Mercado precifica governo desnorteado
Falta de habilidade do governo para contornar crise leva à deterioração das expectativas em relação ao país, o que se reflete nos preços dos ativos

A semana chega ao fim com os mercados domésticos redobrando a postura defensiva, um dia após a Bolsa brasileira (Ibovespa) e o dólar encerrarem nos piores níveis do ano. Os investidores estão assustados com a perda de capital político do presidente Jair Bolsonaro e a falta de habilidade do governo de contornar a crise, o que leva a uma deterioração das expectativas em relação ao país.
A piora dos negócios locais ontem na reta final do pregão foi um movimento pari passu à fala do presidente, em Dallas. Alguns disseram que a deterioração ocorreu após declarações da Fitch; outros que foi o risco de ruptura em nova barragem da Vale em Minas. Mas quem acompanhou a tela sabe que à medida que Bolsonaro mantinha um discurso de campanha, o investidor - estrangeiro, principalmente - saía do risco Brasil, engrossando o volume financeiro.
Como resultado, o dólar foi superando níveis acima dos R$ 4,00, renovando sucessivas máximas, e o Ibovespa chegou a ser negociado abaixo dos 90 mil pontos, testando novas mínimas. As dificuldades políticas do governo assustam os investidores. Por mais que Bolsonaro não tenha falado nada de mais, ao receber o prêmio de personalidade do ano, em um momento delicado como o atual, esperava-se que o presidente colocasse “panos quentes”, de modo a não agravar ainda mais a situação. Mas o que se viu foi o contrário.
O número de incêndios que o governo precisa apagar é alto. Mas, ao invés disso, Bolsonaro tem jogado mais combustível. O problema é que essa postura tende a prejudicar a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, em um cenário econômico já preocupante. Aliás, vários fatores têm servido apenas para desviar o foco sobre as novas regras para aposentadoria, deixando o assunto de lado em Brasília.
Na lista de focos de tensão, estão os protestos contra os cortes na educação, os indícios de organização criminosa e lavagem de dinheiro no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro; a troca de farpas entre ministros e partido do governo, o PSL, além da má relação entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Bolsonaro.
Diante disso, o governo continua mostrando dificuldade em formar uma base aliada sólida no Congresso, organizando apoio dos parlamentares em torno da reforma da Previdência. O fato é que, sem uma reversão dessa situação política, redirecionando o foco na agenda de reformas, dificilmente o humor do mercado doméstico irá melhorar...
Leia Também
China endurece a retórica
Para piorar a situação, o ambiente externo segue mais desafiador. Apesar do voto de confiança dado por Wall Street ao presidente norte-americano, Donald Trump, em relação à guerra comercial com a China, pode não haver uma saída rápida e fácil para a disputa entre as duas maiores economias do mundo.
A imprensa estatal chinesa minimizou as chances de negociações comerciais enquanto os EUA estiveram jogando seus “pequenos truques para perturbar o clima” - em referência às ameaças de novas tarifas. Ao que tudo indica, a situação entre os dois países deve primeiro se agravar para, então, começar a melhorar, em busca de uma solução. E quanto mais tempo durar o conflito, maiores podem ser os danos à economia global, que já está em ritmo mais lento.
Com isso, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, sinalizando uma interrupção da sequência de três altas consecutivas e contaminando a abertura do pregão europeu, que também avançou pela terceira vez ontem. Na Ásia, Xangai (-2,5%) e Hong Kong (-1,2%) tiveram fortes perdas, reagindo aos comentários veiculados pela Xinhua.
Segundo os veículos que são porta-voz do Partido Comunista, Pequim aguarda “movimentos sinceros” de Washington pelo fim do conflito no comércio. Sem isso, não faz sentido que os representantes norte-americanos venham à China para negociações comerciais. Não há previsão de novas rodadas de conversas, o que indicam uma pausa nas tratativas até a reunião do G-20, no fim do mês que vem, no Japão.
Nos demais mercados, o yuan chinês (renminbi) caiu um pouco mais, renovando o menor valor em em cinco meses, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais, como o euro e o iene. Entre as commodities, o minério de ferro subiu ao maior nível em cinco anos, enquanto o petróleo avança. Nos bônus, o rendimento dos títulos norte-americano (Treasuries) recua.
Mais um dia de agenda fraca
A agenda econômica segue mais fraca nesta sexta-feira. Sem destaques no Brasil, que traz apenas dados regionais sobre os preços no varejo, pela manhã. No exterior, sai a leitura final da inflação ao consumidor (CPI) na zona do euro. Nos EUA, às 11h, serão conhecidos os indicadores antecedentes de abril e a prévia de maio da confiança do consumidor.
Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed
Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições
Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão
CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa
Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim
Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Esquenta dos mercados: Inflação dos EUA não assusta e bolsas internacionais começam semana em alta; Ibovespa acompanha prévia do PIB
O exterior ignora a crise energética hoje e amplia o rali da última sexta-feira
Vale (VALE3) dispara mais de 10% e anota a maior alta do Ibovespa na semana, enquanto duas ações de frigoríficos dominam a ponta negativa do índice
Por trás da alta da mineradora e da queda de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) estão duas notícias vindas da China
Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação
Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda
Commodities puxam Ibovespa, que sobe 1,3% na semana; dólar volta a cair e vai a R$ 5,14
O Ibovespa teve uma semana marcada por expectativas para os juros e inflação. O dólar à vista voltou a cair após atingir máximas em 20 anos
Esquenta dos mercados: Inflação e eleições movimentam o Ibovespa enquanto bolsas no exterior sobem em busca de ‘descontos’ nas ações
O exterior ignora a crise energética e a perspectiva de juros elevados faz as ações de bancos dispararem na Europa
BCE e Powell trazem instabilidade à sessão, mas Ibovespa fecha o dia em alta; dólar cai a R$ 5,20
A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.
Esquenta dos mercados: Decisão de juros do BCE movimenta as bolsas no exterior enquanto Ibovespa digere o 7 de setembro
Se o saldo da Independência foi positivo para Bolsonaro e negativo aos demais concorrentes — ou vice-versa —, só o tempo e as pesquisas eleitorais dirão
Ibovespa cede mais de 2% com temor renovado de nova alta da Selic; dólar vai a R$ 5,23
Ao contrário do que os investidores vinham precificando desde a última reunião do Copom, o BC parece ainda não estar pronto para interromper o ciclo de aperto monetário – o que pesou sobre o Ibovespa
Em transação esperada pelo mercado, GPA (PCAR3) prepara cisão do Grupo Éxito, mas ações reagem em queda
O fato relevante com a informação foi divulgado após o fechamento do mercado ontem, quando as ações operaram em forte alta de cerca de 10%, liderando os ganhos do Ibovespa na ocasião
Atenção, investidor: Confira como fica o funcionamento da B3 e dos bancos durante o feriado de 7 de setembro
Não haverá negociações na bolsa nesta quarta-feira. Isso inclui os mercados de renda variável, renda fixa privada, ETFs de renda fixa e de derivativos listados
Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior deixam crise energética de lado e investidores buscam barganhas hoje; Ibovespa reage às falas de Campos Neto
Às vésperas do feriado local, a bolsa brasileira deve acompanhar o exterior, que vive momentos tensos entre Europa e Rússia
Ibovespa ignora crise energética na Europa e vai aos 112 mil pontos; dólar cai a R$ 5,15
Apesar da cautela na Europa, o Ibovespa teve um dia de ganhos, apoiado na alta das commodities
Crise energética em pleno inverno assusta, e efeito ‘Putin’ faz euro renovar mínima abaixo de US$ 1 pela primeira vez em 20 anos
O governo russo atribuiu a interrupção do fornecimento de gás a uma falha técnica, mas a pressão inflacionária que isso gera derruba o euro
Boris Johnson de saída: Liz Truss é eleita nova primeira-ministra do Reino Unido; conheça a ‘herdeira’ de Margaret Thatcher
Aos 47 anos, a política conservadora precisa liderar um bloco que encara crise energética, inflação alta e reflexos do Brexit
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com crise energética no radar; Ibovespa acompanha calendário eleitoral hoje
Com o feriado nos EUA e sem a operação das bolsas por lá, a cautela deve prevalecer e a volatilidade aumentar no pregão de hoje