A Selic vai a 14%? Pacote de corte de gastos considerado insuficiente leva mercado a apostar em juros ainda mais altos
Mercado já começa a reajustar as estimativas para a taxa básica de juros e agora espera uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom
O anúncio do pacote de corte de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entre a noite de quarta (27) e a manhã de quinta (28), motivou uma forte reação negativa do mercado, derrubando o Ibovespa de volta para o patamar dos 124 mil pontos e levando o dólar a ultrapassar o patamar dos R$ 6 pela primeira vez. O pessimismo continua nesta sexta-feira (29).
Já os contratos de juros futuros (DIs), que cristalizam as expectativas dos investidores para a taxa básica de juros em datas futuras e baliza o rendimento dos ativos de renda fixa, dispararam em todos os vencimentos.
A alta dos juros de prazos mais longos significa que o mercado está considerando o Brasil um país mais arriscado para se investir, enquanto o avanço dos juros de prazos mais curtos representa as expectativas para política monetária, isto é, para onde o Banco Central deve levar a Selic nas próximas reuniões do seu Comitê de Política Monetária (Copom).
- Previdência Privada, Tesouro Renda+ ou Seguro de Vida? Guia gratuito do Seu Dinheiro ajuda a escolher a melhor opção de investimento para a sua aposentadoria
Embora algumas medidas de cortes de gastos tenham sido bem avaliadas por economistas de mercado, que veem o governo indo na direção correta, ainda assim o pacote foi considerado insuficiente para atingir a economia necessária para o reequilíbrio das contas públicas.
Além disso, a decisão de conjugar o anúncio do pacote com o da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês foi considerada populista e passou a impressão, aos agentes de mercado, de que o governo Lula não está se mostrando realmente compromissado com o ajuste fiscal.
Selic mais alta na próxima reunião do Copom
Assim, de cara o mercado passou a projetar que o BC terá que aumentar a Selic com mais intensidade para conter o efeito inflacionário advindo da disparada do dólar e do estímulo à demanda que a futura isenção de IR deve provocar.
Leia Também
Para a próxima reunião do Copom, a ser realizada em 10 e 11 de dezembro, as expectativas majoritárias de alta para a taxa Selic passaram de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto percentual, elevando a taxa de 11,25% diretamente para 12,00% ao ano.
Estimativas de alta de 1,00 ponto percentual também já começam a ganhar relevância, de acordo com as opções de Copom negociadas na B3, o que levaria a taxa básica para 12,25% ao ano.
Para as duas primeiras reuniões de 2025, realizadas em janeiro e março, as estimativas predominantes são de altas de mais 0,75 e 0,50 ponto, respectivamente, o que elevaria a Selic para 13,25% já ao final do primeiro trimestre do ano, mas também já aparece uma probabilidade relevante de alta de 1,00 ponto na reunião de janeiro.
Economistas estimam economia entre R$ 40 bi e R$ 50 bi em dois anos
Economistas de mercado contestam a economia de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos anunciada por Haddad na divulgação das medidas de corte de gastos.
Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, a economia do pacote deve ser de 62% do valor anunciado, ou cerca de R$ 45 bilhões.
O Itaú Unibanco calcula um potencial de economia de R$ 53 bilhões nos próximos dois anos, 2025 e 2026, enquanto nas contas da Monte Bravo, as medidas resultarão numa contenção de despesas em torno de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões.
Na estimativa mais otimista de José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, a economia seria de R$ 48,9 bilhões nos próximos dois anos.
Já na visão de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, a estimativa é de um impacto de R$ 46 bilhões em dois anos e R$ 242 bilhões até 2030, ante uma estimativa do governo de R$ 327 bilhões nesse período.
Selic pode chegar a 14% ao ano?
Dados o ruído comunicacional do governo e as estimativas de economia consideradas insuficientes, as instituições financeiras já começam a recalcular a rota das suas projeções para a Selic não apenas no curtíssimo prazo, como também a taxa do fim do atual ciclo de altas nos juros.
Se antes as projeções mais pessimistas de Selic terminal (ao fim do ciclo) se situavam pouco acima dos 13,00%, agora este patamar parece comedido.
Ontem, o JP Morgan elevou sua projeção de Selic terminal para 14,25% no meio do ano que vem. Mas os investidores já estão de fato colocando dinheiro em um cenário de Selic neste patamar no fim do ano que vem.
Os DIs que vencem a partir de janeiro de 2026 já vem sendo negociados no patamar de 14%, o qual se estende até janeiro de 2029.
Com isso, os títulos de renda fixa prefixados e indexados à inflação, os quais têm uma parte da remuneração prefixada, vêm sofrendo forte desvalorização nos últimos dias, uma vez que, quando as taxas sobem, seus preços caem.
Os títulos públicos, que caminhavam para terminar novembro em leve alta, agora devem fechar o mês em queda mais uma vez. Veja aqui o ranking do Tesouro Direto de novembro.
Em compensação, as remunerações oferecidas para quem comprar esses papéis agora e levá-los até o vencimento deram um salto, com os títulos Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 passando a oferecer uma rentabilidade de mais de 7% ao ano acima da inflação. Os demais vencimentos também já se aproximam da marca, digna de momentos de crise no Brasil..
Depois do adeus de Campos Neto com alta da Selic, vem aí a decisão dos juros nos EUA — e o mercado diz o que vai acontecer por lá
Novos dados de inflação e emprego da maior economia do mundo deixam mais claro qual será o próximo passo do Fed antes da chegada de Donald Trump na Casa Branca; por aqui, Ibovespa recua e dólar sobe
‘É possível que sintamos saudades da Selic a 13,75% ao ano’, diz analista: onde investir na renda fixa após o Copom e IPCA de novembro?
De tédio nenhum investidor está sofrendo nesta semana. Duas divulgações macroeconômicas importantes rondam os noticiários durante esses dias. A última terça-feira (10) começou com o anúncio do IPCA de novembro, que desacelerou 0,39% e acumula 4,87% nos últimos 12 meses – bem acima do teto da meta de inflação, estabelecido em até 4,5%. O indicador […]
Ninguém escapa da Selic a 12,25%: Ações do Carrefour (CRFB3) desabam 10% e lideram perdas do Ibovespa, que cai em bloco após aperto de juros pelo Copom
O desempenho negativo das ações brasileiras é ainda mais evidente entre as empresas cíclicas e companhias que operam mais alavancadas
Caça ao tesouro (Selic): Ibovespa reage à elevação da taxa de juros pelo Copom — e à indicação de que eles vão continuar subindo
Copom elevou a taxa básica de juros a 12,25% ao ano e sinalizou que promoverá novas altas de um ponto porcentual nas próximas reuniões
É hora de ser conservador: os investimentos de renda fixa para você se proteger e também lucrar com a Selic em alta
Banco Central aumentou o ritmo de elevação na taxa básica de juros, favorecendo os investimentos atrelados à Selic e ao CDI, mas investidor não deve se esquecer de se proteger da inflação
Selic vai a 12,25% e deixa renda fixa conservadora ainda mais atrativa; veja quanto rendem R$ 100 mil na sua reserva de emergência
Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (11), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
No adeus de Campos Neto, Copom pisa mais fundo no acelerador, eleva Selic para 12,25% e indica taxa acima dos 14% no ano que vem
Trata-se da terceira elevação da taxa desde o final do ciclo de corte nos juros, em setembro. E novos ajustes da mesma magnitude devem ocorrer nas próximas reuniões
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Encontros e despedidas: Ibovespa se prepara para o resultado da última reunião do Copom com Campos Neto à frente do BC
Investidores também aguardam números da inflação ao consumidor norte-americano em novembro, mas só um resultado muito fora da curva pode mudar perspectiva para juros
Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea
De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país
Campos Neto dá adeus ao BC, mas antes deve acelerar a alta dos juros e Selic pode ficar acima dos 12% ao ano; confira as previsões para o Copom
A principal expectativa é por uma alta de 0,75 ponto percentual na taxa, mas os especialistas não descartam um desfecho alternativo e ainda mais restritivo para a reunião de hoje
Alimentação ainda pesa, e IPCA se aproxima do teto da meta para o ano — mas inflação terá poder de influenciar decisão sobre juros amanhã?
Além de Alimentação e bebidas, os grupos que também impactaram o IPCA foram Transportes e Despesas pessoais
Ibovespa aguarda IPCA de novembro enquanto mercado se prepara para a última reunião do Copom em 2024; Lula é internado às pressas
Lula passa por cirurgia de emergência para drenar hematoma decorrente de acidente doméstico ocorrido em outubro
Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força
Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024
Felipe Miranda: Histerese ou apenas um ciclo — desta vez é diferente?
Olhando para os ativos brasileiros hoje não há como precisar se teremos a continuidade do momento negativo por mais 18 meses ou se entraremos num ciclo mais positivo
Até 9% acima da inflação e isento de IR: onde investir para aproveitar as altas taxas de juros da renda fixa em dezembro
BTG e Itaú BBA indicam títulos do Tesouro Direto e papéis de crédito privado incentivados com rentabilidades gordas em cenário de juros elevados no mercado
Apostas em alta de 1 ponto na Selic dominam mercado de opções da B3 e taxas de Tesouro IPCA+ voltam a superar os 7% antes do Copom
Vale relembrar que, até a semana passada, a aposta dominante já era de que o Copom acelerasse o ritmo de aperto, mas para 0,75 ponto percentual
Fundo imobiliário KNCR11 vai pagar dividendos menores em dezembro, mas cotas sobem; entenda o que anima o mercado
A diminuição da distribuição dos proventos pelo KNCR11 já era esperada pelos cotistas; o pagamento será depositado ainda nesta semana
Um alerta para Galípolo: Focus traz inflação de 2025 acima do teto da meta pela primeira vez e eleva projeções para a Selic e o dólar até 2027
Se as projeções se confirmarem, um dos primeiros atos de Galípolo à frente do BC será a publicação de uma carta pública para explicar o estouro do teto da meta
Atualização pela manhã: desdobramentos da guerra na Síria, tensão no governo francês e expectativas com a Selic movimentam bolsas hoje
A semana conta com dados de inflação no Brasil e com a decisão sobre juros na próxima quarta-feira, com o exterior bastante movimentado