O fim de semana e a segunda-feira foram de repercussão do que parece ter sido uma mudança na estratégia de comunicação e de postura do presidente Jair Bolsonaro com relação à reforma da Previdência. No fim da semana passada, o presidente se manifestou em suas redes sociais e em live no “Facebook” sobre o tema. No sábado, recebeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), onde fez um importante movimento, liberando a negociação de cargos do segundo escalão. A contrapartida é que indicados tenham boa reputação.
Parece um pouco cedo para cravar alguma coisa, mas a decisão de aceitar nomeações pode colocar em evidência um choque ou ponderação do que seria a “velha política” de “toma lá, dá cá”, criticada pelo presidente, com a “nova política”, que teria aspirações partidárias e de alinhamento de programas.
Vencer ou mesmo desafiar o que Milton Friedman chama de “tirania do status quo” é algo particularmente difícil e me parece que o governo vai ter de ceder à “velha política” em nome da construção de uma base de apoio não só para a reforma da Previdência, mas por toda sua agenda. A questão, como sempre, é até que ponto ceder para não correr o risco voltarmos a ver um governo de cooptação e não de coalisão. A alternativa seria uma ruptura com o sistema político como conhecemos, tema que creio embalou a candidatura de Bolsonaro, mas sob o risco de uma paralisia da sua agenda de governo.
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