BC reconhece que PIB pode cair no 1º trimestre, mas acredita em retomada adiante
A palavra incerteza pontua a ata do Copom, que reforça a necessidade de reformas fiscais para melhora da atividade e inflação nas metas. E a Selic? Bem, seguirá em 6,5% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) dedicou boa parte da ata de sua última reunião para explicar que tem ciência de que o quadro econômico está pior que o antecipado, mas pondera que não teria muito o que fazer. A Selic em 6,5% ao ano já está em terreno estimulativo e a atividade não reage pela elevada incerteza que ronda a agenda de reformas.
Com relação à trajetória futura da Selic, podemos olhar o texto sob dois prismas. Para parte do mercado, o maior número de parágrafos dedicados à fraqueza da atividade pode reforçar as expectativas de novos cortes até o fim do ano.
Outra avaliação possível é que com as reformas andando, esse nevoeiro de incerteza se dissipa, a confiança volta a aumentar e os investimentos saem das gavetas. Nesse cenário, fica reforçada a manutenção dos juros enquanto o Banco Central (BC) observa o impacto da esperada retomada sobre os preços.
Colocando de outra forma, juros menores não impulsionariam o crescimento neste momento de elevada incerteza. O BC estaria apenas gastando graus de liberdade que poderia utilizar melhor quando conseguir fazer um diagnóstico mais claro da economia. O BC repete que esse tipo de avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo.
Como dissemos na semana passada, quando a decisão foi divulgada, se a Selic não cai, também não sobe, o que não deixa de ser boa notícia para os investimentos, notadamente, bolsa de valores, fundos imobiliários e títulos longos do Tesouro Direto.
PIB negativo?
Segundo o Copom, os indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior, após considerados os padrões sazonais.
Leia Também
A chance de PIB negativo vem rondando os mercados depois da decepção com a produção industrial de março e dados fracos de varejo. O índice de atividade econômica do BC, que sai ainda nesta semana, pode reforçar tal avaliação.
O BC também reconhece que os indicadores do primeiro trimestre induziram revisões substantivas nas projeções para o crescimento do PIB em 2019 compiladas pela pesquisa Focus. A mediana está em 1,45% ante 1,95% há apenas um mês e diversos bancos e consultorias já trabalham com crescimento ao redor de 1% para o ano.
“Essas revisões refletem um primeiro trimestre aquém do esperado, com implicações para o ‘carregamento estatístico’, mas também embutem alguma redução do ritmo de crescimento previsto para os próximos trimestres”, diz o BC.
Para o BC, o processo de recuperação gradual da atividade econômica sofreu interrupção no período recente, “mas o cenário básico contempla sua retomada adiante”. O BC mantém previsão de crescimento de 2%, que será revisada em junho.
A culpa é da incerteza
O BC voltou a lembrar que a economia brasileira sofreu diversos choques ao longo de 2018, que produziram impactos sobre a economia e aperto relevante das condições financeiras. Embora esses impactos tendam a decair com o tempo, seus efeitos sobre a atividade econômica persistem mesmo após cessados seus impactos diretos.
Para o BC, é importante restar claro que, além dos choques já abordados, incertezas sobre aspectos fundamentais do ambiente econômico futuro, notadamente sobre sustentabilidade fiscal, têm efeitos adversos sobre a atividade econômica. A palavra "incerteza" aparece oito vezes no texto.
“Em especial, incertezas afetam decisões de investimento que envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em relação a cenários futuros”, diz a ata.
Também foram debatidos outros fatores que poderiam restringir o crescimento econômico, diante da necessidade de “ajustes profundos" na economia, especialmente os de natureza fiscal.
A conclusão do BC é de que incerteza quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser contracionista.
“Reformas que geram sustentabilidade da trajetória fiscal futura têm potencial expansionista, que pode contrabalançar efeitos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de instabilidade com elevação de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018”, explica o Copom.
Além da questão fiscal, uma aceleração no ritmo de retomada também passa por outras iniciativas, “que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios.”
Inflação e balanço de riscos
O Copom reafirma sua percepção de que a inflação acumulada em doze meses deve atingir um pico no curto prazo para, em seguida, recuar e encerrar 2019 em torno da meta para a inflação.
Mas ressalta que a consolidação desse cenário favorável, com inflação nas metas no médio e longo prazos, depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de inflação ancoradas.
No debate sobre os vetores que podem influenciar a inflação para cima ou para baixo, a ata reafirma a avaliação de que o risco associado à ociosidade dos fatores de produção se elevou na margem, mas que todos os membros do colegiado julgaram que o balanço de riscos mostra-se simétrico.
Adeus à cautela, serenidade e perseverança
A ata também mostra que o BC deixará de falar explicitamente que a melhor forma de manter a trajetória da inflação em direção às metas, diante de incertezas quanto aos cenários econômicos, é conduzir a política monetária com cautela, serenidade e perseverança.
Segundo o Copom, tal postura é uma “questão principiológica” e seu membros concordaram em excluir essa mensagem a partir de sua próxima reunião. Mas reforçam que isso não deveria ser interpretado como mudança de sua forma de condução da política monetária.
Projeções
No cenário com juros constantes a 6,5% e taxa de câmbio a R$ 3,95, as projeções geradas pelo modelo do BC estão em torno de 4,3% para 2019 e 4,0% para 2020. Em março, com dólar a R$ 3,85, as projeções eram de 4,1% e 4%, respectivamente.
Vale notar que o BC já deixa claro que suas ações visam, “em maior grau”, o ano de 2020. Isso ocorre porque as ações têm efeito defasado sobre o lado real da economia. A meta de 2019 é de 4,25% e de 4% em 2020.
Aqui o comportamento do dólar, que ronda os R$ 4 tem algum impacto nas projeções. A fraqueza da atividade pode reduzir o repasse do dólar mais alto sobre os preços, mas esse ambiente de elevada incerteza também parece impedir que os agentes consigam embutir a fraqueza da atividade de forma mais clara nas projeções de inflação.
Cenário externo
A palavra “desafiador” continua sendo utilizada para descrever o ambiente internacional. Levando em considerações informações recentes sobre economias desenvolvidas e a comunicação de importantes bancos centrais, o Copom diz que seu cenário básico considera que os riscos associados à normalização das taxas de juros nas economias centrais mostram-se reduzidos no curto e médio prazos.
Aqui, vemos uma referência ao Federal Reserve (Fed), banco central americano, que vem reafirmando paciência na condução de sua política monetária e manutenção do juro no patamar atual.
Já os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem e incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem contribuir para um crescimento global ainda menor.
O BC não fala diretamente, mas a questão aqui passa pela guerra comercial. Na semana passada, quando o Copom esteve reunido, Donald Trump já tinha acenado que colocaria novas taxas sobre os produtos chineses. Algo que se confirmou na sexta-feira. Ontem, os chineses revidaram, mas Trump já amenizou o tom falando em fechar algum tipo de acordo nas próximas semanas.
Dentro desse contexto, o Copom voltou a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver revés no cenário internacional, devido ao seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de recuperação econômica.
BTG Pactual (BPAC11) compra R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro, e recursos serão usados para capitalizar o Banco Master
Operação faz parte do processo da venda do Master para o BRB e inclui a compra de participações na Light (LIGT3) e no Méliuz (CASH3)
Ibovespa vai sustentar tendência mesmo com juros altos e risco fiscal? Sócio fundador da Polo Capital vê bom momento para a bolsa — mas há outros perigos no radar
No podcast Touros e Ursos desta semana, Cláudio Andrade, sócio fundador da gestora Polo Capital, fala sobre as perspectivas para a bolsa brasileira
Não dá mais para adiar: Ibovespa repercute IPCA-15 enquanto mudanças no IOF seguem causando tensão
Bolsas de Nova York voltam de feriado ainda reagindo ao mais recente recuo de Trump na guerra comercial
Banco Central planeja serviço para impedir fraudes, mas a medida de segurança vai depender de você
Novas ferramentas incluem bloqueio preventivo para abertura de contas, solicitação automática de valores esquecidos e chatbot com inteligência artificial, entre outros serviços
Por que o maior acionista da dona do Burger King no Brasil (ZAMP3) quer tirar de vez a Zamp da bolsa brasileira
Após quase três anos desde a última tentativa, a discussão sobre uma potencial OPA pelas ações da Zamp voltou à mesa do fundo árabe Mubadala
Tijolo por tijolo: Ibovespa busca caminho de volta a novos recordes em meio ao morde-assopra de Trump e feriado nos EUA
Depois de ameaçar com antecipação de tarifas mais altas à UE, agora Trump diz que vai negociar até 9 de julho
Agenda econômica: PIB no Brasil e nos Estados Unidos, prévia da inflação e ata do Fed; confira os indicadores mais importantes da semana
Após uma semana intensa no Brasil e no mundo, IGP-M, balanço orçamentário, taxa de desemprego e dados do PIB prometem movimentar os mercados nos próximos dias
Fim da alta da Selic? Seleto grupo de investidores já está protegendo a rentabilidade da carteira e ‘travando’ retornos acima de 14,75% ao ano; veja como
Focus projeta máxima da Selic em 14,75% em 2025, e é hora de buscar oportunidades para poder manter retornos de dois dígitos
Corrigindo a rota: Governo recua de elevação de IOF sobre remessas a fundos no exterior e tenta tirar pressão da bolsa e do câmbio
Depois de repercussão inicial negativa, governo desistiu de taxar remessas ao exterior para investimento em fundos
Dinheiro na mão é solução: Medidas para cumprimento do arcabouço testam otimismo com o Ibovespa
Apesar da forte queda de ontem, bolsa brasileira segue flertando com novas máximas históricas
Bitcoin Pizza Day: como tudo começou com duas pizzas e chegou aos trilhões
No dia 22 de maio, o mercado de criptomoedas comemora a transação de 10 mil BTC por duas pizzas, que marcou o início do setor que já supera os US$ 3,5 trilhões
Em busca da renda passiva: quanto (e como) investir em ações e FIIs para ganhar R$ 5 mil por mês em dividendos
Simulamos quanto você precisa juntar para gerar essa renda extra e trazemos sugestões de ativos que podem ajudar na empreitada
Impacto do clima nos negócios de bancos e instituições financeiras mais que dobra, aponta pesquisa do BC
Levantamento mostra que os principais canais de transmissão dos riscos climáticos são impactos em ativos, produção e renda, o que afeta crédito e inadimplência
Só pra contrariar: Ibovespa parte dos 140 mil pontos pela primeira vez na história em dia de petróleo e minério de ferro em alta
Agenda vazia deixa o Ibovespa a reboque do noticiário, mas existe espaço para a bolsa subir ainda mais?
Uma questão de contexto: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca depois de corte de juros na China
Investidores repercutem avanço da Petrobras à última etapa prevista no processo de licenciamento da Margem Equatorial
É igual, mas é diferente: Ibovespa começa semana perto de máxima histórica, mas rating dos EUA e gripe aviária dificultam busca por novos recordes
Investidores também repercutem dados da produção industrial da China e de atividade econômica no Brasil
Agenda econômica: IBC-Br e CMN no Brasil, ata do BCE na Europa; veja o que movimenta a semana
Semana não traz novos balanços, mas segue movimentada com decisão de juros na China e indicadores econômicos relevantes ao redor do mundo
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Brasil vai escapar da recessão, mas não da inflação: duas previsões do JP Morgan e um alerta
O banco também fez uma estimativa para a economia dos EUA depois da trégua de 90 dias com a China na guerra comercial; confira
Petrobras (PETR4) atualiza primeira parcela de dividendos bilionários; confira quem tem direito a receber a bolada
O montante a ser pago pela estatal se refere ao último balanço de 2024 e será feito em duas parcelas iguais