🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de empresas no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

REPORTAGEM ESPECIAL

Onde investir na bolsa com a Selic a caminho dos 14%? As ações que se salvam e as que perdem com os juros altos em 2025

Para participantes do mercado, uma “espiral negativa” pode prevalecer sobre a B3 no curto prazo — mas existem potenciais vencedoras diante de um cenário mais avesso ao risco no Brasil

Camille Lima
Camille Lima
18 de dezembro de 2024
6:23 - atualizado às 16:38
ibovespa barato bolsa ações
Imagem: Shutterstock

A confirmação de que o Banco Central levará os juros acima do patamar de 14% ao ano em 2025 bateu diretamente no apetite dos investidores locais, mantendo a renda fixa como a estrela das carteiras e fazendo a bolsa brasileira perder cada vez mais o apelo.

Na visão de analistas e gestores, uma “espiral negativa” pode prevalecer sobre as ações da B3 no curto prazo, até o mercado entender onde será o topo da Selic — e quando será possível uma retomada do afrouxamento da política monetária. 

“Quando tudo de pior for precificado e o mercado começar a ver uma janela de corte de juros, talvez no final do ano que vem, será um momento no qual poderemos ficar um pouco mais animados com renda variável”, disse Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.

Outro fator tende a pesar sobre a bolsa brasileira no ano que vem: o impacto da Selic nas finanças das empresas domésticas. 

Diante das perspectivas mais conservadoras, o mercado prevê rodadas adicionais de revisões para baixo nos lucros das empresas da B3 em 2025, o que deve fazer peso sobre a cotação das ações. 

No entanto, algumas companhias podem sair blindadas — e outras até se beneficiar — dos efeitos do cenário macroeconômico em 2025. Você confere as vencedoras e as perdedoras a partir de agora. 

Leia Também

As maiores prejudicadas na B3 em 2025

Apesar do viés negativo para a bolsa brasileira como um todo, nem todas as empresas e setores sairão machucados da mesma forma pelo cenário macroeconômico turbulento.

Existe uma correlação direta entre o impacto na lucratividade e o patamar de alavancagem, mensurado pela entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Para Bruno Henriques, analista do BTG Pactual, as empresas e setores com fluxo de caixa de longo prazo, ou "long duration", são geralmente mais impactados pela alta dos juros, pois grande parte de seu valor está atrelada à geração de caixa em um futuro distante — que se torna menos atrativa em um cenário de custo de capital elevado.

É por isso que as empresas domésticas e mais cíclicas da B3 tendem a sofrer mais em 2025, já que costumam contar com dívidas atreladas ao CDI e níveis de alavancagem mais elevados.

O Santander prevê que o segmento de educação sairá como um dos grandes perdedores no cenário de juros em alta, com uma pressão negativa de cerca de 21% nos lucros de 2025.

Em seguida, estariam as empresas do agronegócio, companhias focadas em alimentos e bebidas, varejistas e operadoras de saúde. Veja o ranking completo:

SetorAlavancagem (Dívida Líquida/Ebitda)Impacto nos lucros em 2025 com a Selic a 14% ao ano
Educação1,4 vez-21,30%
Agronegócio1,6 vez-15,20%
Alimentos e bebidas1,4 vez-6,60%
Varejo0,5 vez-5,30%
Saúde5,5 vezes-4,40%
Income Properties1,9 vez-2,80%
Utilities (Energia e saneamento)2,1 vezes-2,20%
Bens de capital0,3 vez-1,30%
Construção1,8 vez-0,60%
Transportes0,2 vez-0,30%
Mineração0,6 vez0,30%
Papel e celulose2,3 vezes2,60%
Óleo e gás1,0 vez3,20%
Telecom, mídia e tecnologia0,1 vez3,50%
Siderurgia0,8 vez5,00%
Instituições financeiras - Outros0,0 vez6,10%
Instituições financeiras - Bancos0,0 vezNA
Ibovespa0,9 vez-0,20%
Fonte: Santander e Bloomberg.

As locadoras de automóveis também devem atrair os holofotes negativamente no ano que vem. As ações da Localiza (RENT3) e da Movida (MOVI3) já foram extremamente penalizadas pelo cenário macro neste ano, com quedas da ordem de 50% e 65% desde janeiro, respectivamente — e a perspectiva do mercado é que essas empresas devem ampliar as perdas em 2025. 

O setor de varejo também figura no radar dos investidores de forma mais negativa. Na avaliação de Peretti, o Magazine Luiza (MGLU3) e a CVC (CVCB3) seriam os dois players mais afetados, já que sofrem um “tombo duplo”: o baque na despesa financeira e o efeito do crédito mais caro para o consumidor. 

Enquanto isso, ainda que o varejo essencial se mantenha firme do lado da demanda, as companhias como o Assaí (ASAI3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Carrefour (CRFB3) também tendem a sofrer na B3 devido à alavancagem mais alta.

Selic alta em 2025: as ações para sair no “zero a zero” 

Mas nem tudo está perdido na bolsa brasileira em 2025. Existem ainda aquelas empresas que, com o cenário de Selic a 14% ao ano, tendem a sair ilesas da maior parte desse impacto. 

Por terem a maior parte das receitas em dólar e não contarem com dívidas majoritariamente atreladas à Selic, as companhias de exportação e de commodities podem sentir poucas mudanças duras do lado das finanças.

“Enquanto o crescimento dos lucros das empresas domésticas deve desacelerar para 8% ao ano, esperamos que os lucros dos exportadores cresçam 43% ao ano em 2025, recuperando-se de uma queda anual de 33% em 2024”, disseram os analistas do BTG.

Além disso, com a escalada do dólar acima de R$ 6,00 — e com a perspectiva de ir ainda mais longe —, essas ações poderiam surfar a busca dos investidores por uma proteção no portfólio para se valorizarem na B3.

Isso inclui segmentos como o de petróleo e gás, com destaque para a Petrobras (PETR4); mineração e siderurgia, com a Vale (VALE3); e de papel e celulose, com a Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11).

Há ainda algumas poucas companhias do varejo que poderiam se safar de algum efeito negativo dos juros, segundo o Santander.

Uma delas é a Lojas Renner (LREN3), considerada uma empresa “caixa líquida” que costuma ter maior receita financeira do que despesas, e a RD Saúde (RADL3), ex-Raia Drogasil, que tem uma alavancagem baixa e opera em um setor resiliente.

“Há poucas semanas, a RD Saúde anunciou uma aceleração do ritmo de abertura de lojas em um momento em que todo mundo está revisando para baixo os investimentos. Isso mostra que a empresa está bem tranquila e que pode tentar ainda ganhar market share nesse cenário de ambiente macro mais instável”, disse o analista do Santander.

Já o setor de construção civil vive dois momentos diferentes devido às diferenças de perfil de clientes e condições de crédito financeiro. 

Por um lado, o segmento de baixa renda deve manter uma boa performance em 2025, já que tem uma demanda cativa muito mais forte e financiamento com taxas mais baixas por conta do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Isso deve se refletir no desempenho de empresas como a Direcional (DIRR3), Cury (CURY3) e Tenda (TEND3).

E por que a MRV (MRVE3) ficou de fora dessa? Para economistas, as ações da empresa de Rubens Menin podem manter uma trajetória mais negativa no ano que vem, já que a companhia “larga um pouco mais atrás na ordem de preferência dos investidores” devido às incertezas ligadas à situação operacional e financeira.

Por sua vez, as construtoras de média e alta renda, como Eztec (EZTC3), Cyrela (CYRE3) e Even (EVEN3), vivenciarão uma situação mais complexa, com piora na demanda cativa e maior sensibilidade aos juros, que encarecem o crédito imobiliário.

“O momento operacional das empresas está muito bom atualmente, o problema é o que vem pra frente. Com esse custo de crédito imobiliário mais alto e aumento da inflação, as empresas vão ter que repassar isso para o preço dos empreendimentos, o que pode impactar a demanda, tanto do lado do custo do financiamento quanto do lado do preço por metro quadrado do empreendimento”, disse o estrategista do Santander.

As ações vencedoras de 2025 com a Selic a 14% ao ano

Para o mercado, há um trio de requisitos que tende a fazer uma ação performar melhor que a média do mercado na B3 em 2025: ser uma empresa menos cíclica, mais estável e com maior previsibilidade de pagamento de dividendos.

É por isso que o setor financeiro deve impulsionar o crescimento dos lucros em 2025, segundo o BTG, com alta de 11% dos ganhos dos bancos no comparativo anual, impulsionados principalmente pelo Bradesco (+25%), Itaú (+9%) e Santander (+19%).

Mas há um segmento, em especial, que é visto como um claro beneficiado pelo cenário de Selic em alta: o de seguros

Para o estrategista do Santander, empresas como a BB Seguridade (BBSE3), Caixa Seguridade (CXSE3), IRB (IRBR3) e a Porto (PSSA3) podem até surfar o ambiente macro mais adverso.

Isso porque as seguradoras recebem os prêmios captados pelos segurados e alocam majoritariamente na renda fixa. Então, quanto maior a renda fixa, maior a receita financeira dessas companhias.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
JUNTANDO OS TIJOLINHOS

Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa

30 de abril de 2025 - 13:57

Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3

TCHAU, QUERIDA?

Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora

30 de abril de 2025 - 12:48

Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

TREINO ATIVO

Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas

30 de abril de 2025 - 11:08

Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio

Mundo FIIs

Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento

30 de abril de 2025 - 11:06

Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

FERIADÃO À VISTA

Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio

30 de abril de 2025 - 7:30

Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda

BANCÕES NA PARADA

Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025

30 de abril de 2025 - 6:34

Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números

SD ENTREVISTA

Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China

30 de abril de 2025 - 5:52

Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump

DIÁRIO DOS 100 DIAS

Donald Trump: um breve balanço do caos

29 de abril de 2025 - 21:00

Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

CAIXA BALANÇA

JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025

29 de abril de 2025 - 12:43

Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

SD Select

Santander (SANB11), Weg (WEGE3), Kepler Weber (KEPL3) e mais 6 empresas divulgam resultados do 1T25 nesta semana – veja o que esperar, segundo o BTG Pactual

29 de abril de 2025 - 10:54

De olho na temporada de balanços do 1º trimestre, o BTG Pactual preparou um guia com suas expectativas para mais de 125 empresas listadas na bolsa; confira

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar