Voltando para casa
Rotina de trabalho de Bolsonaro deve ser retomada aos poucos, mas urge uma definição sobre o desenho da reforma da Previdência
Depois de 18 dias internado em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro está de volta a Brasília. A rotina de trabalho deve ser retomada aos poucos, mas urge uma definição sobre o desenho da reforma da Previdência, depois de vazamentos e “batidas de martelo” sobre idade mínima para homens e mulheres. O presidente também tem de reconquistar o espaço perdido na sua ausência, que foi ocupado por declarações diárias do vice, Hamilton Mourão, que falou sobre todos os assuntos possíveis e imagináveis. Não existe vácuo em política.
Vamos para Brasília! Brasil acima de tudo; Deus acima de todos! 🇧🇷 pic.twitter.com/Ej8C5lvcH9
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 13, 2019
O ministro Paulo Guedes fez uma breve e curiosa participação em evento na manhã deste dia. Voltou a atacar as transferências de renda perversas e disse que aqueles que pedem subsídios e outras benesses “quebraram o Brasil”. Será que os produtores de leite se encaixam aqui?
Guedes, que é crítico ácido e contumaz de “privilégios”, fez um afago à plateia composta de servidores públicos dizendo que “nós somos servidores públicos muito mais do que autoridades”. Depois soltou uma frase enigmática: “tem gente que está acima e empurra a gente para um lado e para o outro e não são as melhores direções”.
No lado prático da coisa, está agendada para o dia 26 a sabatina com Roberto Campos Neto, indicado à presidência do Banco Central (BC). O momento será importante para sabermos o que pensa Campos Neto como banqueiro central, pois ele fez praticamente um voto de silêncio desde sua indicação ao posto em 15 de novembro. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) está com um “bom nome”, segundo amigo da equipe econômica. Omar Aziz (PSD-AM) comanda a CAE e disse que atendeu a um pedido do próprio Campos para agendar a sabatina e em conversa com jornalistas criticou a decisão do governo de compensar o fim da tarifa antidumping do leito em pó. “O ministro da Fazenda não pode fazer uma coisa de manhã e de tarde ser desfeita”, disse Aziz, complementando que “Bolsonaro comemorou uma vitória em cima do governo dele. Isso não dá tranquilidade a nenhum investidor”.
Resumindo, Aziz chegou batendo no governo e defendendo Guedes. Vamos ver qual será a postura quando o alvo do corte de subsídios e outras benesses for a Zona Franca de Manaus, que conta com uma isenção fiscal anual na casa dos R$ 25 bilhões. Guedes já falou em fazer um corte linear em todos as renúncias fiscais, que beiram os R$ 300 bilhões por ano.
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