O Copom jogou um pouco de água no chope dos mercados, mas nada que estrague a festa
O Copom não deu sinais explícitos quanto a um corte de juros no futuro, mas semeou pistas ao longo do comunicado — o que tende a diminuir a frustração do mercado
Um clima de celebração tomou conta dos mercados brasileiros na última quarta-feira (19). O Federal Reserve (Fed) deixou a porta aberta para um corte de juros nos Estados Unidos no futuro — o que levou o Ibovespa ao nível inédito dos 100 mil pontos e derrubou o dólar à vista ao patamar de R$ 3,84.
Faltava apenas um fator para transformar essa comemoração numa festa de arromba: a decisão de política monetária do Copom, com divulgação agendada para o início da noite passada. Só que o órgão não trouxe toda a intensidade que os agentes financeiros estavam esperando.
Não é que o BC tenha estragado as comemorações, longe disso. Mas, para economistas e analistas, o tom assumido pela autoridade monetária brasileira foi menos claro do que se projetava. Nesse contexto, os ativos brasileiros até podem passar por um movimento de correção após o alívio recente, em especial a ponta curta da curva de juros, mas sem oscilações dramáticas.
O Copom manteve a taxa Selic em 6,5%, em linha com as expectativas do mercado. No entanto, o órgão bateu na tecla da aprovação das reformas da Previdência, afirmando que os riscos de frustração com as reformas são preponderantes em relação aos demais fatores de perigo no radar.
"O comunicado mostra que, sem a Previdência, [um corte de juros] não vai nem ser discutido", diz Helena Veronese, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management. "Segue o compasso de espera, mas viramos a chave. Antes, o Copom estava muito atrelado aos dados da economia; agora, vai observar o andamento das reformas".
Esse tom ainda cauteloso assumido pela autoridade monetária, sem se comprometer de maneira mais efetiva com um corte de juros no futuro próximo, pode trazer frustração aos agentes financeiros que apostavam suas fichas numa postura mais explícita do BC. No entanto, o comunicado traz outros fatores que dão pistas a respeito das intenções da instituição.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Sinais
O balanço de riscos apresentado pelo Copom, por exemplo, não utiliza mais a palavra "simétrico", embora não tenha ganhado nenhum termo que indique uma disposição mais explícita para a redução dos juros. Além disso, a autoridade monetária reconheceu que a atividade econômica do país piorou.
E, quanto à questão da Previdência, o órgão diz julgar que "avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva". Assim, fica a dúvida: o que seriam "avanços concretos"?
Para Camila Abdelmalack, economista da CM Capital, a aprovação da reforma no plenário da Câmara, em 1º e 2º turno, pode ser considerada um progresso suficientemente forte para o BC.
Assim, caso os planos do governo sejam concretizados e a proposta receba sinal verde dos deputados antes do recesso do Congresso, no meio de julho, o Copom já poderia reagir na próxima reunião, em 30 e 31 de julho. Ela, no entanto, mantém como cenário-base a manutenção da Selic em 6,5% até o fim do ano.
"O Copom tirou do comunicado algumas frases e algumas palavras que indicavam certa cautela na condução da política monetária, deixando aberta a possibilidade de corte de juros", diz Dan Kawa, diretor de investimentos na TAG, ressaltando que o órgão associou esse movimento à aprovação das reformas.
Paralelos
Os especialistas destacam que os mercados tinham expectativas muito parecidas em relação ao Fed e ao Copom, apostando numa manutenção das taxas de juros, mas também numa sinalização de corte de juros no futuro. E, em linhas gerais, a postura do BC americano foi considerada mais clara.
É o caso de Victor Cândido, economista-chefe da Guide Investimentos. Para ele, o saldo da decisão do Fed foi bastante positivo para os mercados, uma vez que o comunicado mostrou que um dos diretores regionais da instituição — James Bullard, do diretório de St. Louis — já queria cortar as taxas nesta reunião.
Além disso, Cândido ressalta que oito membros do Fed já esperam uma redução nos juros neste ano, enquanto outros nove diretores ainda defendem a estabilidade — ao menos por enquanto. Na reunião passada, um corte de taxas não era vislumbrado em 2019.
Por outro lado, o economista da Guide pondera que o Copom trouxe poucas sinalizações, embora tenha deixado implícito que, com o avanço da agenda de reformas, "o corte vem".
"O BC está esperando as reformas, antes disso não mexe nos juros. O Fed, não: para mim, ele já corta no próximo encontro", diz Veronese, da Azimut.
E agora?
Os mercados brasileiros estarão fechados nesta quinta-feira (20) em função do feriado de Corpus Christi, retornando à ativa apenas na sexta-feira (21). E devem passar por um movimento de ajustes em função do Copom, embora sem grandes solavancos.
Apesar de a autoridade monetária não ter assumido o compromisso de cortar juros já na próxima reunião, as pistas dadas ao longo do comunicado tendem a reduzir a eventual frustração dos mercados, de acordo com Cândido, da Guide. Para ele, a toada positiva dos ativos locais pode continuar no curto prazo.
"Agora, o mercado vai responder à dinâmica da reforma", afirma ele. "Os juros curtos devem abrir um pouco, mas nada demais". Os DIs com vencimento em janeiro de 2020 fecharam a quarta-feira em queda de 6,08% para 6,07%, enquanto as curvas para janeiro de 2021 subiram de 6,02% para 6,03%.
Abdelmalack, da CM Capital, também aposta num ajuste positivo nos DIs de prazo mais curto, dadas as expectativas quanto a uma sinalização mais clara em relação ao corte de juros pelo Copom. "Mas, também há o lado externo. Estaremos fechados na quinta-feira, mas há todo um contexto de guerra comercial lá fora", lembra.
Já Kawa, da TAG, acredita que a postura do Copom e do Fed devem ser suficientes para dar sustentação ao bom momento dos ativos brasileiros. "Para a bolsa, na média, juros mais baixos significam preços para cima, já que a taxa de desconto fica menor", pondera "No curto prazo, o cenário ainda é construtivo para ativos emergentes".
Por fim, Veronese, da Azimut, diz que embora o Copom não tenha sido tão explícito, a pressão do mercado por um corte de juros deve continuar. "Eles deixam claro que [um ajuste] depende da reforma, e o cenário básico do mercado é de aprovação", diz ela.
No vértice longo da curva de juros, os DIs para janeiro de 2023 recuaram de 6,96% para 6,91% na quarta-feira, e os com vencimento em janeiro de 2025 passaram de 7,50% para 7,42%. O dólar à vista caiu 0,30%, para R$ 3,8492.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
