Tesouro IPCA+ volta a oferecer retorno de 7% acima da inflação em meio à disparada dos juros futuros e do dólar
A volatilidade vista no mercado que impulsiona os juros futuros e, consequentemente, as taxas dos títulos do Tesouro Direto, é provocada pela divulgação do aguardado pacote de corte de gastos do governo
O Tesouro Direto IPCA+, título público indexado à inflação, voltou a oferecer um retorno de 7% ao ano acima do índice oficial de preços do Brasil nesta quinta-feira (28). Em meio à disparada dos juros futuros e do dólar hoje, o título com vencimento em 2029 registra rentabilidade anual de IPCA + 7,11%.
Vale relembrar que os ativos já tinham sido impactados pela abertura da curva de juros ontem. A forte volatilidade dos futuros de DIs, principal referência das projeções do mercado em relação ao rumo das taxas, levou à suspensão das negociações dos Tesouro IPCA+ e também dos títulos do tipo prefixado.
- Previdência Privada, Tesouro Renda+ ou Seguro de Vida? Guia gratuito do Seu Dinheiro ajuda a escolher a melhor opção de investimento para a sua aposentadoria
Os DIs voltam a registrar alta em toda a curva nesta sessão. Apesar de terem se afastados das máximas após o Tesouro anunciar antecipadamente ofertas de lotes de títulos prefixados (LTN) e prefixado com juros semestrais (NTN-F), as pontas mais longas ainda superam os 13,5%.
Além disso, o dólar também opera com fortes ganhos e renova as máximas históricas. A moeda-norte americana chegou a tocar os R$ 5,99 mais cedo e, por volta das 10h50, estava cotada em R$ 5,9768, enquanto o Ibovespa recuava 0,7% no mesmo horário.
O que impulsiona os DIs e as taxas do Tesouro Direto hoje?
A volatilidade vista no mercado que impulsiona os juros futuros e, consequentemente, as taxas dos títulos do Tesouro Direto, é provocada pela divulgação do aguardado pacote de corte de gastos do governo.
A informação de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria ontem um pronunciamento em rede nacional para tratar do tema veio acompanhada de rumores de que Haddad não falaria só de cortes, mas também de uma proposta para isentar cobrança de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Leia Também
Tony Volpon: 2025, o ano Trump
A medida é uma das principais promessas de campanha do presidente Lula, que, segundo fontes ouvidas pela imprensa, exigiu a inclusão da atualização da tabela do IR no pacote para compensar outras iniciativas menos populares, como cortes em benefícios populares e uma trava no reajuste do salário mínimo.
Haddad confirmou o aumento na faixa de isenção durante o pronunciamento, destacando que a perda na arrecadação seria compensada por um aumento na tributação para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês.
Mas a fonte alternativa de receita e o detalhamento das demais medidas do pacote de corte de gastos do governo, feita em coletiva realizada mais cedo, não foram o suficiente para acalmar os ânimos nos mercados e esfriar a alta dos juros futuros hoje.
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo
Com isso, as taxas do Tesouro IPCA+ e dos títulos prefixados mantêm-se em alta. Vale destacar que, no curto prazo, os títulos atrelados à inflação ficam abaixo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
No longo prazo, no entanto, o Tesouro IPCA+ é imbatível. De acordo com os cálculos do analista de renda fixa do banco Inter, Rafael Winalda, considerando janelas de 60 meses (5 anos) e um retorno de 7% ao ano + IPCA versus a variação da Selic, a rentabilidade indexada à inflação vence a taxa básica nos períodos mais longos desde 2011.
"Como a realidade da economia brasileira era bem diferente no início do século, passando por amplas reformas, diminuição da dívida, entre outros, a Selic superava os 20% ao ano, tornando-a bem mais atrativa do que muitos investimentos. Agora com outra dinâmica, mesmo com o patamar de juros atual, o IPCA+ tende a performar melhor em janela de horizonte maior", diz Winalda em relatório publicado neste mês.
Já ao comparar o retorno do IMA-B, que mede o desempenho de uma cesta de títulos Tesouro IPCA+ de múltiplos vencimentos, com o da Selic de 2018 para cá, o analista constata que o índice de títulos públicos indexados à inflação venceu a taxa básica com folga, conforme mostra o gráfico:
"Devido ainda às altas taxas de inflação no Brasil e os prêmios de juros também elevados, o IMA-B acaba sendo uma opção muito rentável, principalmente alongando a janela", diz o relatório.
Por fim, Winalda analisou o desempenho em 20 anos do Tesouro IPCA+ emitido em 2004 e que venceu no último mês de agosto. O retorno acumulado do papel foi de 1.337%, ou cerca de 14% ao ano, quase o dobro dos 717% do CDI (taxa de juros que reflete a Selic) no período. Já a inflação foi de 315%.
"Ter aplicado em 2004 e só vendido no vencimento, 20 anos de aplicação, você teria multiplicado seu capital por 14 vezes", diz o analista.
Agenda econômica: Payroll, Livro Bege e discurso do presidente do Fed dominam a semana; no Brasil, PIB ganha destaque
Agenda econômica desta semana conta ainda com relatório Jolts nos EUA e PIB na Zona do Euro; no cenário nacional, pacote fiscal e dados da inflação do país ficam no radar
A Selic vai a 14%? Pacote de corte de gastos considerado insuficiente leva mercado a apostar em juros ainda mais altos
Mercado já começa a reajustar as estimativas para a taxa básica de juros e agora espera uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom
Dólar atinge R$ 6,10 e juros futuros disparam: nem fala do futuro presidente do Banco Central segurou os mercados hoje
Gabriel Galípolo tentou colocar panos quentes nos anúncios mais recentes do governo, afirmando perseguir a meta de inflação e sinalizar a continuidade do aperto da Selic
Um presente e um almoço: pregão espremido entre feriado e fim de semana deve trazer volatilidade para bolsa brasileira hoje
Em dia de pagamento da primeira parcela do décimo terceiro e Black Friday, investidor deve continuar a digerir o pacote apresentado por Haddad
Ranking do Tesouro Direto do mês: retorno dos títulos públicos vira para o vermelho na reta final de novembro com pacote de corte de gastos
Títulos prefixados e indexados à inflação caminhavam para fechar o mês em alta, mas viraram para queda após anúncio de Haddad
Dólar e bolsa na panela de pressão: moeda americana bate R$ 6 na máxima histórica e Ibovespa fecha na casa dos 124 mil pontos com pacote do governo
Sem Nova York, investidores brasileiros reagem negativamente à coletiva de Haddad e, em especial, à proposta do governo de ampliar a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil
Seu pacote chegou! Haddad confirma corte de R$ 70 bilhões, mas isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil deve pesar na bolsa hoje
O feriado do dia de Ação de Graças mantém as bolsas dos Estados Unidos fechadas por hoje e amanhã, o que deve aumentar a volatilidade global
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Caos nos mercados? Dólar sobe a R$ 5,9135 e Ibovespa fecha na mínima, aos 127.668,61 pontos — o que mexeu com as bolsas aqui e lá fora
Nos EUA, uma enxurrada de indicadores refletiram o comportamento das bolsas antes do feriado. No Brasil, rumores sobre o pacote fiscal seguiram ditando o ritmo das negociações.
Nunca é tarde para diversificar: Ibovespa continua à espera de pacote em dia de revisão de PIB e PCE nos EUA
Haddad pretende começar hoje a apresentação do pacote fiscal do governo aos líderes do Congresso Nacional
Os juros vão parar de cair de vez? Os sinais do BC dos EUA aos investidores antes da última reunião do ano
A ata do encontro do Federal Reserve de novembro dá algumas pistas do que pode acontecer com a taxa referencial na maior economia do mundo antes de Trump chegar
Está mais caro comer fora ou em casa? Alimentação faz IPCA-15 estourar o teto da meta de inflação em novembro
Alimentação e bebidas representaram quase a metade da alta da inflação na passagem de outubro para novembro, de acordo com os números divulgados hoje pelo IBGE
Questão fiscal não é o único problema: esses são os 6 motivos que inibem retorno dos investidores gringos para o Brasil, segundo o BTG Pactual
Nos últimos meses, o cenário internacional continuou a se deteriorar para a América Latina, o que prejudica o panorama para investir na região, de acordo com os analistas
COP29 terminou com saldo bem pior que o esperado; e metas para COP30 no Brasil devem ser ainda mais ambiciosas
As medidas adotadas durante a Conferência foram criticadas por entidades que defendem um financiamento público e robusto para combater a emergência climática
O pacote (fiscal) saiu para entrega: investidores podem sentir alívio com anúncio entre hoje e amanhã; bolsas tentam alta no exterior
Lá fora, a Europa opera em alta enquanto os índices futuros de Nova York sobem à espera dos dados de inflação da semana
Agenda econômica: IPCA-15 e dados do Caged são destaques no Brasil; no exterior, PIB e PCE dos EUA dominam semana com feriado
Feriado do Dia de Ações de Graças nos EUA deve afetar liquidez dos mercados, mas agenda econômica conta com dados de peso no exterior e no Brasil
ETFs de bitcoin (BTC) ultrapassam US$ 100 bilhões em ativos enquanto criptomoeda flerta com os US$ 100 mil
Movimento vem após as opções sobre o popular ETF iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, começarem a ser negociadas na Nasdaq na terça-feira (19)
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Apesar de volatilidade no curto prazo, em janelas de tempo maiores, título indexado à inflação é bem mais rentável que a taxa básica
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.