Quando se fala em Petrobras (PETR4) é impossível não mencionar números gigantes. O mais recente foi o lucro recorde de R$ 188 bilhões no ano passado, o que representa um aumento de 76,6% sobre 2021. Mas outra cifra chamou ainda mais a atenção: o pagamento histórico de dividendos.
No total, a petroleira vai distribuir até R$ 215 bilhões aos acionistas sobre os resultados de 2022. Ou seja, a estatal aproveitou a folga de caixa para devolver um valor maior até mesmo que o lucro anual.
O valor final dos dividendos vai depender da decisão dos acionistas. Isso porque o conselho de administração da Petrobras, agora sob a gestão do governo Lula, propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões para compor uma reserva.
Seja como for, o investidor que vem aguentando o solavanco dos papéis da Petrobras na B3 não tem do que reclamar. Quem tiver as ações na carteira no dia 27 de abril terá o direito de receber na conta o equivalente a R$ 2,74 por ação pelos dividendos do quarto trimestre. Só esse valor equivale a um retorno (yield) de 11% (ou 9% se houver retenção).
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E quem investiu R$ 1000 em Petrobras (PETR4) no fim de 2021?
O investidor que comprou ações da Petrobras no fim de 2021 e teve sangue frio para manter os papéis ao longo do ano ganhou ainda mais.
O retorno apenas com dividendos para quem virou e permaneceu acionista da estatal durante todo o ano foi de impressionantes 67,7%, de acordo com cálculos da Empiricus Research.
Na prática, isso significa que a Petrobras vai depositar um total R$ 677,70 na conta de quem investiu R$ 1.000 em ações da Petrobras no último pregão da B3 de 2021. Nem preciso dizer que, quanto mais ações, maior o valor do dinheiro que entra na conta.
Uma parte desses dividendos já caíram na conta ao longo de 2022 e a outra vem neste ano. A estatal programou o pagamento referente ao resultado do quarto trimestre para os dias 19 de maio e 16 de junho. Lembrando que o investidor também precisará ter ações da Petrobras no dia 27 de abril para receber essas duas últimas parcelas.
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Anúncio dos dividendos traz alívio, mas...
A confirmação dos dividendos sobre o resultado do quarto trimestre trouxe um alívio para o mercado, já que havia dúvidas se a Petrobras manteria a distribuição.
Ainda assim, as ações da Petrobras seguem sob pressão diante da incerteza sobre os rumos que o governo petista pretende dar à companhia.
De todo modo, a volatilidade nas ações da Petrobras está longe de ser novidade. Desde o ano passado, ainda com Jair Bolsonaro na Presidência, a estatal vem sendo questionada sobre a política de preços dos combustíveis.
O estopim foi a disparada do petróleo com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Como a atual política de preços dos combustíveis da Petrobras tem como referência as cotações internacionais, ficou bem mais caro encher o tanque para os brasileiros em 2022.
A saída do então presidente para aliviar o efeito da alta do petróleo nos postos foi isentar temporariamente os combustíveis dos impostos federais.
O problema é que o governo Lula herdou essa conta, e agora precisou restabelecer o imposto para evitar um rombo ainda maior nas contas públicas. Agora, o petista busca uma saída para a questão dos combustíveis. E o temor do mercado é que essa conta acabe justamente no colo da Petrobras.
Mais que dividendos, Petrobras devolve R$ 359 bilhões à União
Apesar de todo o ruído, a União é a grande beneficiada pelos resultados da Petrobras. Principal acionista da companhia, a União receberá o maior pedaço do bolo dos dividendos de 2022 — algo em torno de R$ 80 bilhões, nas contas do Credit Suisse.
Mas os dividendos não são a única forma de a Petrobras remunerar os cofres públicos, de acordo com o banco suíço. Os analistas lembram que a companhia pagou outros R$ 279 bilhões em impostos, royalties e participações especiais ao longo do ano passado.
Isso significa que, no total, a Petrobras trouxe um retorno de R$ 359 bilhões ao país apenas em 2022. Esse valor equivale a praticamente 100% do valor de mercado da companhia na B3.
Em outras palavras, a Petrobras rendeu uma Petrobras ao governo brasileiro apenas no ano passado. E essa nem sempre foi a regra. Basta lembrar que a estatal ficou quatro anos seguidos — de 2014 a 2017 — sem distribuir um real sequer em dividendos.