Ação histórica do BC tira dólar dos R$ 6,30: moeda americana recua 2,27% e Ibovespa fecha nos 121 mil pontos após dia de caos nas bolsas
Em Wall Street, bolsas ensaiam recuperação depois do tombo do dia anterior; por lá, BC sinaliza menos cortes de juros em 2025 e Trump faz declaração polêmica
O ditado diz que depois da tempestade, vem a bonança — mas, para os mercados brasileiros, parece que o pior ainda não passou. A bolsa e o dólar continuaram sentindo os efeitos da sessão conturbada de quarta-feira (18). Lá fora, o desempenho também não foi dos melhores.
As nuvens continuavam carregadas durante a manhã. O Banco Central entrou no mercado à vista com um leilão de US$ 3 bilhões para tentar baixar a temperatura do câmbio, mas pouco adiantou. A moeda norte-americana bateu a máxima do dia ao tocar os R$ 6,30 (+0,55%).
Cerca de uma hora depois, o BC voltou a agir com um novo leilão à vista de até US$ 5 bilhões. Dessa vez, a operação conseguiu trazer algum alívio: o dólar caiu para as mínimas da sessão e acabou fechando o dia em queda de 2,27%, a R$ 6,1237.
Do lado da bolsa, o Ibovespa avançou para o nível de 121 mil pontos depois de perder a marca com o tombo de 3% de ontem. O índice, que já renovou máxima intradiária hoje, recebeu ajuda das ações ligadas à commodity, em especial, da Petrobras (PETR4) durante boa parte da sessão e fechou aos 121.187,91 pontos (+0,34%).
Além da escalada do dólar mais cedo, também chamou atenção a disparada dos juros futuros — os mais longos chegaram a subir 50 pontos-base.
O que mexeu com a bolsa e o dólar hoje
Além do risco fiscal, o mercado brasileiro precificou a piora das projeções de inflação — para cima a partir de 2025 — e do crescimento da atividade — para baixo — trazida pelo relatório trimestral de inflação (RTI), divulgado mais cedo.
Leia Também
Vale lembrar que o Comitê de Política Monetária (Copom) já havia informado, no comunicado da semana passada, a elevação das estimativas para o IPCA de 2024 e 2025, para 4,9% e 4,5%, respectivamente.
Às vésperas do recesso parlamentar, que começa na segunda-feira (23), a Câmara aprovou em dois turnos o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição do pacote fiscal, que traz alterações no abono salário e no Fundeb.
A PEC também impõe limites aos supersalários e prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU), além de autorizar o ajuste orçamentário em subsídios e subvenções. Após o fechamento, houve a votação da PEC em segundo turno. Como esperado, há pontos que levam a uma desidratação das medidas, já vistas como insuficientes.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou sessão semipresencial hoje para a votação das propostas que formam o pacote, e disse que pode convocar sessão no sábado (21) para votar também as leis orçamentárias.
No RTI, o Banco Central afirma que o pacote fiscal apresentado pelo governo parece não ter gerado impacto positivo sobre a percepção de analistas do mercado acerca das contas públicas.
"Em parte, essa reação está associada à avaliação de que as medidas fiscais são insuficientes", disse o BC.
E essa percepção que pressiona o câmbio. Apesar do alívio após o segundo leilão do BC no mercado à vista, o dólar acumula alta de 7% em 30 dias e de quase 30% no ano.
Com as operações desta quinta-feira, o BC já injetou US$ 20,760 bilhões no mercado de câmbio desde o último dia 12. Ao todo, US$ 13,760 bilhões foram injetados em leilões à vista, e o restante, em leilões de linha, com compromisso de recompra.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária continuará atuando, mas que não há muito mais a ser feito.
"A gente entende que nesse momento, com as outras fragilidades que existem e com o fluxo [de saída] que é muito acima da média, o Banco Central precisa atuar na forma como a gente está atuando", afirmou.
"A gente está mapeando o fluxo no dia a dia. Temos uma percepção de que um pedaço grande do fluxo vem até sexta-feira, até semana que vem, porque a gente tem uma semana de Natal e Ano Novo onde você tem um volume menor de operações", explicou.
Vale lembrar que a valorização do dólar também acontece na esteira da decisão do Federal Reserve (Fed) do dia anterior. O banco central norte-americano cortou, como esperado, os juros em 25 pontos-base, mas sinalizou que tem espaço para reduzir o ritmo de afrouxamento em 2025.
O Seu Dinheiro detalhou a decisão do Fed e você pode conferir tudo aqui.
Ainda assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que a taxa de câmbio no Brasil está pressionada por especulações, mas que deve haver uma acomodação adiante.
“A previsão de inflação para o ano que vem, a previsão de câmbio para o ano que vem, até aqui, nas conversas com as grandes instituições, são melhores do que as que os especuladores estão fazendo”, afirmou.
Em resposta, Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, disse hoje que a ideia de um ataque especulativo contra o real não explica bem a situação do câmbio neste momento.
"Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias", afirmou.
"Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem", acrescentou.
SELIC ALTA e AJUSTE FISCAL podem AFETAR ações PAGADORAS de DIVIDENDOS? ENTENDA
Wall Street de ressaca?
Em Wall Street, as bolsas iniciaram a sessão com alta de mais de 1%, buscando correção das perdas de ontem após o Fed sinalizar menos cortes de juros em 2025. Mas logo perderam o fôlego. O Dow Jones foi único a terminar o dia no azul.
No mercado de dívida, no entanto, a pressão continuou. O yield (rendimento) dos títulos do Tesouro de 10 anos — usado como referência no mercado — subiu para 4,569% na manhã de hoje, após saltar mais de 13 pontos e cruzar 4,50% no dia anterior.
Além da decisão do Fed, declarações do presidente eleito Donald Trump também ajudam a levar os yields às máximas. O republicano que disse desaprovar o orçamento provisório sugerido pelo Congresso e que apoiaria abolir teto da dívida.
Os investidores também olham para novos dados divulgados hoje. A economia dos EUA cresceu em um ritmo mais rápido no terceiro trimestre do que o estimado anteriormente, de acordo com a última leitura do Departamento de Comércio.
O Produto Interno Bruto (PIB) acelerou em um ritmo anualizado ajustado sazonalmente de 3,1% entre julho e setembro, 0,3 ponto percentual melhor do que a leitura anterior e acima da estimativa de consenso de 2,9% da Dow Jones.
Os gastos do consumidor, que respondem por cerca de dois terços de toda a atividade na economia dos EUA de US$ 29,4 trilhões, aumentaram 3,7% no trimestre, 0,2 ponto percentual mais rápido do que a estimativa anterior.
Junto com o PIB, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou dados de inflação do terceiro trimestre. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed — subiu ao ritmo anualizado de 1,5%, em linha com as leituras anteriores.
No mercado de trabalho, os pedidos iniciais de seguro-desemprego caíram de volta à tendência recente, após um breve pico: totalizaram 220.000 na semana encerrada em 14 de dezembro, um declínio de 22.000 em relação ao período anterior e menor do que a estimativa do Dow Jones de 230.000.
- VEJA MAIS: ação que pagou dividendos de 14% em 2024 pode saltar na bolsa graças a pagamento extraordinário
As bolsas e o dólar mundo afora
O mercado global reage, de modo geral, à sinalização do Fed de que as condições monetárias serão mais rígidas em 2025.
As principais bolsas da Europa recuaram mais de 1%, enquanto os yields dos títulos públicos europeus sobem — o spread entre os papéis do Reino Unido e da Alemanha atingiu 243 pontos-base, o maior em 34 anos.
O mercado na Ásia também levou um tombo hoje.
No Japão, além do Fed, os investidores avaliaram a decisão do BoJ de manter os juros inalterados em 0,25% pela terceira reunião consecutiva.
O iene caiu 0,74% para 155,94 contra o dólar, atingindo o menor patamar em um mês, enquanto o governador do BoJ, Kazuo Ueda, disse que o banco central japonês elevará os juros se a economia se mover de acordo com a previsão.
Em resposta à ação do banco central, o Nikkei 225 perdeu 0,69% para fechar em 38.813,58, enquanto o Topix caiu 0,22%, fechando em 2.713,83.
Na China, o yuan perdeu força, a 7,3218 em relação ao dólar. Amanhã (20), o BC chinês deve divulgar as taxas de empréstimo de referência.
A taxa básica de juros de um ano, que afeta os empréstimos corporativos e a maioria das famílias, foi mantida em 3,1% no mês passado e a LPR de 5 anos, uma referência para hipoteca, foi mantida em 3,6%, após um corte de 25 pontos-base em outubro.
As autoridades chinesas prometeram adotar uma postura de política monetária "moderadamente frouxa" no início deste mês, levando o mercado a prever mais cortes de taxas no futuro.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M.Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
Ibovespa desafia a gravidade e tem a melhor performance desde o início do Plano Real. O que esperar agora?
Em Wall Street, as bolsas de Nova York seguiram voando às cegas com relação à divulgação de indicadores econômicos por conta do maior shutdown da história dos EUA, enquanto os valuations esticados de empresas ligadas à IA seguiram como fonte de atenção
Dólar em R$ 5,30 é uma realidade que veio para ficar? Os 3 motivos para a moeda americana não subir tão cedo
A tendência de corte de juros nos EUA não é o único fato que ajuda o dólar a perder força com relação ao real; o UBS WM diz o que pode acontecer com o câmbio na reta final de 2025
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa e Minerva (BEEF3) fica na lanterna; confira o sobe e desce das ações
O principal índice da bolsa brasileira acumulou valorização de 3,02% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão da semana no nível inédito dos 154 mil pontos
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da Cogna (COGN3) desabaram mesmo depois de um “trimestre limpo”?
As ações passaram boa parte do dia na lanterna do Ibovespa depois do balanço do terceiro trimestre, mas analistas consideraram o resultado como positivo
Fred Trajano ‘banca’ decisão que desacelerou vendas: “Magalu nunca foi de crescer dando prejuízo, não tem quem nos salve se der errado”
A companhia divulgou os resultados do segundo trimestre ontem (6), com queda nas vendas puxada pela desaceleração intencional das vendas no marketplace; entenda a estratégia do CEO do Magazine Luiza
Fome no atacado: Fundo TRXF11 compra sete imóveis do Atacadão (CAFR31) por R$ 297 milhões e mantém apetite por crescimento
Com patrimônio de R$ 3,2 bilhões, o fundo imobiliário TRXF11 saltou de 56 para 74 imóveis em apenas dois meses, e agora abocanhou mais sete
A série mais longa em 28 anos: Ibovespa tem a 12ª alta seguida e o 9° recorde; dólar cai a R$ 5,3489
O principal índice da bolsa brasileira atingiu pela primeira vez nesta quinta-feira (6) o nível dos 154 mil pontos. Em mais uma máxima histórica, alcançou 154.352,25 pontos durante a manhã.
A bolsa nas eleições: as ações que devem subir com Lula 4 ou com a centro-direita na Presidência — e a carteira que ganha em qualquer cenário
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual, fala sobre como se posicionar para as eleições de 2026 e indica uma carteira de ações capaz de trazer bons resultados em qualquer cenário
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro