A chegada das vacinas e o fim da quarentena levaram muita gente de volta aos shoppings. Mas, para que os consumidores passassem a gastar como antes, faltava ainda um elemento essencial relevado pela prévia operacional da Multiplan (MULT3): a queda na obrigatoriedade do uso de máscaras.
Os números divulgados ontem pela empresa de shoppings indicam que, na semana anterior à flexibilização, os empreendimentos vendiam 19% a mais do que no mesmo período de 2019. Após os decretos estaduais sobre o tema, o indicador acelerou para 25,1%, na mesma base de comparação.
“Os shoppings do Rio de Janeiro, primeira cidade a flexibilizar a obrigatoriedade, foram o grande destaque do trimestre, registrando 28,7% de crescimento em relação à 2019”, destaca, em nota, a Multiplan.
Com isso, as vendas totais da companhia chegaram a R$ 1,4 bilhão em março, valor recorde para o mês e 20,6% superior ao período pré-covid. Outra máxima histórica foi registrada no indicador trimestral, que subiu 13,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2019, para R$ 4 bilhões.
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O desempenho mostra ainda que, mesmo em meio à alta da inflação, os consumidores estão dispostos a gastar mais, pois as taxas de tráfego e ocupação ainda permanecem abaixo dos níveis de três anos atrás.
O resultado e suas implicações animaram investidores e analistas. O primeiro grupo demonstrou o sentimento no apetite pelos papéis MULT3, que avançaram 2,10% nesta terça-feira (5), a R$ 25,76.
Já o segundo grupo divulgou uma leva de relatórios elogiosos e recomendações positivas para as ações.
Analistas projetam mais altas para Multiplan (MULT3)
Entre os entusiastas está o BTG Pactual, que destaca que a companhia teve um bom desempenho e subiu 18% desde que atualizou a recomendação para os papéis, há duas semanas. “Mas ainda vemos espaço para mais”, afirmam os analistas.
O banco recomenda compra para as ações, com preço-alvo de R$ 30,00 em 12 meses. A cifra representa um potencial de crescimento de 17,37% em relação à cotação atual.
O Morgan Stanley reforça que, quando se trata de múltiplos de valor de mercado, os shoppings brasileiros estão próximos das mínimas histórias. “Achamos essas avaliações injustificadas, especialmente com a visão mais clara em relação ao retorno ao shopping”, argumentam os analistas em relatório.
A instituição, porém, tem recomendação neutra para Multiplan — brMalls (BRML3) e Iguatemi (IGTM11) são suas favoritas do setor —, com preço alvo de R$ 24,00. Nesse caso, a previsão é de queda de 6,10% para os papéis.
Fechando as lacunas
Além de animarem por si só, as vendas maiores também ajudam, segundo o Santander, a acalmar as preocupações dos acionistas em outro departamento: o aluguel de lojas.
No quarto trimestre, o custo de ocupação dos shoppings subiu para 12,7%, percentual 50 pontos base acima dos padrões históricos da empresa. O avanço gerou dúvidas quanto à sustentabilidade dos 41,4% anotados pela Multiplan no indicador de Aluguel nas Mesmas Lojas (SSR).
“Acreditamos que o gap mencionado deve desacelerar nos próximos trimestres, refletindo uma recuperação nos segmentos de serviços e entretenimento após o relaxamento nas regras de máscaras”, escrevem os analistas.
Por isso, e pelo portfólio considerado resiliente, a Multiplan é a top pick do setor para a equipe de análise do banco. O preço-alvo de R$ 29 implica em uma alta de 13,46% nos próximos meses.
Correndo atrás da inflação
Outra lacuna fechada pela companhia no período foi a da inflação. Conforme apontam os analistas do Bradesco BBI, a alta de 20,6% das vendas em março equivale ao acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre os primeiros trimestres de 2019 e 2022.
“Agora precisamos aguardar a divulgação dos resultados do 1T22 (prevista para 28 de abril) para ver a evolução das receitas, embora não esperemos surpresas negativas”, salientam.
O banco também coloca Multiplan como a favorita do setor, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 34 por ação. O valor implica no maior potencial de alta entre os quatro banco citados, projetando ganhos de 33% para MULT3.