ou mesmo os fundos de papel, que compram ativos atrelados ao setor.
Mas Candido faz um alerta. Antes de investir em qualquer produto, o investidor deve tomar cuidado com o “oba-oba”, buscar se conhecer como investidor, fixar objetivos e horizontes de investimento claros e, principalmente, saber o quanto está disposto a perder.
Se tiver dificuldades em fazer esse “check list” prévio à tomada de decisão de investimento, Candido recomenda ao investidor buscar um planejador financeiro certificado, que além de ajudar a definir esses objetivos pode explicar o funcionamento dos diferentes produtos. Saber o que está comprando é fundamental.
O pior já passou
Segundo Candido, os indicadores econômicos e diversas modelagens econométricas sugerem que o pior já passou. A recessão de 2015 e 2016 deixou sequelas grandes e a saída dela acontece com uma lentidão assustadora. Talvez sejamos o emergente a exibir o maior período de baixo crescimento que se tenha notícia.
Mas outro conjunto de dados sugere que teremos um ciclo muito proveitoso de crescimento pela frente. Além disso há um fato inédito na nossa história econômica. Estamos saindo de uma recessão com inflação abaixo da meta, juro baixo e com tendência de queda e contas externas ajustadas.
“Estamos no começo de um ciclo que pode ser bem longo. Há uma série de fatores que mostram que estamos no começo de ciclo”, afirma Candido.
Caiu, mas ainda não levantou
O ciclo econômico não se dissocia do ciclo de crédito e os dados levantados pelo economista, mostram que embora a demanda ainda não tenha aparecido, as condições para tomada de crédito estão postas e são boas.
No lado das empresas, a inadimplência é a menor da série histórica e houve uma desalavancagem muito grande das famílias, apesar da recessão. Os recursos disponíveis, como liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e PIS/Pasep foram utilizados para o pagamento de dívidas.
Também há uma nova dinâmica com a saída do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do segmento de crédito, abrindo espaço para o mercado fazer seu papel de intermediador entre poupadores e tomadores.
“Meu ponto é: você não cresce, mas você nunca teve condições extremamente saudáveis para crescer”, avalia.
Candido pondera que mesmo que a economia piore mais um pouco, essas condições não serão perdidas e usa uma interessante figura para explicar seu raciocínio.
“É mais ou menos assim. É como se o cara [economia] tivesse tomado um tombo e ainda não está de pé, ele está sentado. E tem condição de se levantar”, explica.
Para Candido, o problema é que nos apegamos muito aos dados de alta frequência e ficamos com a impressão de que as coisas estão muito ruins, de que nada vai funcionar.
Mas ao “dar três passos para trás” é possível notar que tem algo diferente acontecendo. “Talvez tenhamos um ciclo no qual o investimento seja o carro-chefe, seguido pelo consumo.”
Mudança tectônica
Em conversas com empresários, Candido diz ter captado boas intenções de investimento, pois o momento certo para adquirir infraestrutura física é agora, com preços ainda deprimidos.
Já na classe política, diz o economista, é cada vez mais consensual que o Estado tem de ser reduzido. As lideranças políticas parecem reconhecer os malefícios que os excessos do passado causaram, e estão dispostas a abraçar uma agenda que facilite a vida e o funcionamento do setor privado.
É essa mudança de visão da classe política, aliada a um clamor da população por uma agenda mais pró-mercado, pró-iniciativa privada, que representa o que o economista acredita ser uma “mudança tectônica” que não está sendo capturada.
“O curto prazo ainda está ruim, mas está difícil não ficar otimista”, avalia.
A névoa da incerteza
Segundo Candido, as pessoas não consomem e o empresariado não investe por causa da incerteza, que ainda é grande. Mas esse "fog" começa a se dissipar com o convencimento de que a reforma da Previdência será aprovada e com potência suficiente para reduzir parte da incerteza fiscal. “Na Faria Lima é Previdência aprovada”, avalia.
Além disso, há sinalizações microeconômicas positivas. Entre elas, a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para venda de subsidiárias de estatais, os leilões de concessões e um sistema financeiro mais competitivo por ações como cadastro positivo, "guerra das maquinhas" de cartão e discussões envolvendo o “open banking”.
Um fator fora do radar e que pode ajudar no crescimento deste ano e do próximo é o desempenho do agronegócio. Segundo Candido, os safra nos EUA teve problemas climáticos, enquanto aqui as coisas andaram bem. Fora que a China está comprando menos soja dos EUA, dando mais espaço para o nosso mercado.
“Estamos próximos de sermos o maior produtor de grãos do mundo. O agronegócios pode dar uma acelerada e ajudar a termos um quarto trimestre bem positivo”, avalia.
Riscos
Com 2019 perdido, mas um 2020 e outros anos se mostrando promissores, pergunto a Candido quais os riscos para esse cenário.
O principal é o doméstico. É não conseguir fazer uma reforma da Previdência convincente, não reduzir o tamanho do Estados e abandonar as reformas microeconômicas.
Temos de ficar olho, também, nos riscos externos, como guerra comercial e recessão forte nos EUA ou Europa, mesmo que tal risco tenha diminuído com as sinalizações dadas por Federal Reserve (Fed), banco central americano, e Banco Central Europeu (BCE).
Banco de investimentos antecipa pagamento de precatórios para até 5 dias úteis; veja como sair da fila de espera
Enquanto a fila de espera dos precatórios já registrou atraso de até 30 anos, um banco de investimentos pode antecipar o pagamento para até 5 dias úteis; veja como
Casas Bahia (BHIA3) quer captar até R$ 500 milhões com FIDC — após dois anos de espera e com captação menor que a prevista
O início operacional do fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) foi anunciado na noite da última quinta-feira (13), com um capital inicial de R$ 300 milhões
Duas faces de uma mesma moeda: Ibovespa monitora Galípolo para manter recuperação em dia sem Trump
Mercados financeiros chegam à última sessão da semana mostrando algum alívio em relação à guerra comercial norte-americana
Até os franceses estão comprando ação brasileira e você não! O caso do Carrefour Brasil mostra as enormes oportunidades da bolsa
Há uma mensagem importante para os investidores nesta operação: as ações brasileiras — não só as do Carrefour — ficaram extremamente baratas
Trump derrubou a bolsa de Moscou? Por que a negociação das ações russas foi suspensa hoje
As operações ainda não têm data para voltar ao normal, de acordo com a operadora da Bolsa de Valores de Moscou
Suzano (SUZB3) reporta prejuízo no 4T24, mas tem bancão elogiando o balanço e prevendo alta de até 40% para as ações
Revertendo o lucro bilionário do terceiro trimestre, a gigante de papel e celulose registrou prejuízo líquido de R$ 6,737 bilhões, causado mais uma vez pela variação cambial
6 em cada 10 reais dos brasileiros foi investido em renda fixa em 2024 — e 2025 deve repetir o mesmo feito, diz Anbima
Brasileiros investiram 12,6% mais no ano passado e a renda fixa é a ‘queridinha’ na hora de fazer a alocação, segundo dados da associação
Totvs (TOTS3) impressiona com salto de 42% do lucro no 4T24 — mas a joia da coroa é outra; ação sobe forte após o balanço
Os resultados robustos colocaram os holofotes na Totvs nesta quinta-feira (13): os papéis da companhia figuram entre as maiores altas do dia, mas quem roubou a cena foi um segmento da companhia
O jogo virou na bolsa? Por que Wall Street acelerou a alta e o Dow Jones subiu 350 pontos após as tarifas recíprocas de Trump
A política tarifária do republicano pode facilmente sair pela culatra se acelerar a inflação e reduzir o crescimento, mas o mercado viu as medidas desta quinta-feira (13) com outros olhos
Magazine Luiza (MGLU3) na berlinda: BB Investimentos deixa de recomendar a ação da varejista — e aqui estão os motivos
Além de atualizar a indicação de compra para neutro, o banco cortou o preço-alvo para R$ 9,00 ao final de 2025
Cosan (CSAN3) pode cair ainda mais — e não é a única. Saiba quais ações brasileiras ganham ou perdem com a nova carteira do índice MSCI
O rebalanceamento do índice global prevê a exclusão de seis ações brasileiras para a carteira trimestral que entra em vigor em março; veja os impactos estimados pelos analistas
Honda e Nissan confirmam o fim das negociações para a fusão dos negócios — e uma dessas montadoras enfrenta futuro incerto
As negociações para a fusão da Honda e da Nissan foram anunciadas no fim do ano passado e, caso fossem concluídas, criariam a terceira maior montadora do mundo
Da ficção científica às IAs: Ibovespa busca recuperação depois de tropeçar na inflação ao consumidor norte-americano
Investidores monitoram ‘tarifas recíprocas’ de Trump, vendas no varejo brasileiro e inflação do produtor dos EUA
Tesouro Direto e títulos isentos de IR: Itaú BBA recomenda renda fixa para fevereiro, e retorno líquido chega a 8,50% a.a. + IPCA
Banco recomenda pós-fixados e indexados à inflação, mas vê oportunidade até mesmo em prefixados com prazos até três anos
BofA mantém recomendação de comprar Brasil com 19 ações da B3 na carteira — ação de elétrica ‘queridinha’ da bolsa é novidade
Em um relatório de estratégia para a América Latina, o Bank of America (BofA) decidiu manter o Brasil em overweight (exposição acima da média) na comparação com o índice de referência para a região, o MSCI LatAm. A preferência do banco americano se dá por empresas que demonstram resiliência em vista dos juros elevados. Nesse […]
Boas novas para os acionistas? TIM Brasil (TIMS3) anuncia recompra de ações, após balanço robusto no 4T24
O programa vai contemplar até 67,2 milhões de ações ordinárias, o que equivale a 2,78% do total de papéis da companhia
Embraer (EMBR3) pretende investir R$ 20 bilhões até o fim da década — e aqui está o que ela quer fazer com o dinheiro
O anúncio acontece poucos dias após a fabricante de aeronaves renovar os recordes na carteira de pedidos no quarto trimestre de 2024 e fechar um acordo histórico
Bradesco (BBDC4) despenca na bolsa após Goldman Sachs rebaixar ação para venda. Por que os analistas não recomendam mais a compra do papel?
No mesmo relatório, o banco americano também elevou a ação do Santander (SANB11) para neutro e reiterou a compra de Itaú Unibanco (ITUB4)
Caiu demais? Gafisa quer grupamento de ações de 20 para 1, mas GFSA3 cai quase 5% com o anúncio
A Gafisa (GFSA3) convocou uma assembleia para que os acionistas decidam sobre uma série de propostas além do grupamento de ações
Bolsa ladeira abaixo, dólar morro acima: o estrago que o dado de inflação dos EUA provocou nos mercados
Os investidores ainda encararam o segundo dia de depoimentos do presidente do Fed, Jerome Powell, ao Congresso e uma declaração polêmica de Trump sobre os preços