Depois de ir na contramão da concorrência em um dia negativo para as demais empresas de maquininhas, a Cielo (CIEL3) voltou a surpreender nesta quarta-feira (2) com uma alta de 98% no lucro líquido consolidado em 2021, a R$ 970,5 milhões.
O valor - que praticamente dobrou em relação ao ano anterior - foi impulsionado pela expansão na vertente de antecipação de recebíveis e pela melhora no desempenho das subsidiárias e, de fato, impressiona à primeira vista.
Mas uma olhada para as outras linhas do balanço do quarto trimestre da líder do mercado de maquininhas e a lembrança de que a base de comparação foi fortemente afetada pela pandemia de covid-19 mostram que os dados podem não ser assim tão animadores.
Em 2020, a Cielo fechou o ano com uma queda de 68,3% em seu lucro líquido, com apenas R$ 490,2 milhões acumulados, contra R$ 1,5 bilhão registrado em 2019. Ou seja, ainda há uma distância de mais de 54% em relação ao resultado do ano anterior e do período pré-pandemia.
Ainda assim, vale destacar que a empresa tem reportado crescimento nos últimos cinco trimestres consecutivos - com alta de 13% entre outubro e dezembro, na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Apesar disso, as ações não acompanham o desempenho financeiro e ainda são penalizadas na bolsa, recuando 44,5% nos últimos 12 meses.
Pesam sobre os papéis CIEL3 a concorrência com empresas mais ágeis e eficientes e a alta da taxa Selic, que encarece o crédito. A base de clientes ativos, por exemplo, recuou 14,2% no 4T21, em relação ao mesmo período de 2020, para 1,2 milhão.
Salva pelos recebíveis
Entre os destaques do trimestre estão os chamados produtos de prazo, soluções que possibilitam a antecipação do fluxo de recebíveis de transações a crédito à vista ou parcelado.
Segundo a empresa, o segmento “apresentou um novo salto de penetração no varejo, atingindo 44,8% no 4T21”.
O Receba Rápido, serviço que garante o dinheiro das vendas em dois dias, foi o grande responsável pelo crescimento, aumentando de 28,5% para 40,8% (na base anual) a penetração nos últimos três meses do ano.
“A companhia vem buscando expandir sua atuação em cadeia de valor, com a oferta de serviços de maior valor agregado para a base de clientes”, destaca o comunicado.
Despesas em dia
Além dos novos serviços, a Cielo também mantém um controle rigoroso das dívidas para garantir um balanço positivo.
O ratio de gastos, relação entre gastos totais e o volume financeiro de transações, ficou em 0,55% no quarto trimestre, menor patamar da série histórica.
Os gastos totais avançaram 5,8% na comparação anual e 6,5% em relação ao terceiro trimestre, “a despeito dos novos investimentos e da inflação do período”, conforme ressalta a empresa.
Veja outros destaques do balanço de 2021, sempre na comparação com o ano anterior:
- Receita operacional líquida: R$ 11,68 bilhões (+4,5%);
- Ebitda consolidado: R$ 2,6 bilhões (+30,1%);
- Resultado líquido consolidado da Cielo Brasil: R$ 687,9 milhões (+72,1%);
- Resultado líquido consolidado da Cateno: R$ 438,7 milhões (+34,9%);
- Prejuízo líquido consolidado das outras controladas: R$ 156,1 milhões (-33,5%).