Alguns motivos ajudam a explicar o lucro recorde de R$ 188,3 bilhões anunciado pela Petrobras (PETR4) na quarta-feira (1º), entre eles a venda de ativos e a atual política de preços da empresa, especialmente para importações. Mas outro fator chave está na cotação do barril de petróleo — que chegou ao pico de US$ 127,98 em março passado — um fato que não deve se repetir.
Logo, vai ser difícil a companhia repetir o feito e bater mais um recorde de lucro, independente da sua administração — aqui não importa se temos Bolsonaro ou Lula no comando. E sem lucro recorde também não existe dividendo inédito no bolso de nenhum acionista.
E, durante teleconferência realizada mais cedo, o novo presidente da estatal, Jean Paul Prates, foi bastante questionado sobre possíveis mudanças na política de distribuição de proventos da empresa daqui em diante.
Vale lembrar que essa foi a primeira aparição dele neste tipo de evento com o mercado.
Sem dizer quando haverá definições sobre o tema, ele se limitou a falar que o pagamento acontecerá conforme o lucro obtido pela empresa. Assim, grandes lucros trarão bons dividendos. Mas ponderou que as condições que levaram a Petrobras ao lucro recorde podem não se repetir, especialmente as mais ligadas aos fatores macroeconômicos.
"Temos circunstâncias diferentes. Em 2022 houve um retomada da economia global pós-covid que resultou no aumento do preço do petróleo", disse o executivo.
Ele comentou, ainda, que é necessário que exista um equilíbrio entre utilizar o lucro da empresa para fazer bons investimentos para seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, remunerar seus acionistas.
- Quer começar a ganhar dinheiro com dividendos, mas não sabe quais são as melhores ações para investir? O Seu Dinheiro preparou um treinamento exclusivo para os leitores. Ao final das 3 aulas, você já será capaz de comprar sua primeira ação pagadora de dividendos e ainda vai poder acessar GRATUITAMENTE uma lista com os 16 melhores papéis para buscar renda extra na bolsa. Clique aqui para acessar.
"Tenho dúvidas se há necessidade de haver regras tão rígidas sobre o percetual de distribuição de dividendos, essa relação precisa ser mais fluída nas empresas", comentou Prates, em um comentário que tende a desagradar os investidores.
A reação das ações da Petrobras (PETR4)
No pregão desta quinta-feira (2), parece que há quem dê um voto de confiança aos novos executivos e seus projetos e quem prefira se manter afastado do ativo.
Mais cedo, PETR4 e PETR3 chegaram a ficar entre as maiores quedas do pregão, mas inverteram o sinal no início da tarde. Por volta das 13h42, os papéis ordinários subiam 0,45%, cotados a R$ 28,88, enquanto os preferenciais avançavam 0,40%, a R$ 25,40.

O movimento também ajudou a suavizar a queda do Ibovespa, que cedia somente 0,06% no mesmo horário, aos 104.326 pontos.
Em relatório, o Goldman Sachs elogia o bom resultado da companhia, mas mantém sua recomendação neutra para a Petrobras, evidenciando que o nível de incerteza sobre as políticas futuras da empresa ainda é alto.
O preço-alvo do banco para PETR3 é de R$ 28,90 — um potencial de valorização de apenas 0,5% se considerado o fechamento anterior.
Já o preço-alvo de PETR4 é de R$ 26,30 — potencial de 3,9% de alta.
A XP Investimentos, também em relatório, destaca "mais um trimestre de forte e robusta geração de fluxo de caixa". Ainda que os analistas mantenham a recomendação de compra, a equipe ressalta que trata-se de um ativo de alto risco, além de pontuar que a distribuição de dividendos conforme previsto ainda está sujeita à aprovação.
O JP Morgan, por sua vez, aponta que os dividendos anunciados foram positivos, apesar dos ruídos que envolvem o assunto. Ainda assim, o relatório diz que essa discussão segue longe de acabar.
"Nossa visão é de que parece haver uma vontade de pagar pelo menos o mínimo dividendo, o que significa que tudo está acontecendo de acordo com as regras, que é obviamente positivo, a nosso ver", traz o documento, que também elogia a atuação da área de refino e o sólido fluxo de caixa operacional.