Dados dos EUA e atuação do BC geram expectativa
Em meio ao temor de recessão global, produção industrial e vendas no varejo norte-americano podem sinalizar se desaceleração econômica chegou aos EUA
Após os dados fracos de atividade na China e na Europa reacenderem o temor quanto à desaceleração global, hoje é a vez de avaliar se essa perda de tração também chegou à economia norte-americana. Os números sobre as vendas no varejo (9h30) e a produção industrial (10h15) nos Estados Unidos podem (ou não) corroborar os riscos de uma recessão à frente, conforme sinalizado ontem pela inversão da curva de juros do país.
Foi a primeira vez desde a crise de 2008 que os juros dos títulos de dez anos (T-note) renderam menos do que os papéis de dois anos (T-bill). Esse fenômeno é conhecido como “inversão da curva de juros” e é visto no mercado financeiro como um indicador de recessão nos EUA. Por ora, o cenário de desaceleração econômica ainda parece o mais provável para o país do que uma queda abrupta da atividade.
Mas a fraqueza crescente em outras partes da economia global aumentou o risco de uma contração nos EUA, ainda mais considerando-se o impacto da guerra comercial e/ou um erro de estratégia por parte do Federal Reserve na condução da taxa de juros norte-americana. A hipótese de recessão provoca tensão entre os investidores, mas no modelo do Fed essa chance ainda é remota.
Se a economia realmente entrar em recessão, isso pode trazer grandes implicações aos ativos globais. Por ora, o perigo real aos EUA seria o presidente Donald Trump ampliar o viés protecionista, lançado mão de sobretaxas contra produtos importados ao redor do mundo - especialmente chineses. Ainda mais se o republicano se sentir motivado a elevar essa retórica, à medida que se for aproximando o período eleitoral e a disputa contra os rivais democratas.
Mercados ensaiam recuperação
Com isso, os mercados internacionais amanheceram ensaiando uma tentativa de recuperação, um dia depois de o índice Dow Jones amargar o pior desempenho do ano. Aliás, ontem, todos os índices acionário norte-americanos registraram perdas ao redor de 3%, diante dos crescentes receio de desaceleração econômica.
Nesta manhã, porém, Wall Street sinaliza uma sessão positiva para o dia, o que tenta embalar a abertura do pregão europeu, após uma sessão de perdas na Ásia, ainda sob o impacto da queda de ontem no Ocidente. Mas essa sinalização para o dia vai depender dos números da agenda econômica norte-americana, que está carregada hoje (veja abaixo).
Leia Também
O pregão asiático também foi penalizado pela queda do rendimento (yield) do título norte-americano de 30 anos (T-bond) abaixo de 2% pela primeira vez na história, um dia após ter alcançado mínima recorde. Os investidores tendem a migrar seus recursos para a segurança oferecida pelas Treasuries, em momentos de maior aversão ao risco.
As incertezas sobre a guerra comercial entre EUA e China têm provocado esse movimento de flight to quality, ou busca por proteção em ativo seguros, temendo os impactos da disputa na economia global. Os protestos em Hong Kong avolumam a lista de focos de tensão, sendo que Trump vinculou um acordo com Pequim se o governo chinês responder "humanamente" à crise na ex-colônia britânica. Ele sugeriu uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, para resolver a situação.
Enquanto isso, o Banco Central chinês (PBoC) fixou a taxa de referência do yuan em 7,0268 por dólar, na sexta sessão seguida acima de 7. O dólar, aliás, perde terreno em relação às moedas rivais nesta manhã, com o euro e o iene ganhando valor. O xará australiano também avança, após dados acima do esperado sobre o emprego no país. Esse movimento das moedas no exterior favorece uma recuperação do real, em meio à nova atuação do Banco Central no câmbio (leia mais abaixo).
Dia de agenda cheia nos EUA
As vendas no varejo nos EUA devem ter desacelerado em julho, para 0,3%, após expansão mensal de 0,4% nas três leituras anteriores, indicando uma redução no crescimento do consumo no início do terceiro trimestre. Já a produção industrial deve ter ficado estável no mês passado, com os dados regionais de atividade sinalizando mais fraqueza em agosto.
Aliás, a agenda econômica norte-americana traz também o desempenho da indústria na Filadélfia e em Nova York neste mês, ambos às 9h30. No mesmo horário, serão conhecidos também os dados preliminares sobre o custo da mão de obra e da produtividade nos EUA no trimestre passado, além dos pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país.
O calendário do dia nos EUA reserva ainda, às 11h, os estoques nas empresas em junho e o índice de confiança das construtoras neste mês. Por fim, à tarde, o Tesouro norte-americano informa os números sobre o fluxo de capital estrangeiro em junho (17h). Já no Brasil, a agenda do dia traz apenas o primeiro IGP de agosto, o IGP-10, às 8h.
Blindagem local
A pressão vinda do exterior, em meio ao temor em relação à desaceleração da economia global, testa o ímpeto dos ativos domésticos, que tentam se amparar no avanço da agenda de reformas. Por ora, o sentimento de que o Congresso está entregando os ajustes necessários para fazer a economia voltar a andar sustenta o otimismo entre os investidores, blindando os negócios locais de estragos maiores.
O dólar, porém, tem se mostrado o ativo mais volátil, saltando da faixa de R$ 3,80 e indo além de R$ 4,00 em cerca de dez sessões, voltando ao maior nível desde maio. Atento a isso, o Banco Central anunciou que irá vender dólares das reservas internacionais, realizando o primeiro leilão à vista no mercado desde 2009, após a eclosão da crise financeira. A operação ocorrerá simultaneamente com compra de dólares no mercado futuro, por meio do chamado swap reverso.
A autoridade monetária irá vender até US$ 550 milhões a partir da quarta-feira da semana que vem, durante sete dias, totalizando US$ 3,850 bilhões. O BC também irá oferecer ao mercado contratos de swap cambial, mas avaliou que essa operação de venda de dólares no mercado futuro não atenderia sozinho à demanda por moeda estrangeira. Aos olhos do BC, há uma escassez de dólar em espécie - por isso, é preciso oferecer “dinheiro vivo”.
Já o Ibovespa caiu quase 3% ontem, mas tem conseguido defender os 100 mil pontos, apesar das sucessivas saídas dos investidores estrangeiros. Até a última segunda-feira, os “gringos” já retiraram R$ 6,5 bilhões da Bolsa apenas neste início de mês. Ontem, o índice acionário encerrou no limiar dessa marca. A curva de juros nacional também tem mostrado resiliência, mantendo o achatamento (flattening) histórico, sem recompor os prêmios.
Resta saber quanto mais o mercado doméstico resiste a essa maior aversão ao risco, que, por ora, tem sido essencialmente externa. Seja como for, uma forte onda vendedora (sell-off) no mundo, acaba respingando no Brasil. Mas a depender dos dados dos EUA a serem conhecidos hoje, a reação dos negócios locais à intervenção do BC pode ser positiva hoje, abrindo espaço para uma recuperação dos ativos. A conferir.
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
