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Renan Sousa
Renan Sousa
É repórter do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela Editora Globo e SpaceMoney. Twitter: @Renan_SanSousa
De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem antes da inflação dos EUA; Ibovespa também acompanha publicação do IPCA

No cenário doméstico, os olhos dos investidores se voltam para a redução de impostos em meio a um debate sobre reajuste de servidores

Renan Sousa
Renan Sousa
11 de maio de 2022
7:58 - atualizado às 8:05
Carrinhos de supermercado subindo com a alta dos preços devido a inflação
Confira o que movimenta bolsas, Ibovespa e dólar hoje. Imagem: Shutterstock

O hálito quente do dragão da inflação global já arrepiava os investidores muito antes da decisão de juros do Federal Reserve na semana passada. E nesta quarta-feira (11), as bolsas devem sentir muito mais do que uma baforada quente — mas uma mordida de dentes afiados. 

Serão três principais criaturas mitológicas com o nome de inflação que os investidores precisarão enfrentar: o índice de preços da China, dos Estados Unidos e, é claro, aqui do Brasil. 

Mas os primeiros números não foram animadores. O Gigante Asiático registrou uma inflação levemente acima do esperado pelo mercado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 2,1% em 12 meses, acima das projeções de alta de 2,0%. Na passagem de março para abril, o indicador registrou alta de 0,4%. 

Isso deve fazer o governo chinês frear as medidas de estímulos à economia e a falta dessa injeção de dinheiro deixa os investidores em estado de alerta. 

Já nos EUA, a inflação segue nas máximas em 40 anos, o que pode exigir um esforço maior do Federal Reserve contra o avanço de preços. Da mesma forma, o nosso Banco Central também deve adotar um tom mais agressivo — hawkish, no jargão do mercado — contra a mordida do dragão. 

Enquanto isso, as bolsas pelo mundo permanecem em estado de atenção antes dos dados inflacionários nesses países. No caso brasileiro, o Ibovespa encerrou a sessão da última terça-feira (10) em queda de 0,14%, aos 103.109,94 pontos, seguindo a falta de direção dos índices de Nova York. O dólar à vista recuou 0,44%, a R$ 5,1336.

Confira o que movimenta bolsa, dólar e o Ibovespa nesta quinta-feira:

Um dragão na bolsa: a inflação no Brasil

Por aqui, o IPCA deve avançar mais 1,0% na mediana das projeções dos especialistas ouvidos pelo Broadcast e acumular alta de 12,06% em 12 meses. Na leitura anterior, o índice de preços avançou 1,62% em março e 11,30% na comparação anual. 

Existe certa expectativa de que o arrefecimento do dólar nas primeiras semanas de abril tenha algum impacto no IPCA. Mas o avanço do petróleo e a “desancoragem das projeções” para outros indicadores que influenciam na inflação devem se sobrepor a esse fato. 

Desviando do dragão

O “cenário alternativo” proposto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, começa a se tornar o cenário de fato para calçar a decisão sobre juros da autoridade monetária brasileira. 

Na ata da última reunião do BC, publicada ontem (10), os membros do Copom deixaram em aberto o fim do ciclo de altas da Selic — as projeções para o final do aperto monetário saíram dos atuais 12,75% para 13,25%, de acordo com analistas desse mercado. 

Além disso, a publicação afirma que a próxima elevação da Selic será de menor intensidade do que a última, mas também não deu maiores detalhes sobre a intensidade do aperto. 

Uma festa na arrecadação

Nos primeiros meses do ano, o BC destacava em seus comunicados que o risco de descontrole das contas públicas era um fator que poderia influenciar negativamente na inflação ao longo de 2022. 

O tempo passou e o Orçamento para 2022 é pequeno para a quantidade de demandas que o país precisa — e abrir mão de parte dessa arrecadação desagrada os analistas. 

Reajuste dos servidores

Os funcionários do Banco Central e Receita Federal seguem de braços cruzados com a exigência de reajuste salarial para repor as perdas inflacionárias desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro e a criação de um plano de carreira dentro das instituições.

Para evitar maiores transtornos com a greve, o governo federal pretende aprovar um reajuste linear de 5% para todo funcionalismo. Esses servidores, entretanto, não aceitaram a proposta e seguem em greve por tempo indeterminado. 

Ampliação da isenção fiscal

Ao mesmo tempo, o governo federal discute uma proposta para reduzir o imposto de importação (II) de cerca de 11 produtos, incluindo o vergalhão de aço, alimentos e itens relacionados à construção civil. 

E na esteira das propostas também está a ampliação da isenção do Impostos de Produtos Industrializados (IPI), que passaria de 30% para 35%.

Os analistas acreditam que o governo abre mão de recursos visando às eleições de outubro deste ano, o chamado “pacote de bondades”, para aumentar a popularidade do presidente Bolsonaro em meio a uma disputa acirrada com seu principal opositor, Luiz Ignácio Lula da Silva (PT). 

E o efeito disso nas ações

Esse debate não passou incólume pela bolsa, com as ações das siderúrgicas em queda com a perspectiva de que a medida aumente o preço dos produtos domésticos. A maiores quedas do pregão de ontem foram justamente desse segmento. Confira:

CÓDIGONOMEULTVAR
CMIN3CSN Mineração ONR$ 4,30-6,72%
USIM5Usiminas PNAR$ 10,05-6,69%
CSNA3CSN ONR$ 17,97-5,77%
GOAU4Metalúrgica Gerdau PNR$ 10,80-5,26%
GGBR4Gerdau PNR$ 26,34-4,36%

Inflação no exterior: e agora, Federal Reserve?

Como se não bastasse o cenário doméstico em crise, o CPI dos Estados Unidos também será divulgado hoje, após falas de representantes do Federal Reserve de ontem desagradarem os investidores. 

Na mediana das projeções, o índice de preços norte-americano deve avançar 0,2% na comparação mensal e acumular alta de 8,1% em 12 meses. Na leitura de março, o indicador avançou 1,2% e 8,5% respectivamente. 

Já o núcleo de preços deve subir 0,4% na base mensal e 6,0% na comparação anual — contra alta de 0,3% e 6,5% anteriores, respectivamente. 

A espada afiada do Fed

Uma criatura gigantesca como a inflação descontrolada dos Estados Unidos exige um esforço hercúleo para ser vencida. E o Banco Central por lá sabe que esse remédio pode acabar gerando efeitos colaterais nada agradáveis. 

Depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o Fomc — o Copom americano — descartou uma alta de 0,75 pontos percentuais nos juros, foi a vez de dirigentes do BC injetarem cautela nos mercados.

As falas de Loretta Mester e Raphael Bostic foram na contramão do que disse Powell e o Banco Central americano não descarta uma alta de 75 pontos-base nos juros. Daí para frente, o mercado piorou e o sentimento dos investidores é de cautela. 

Um dragão forte demais?

A próxima decisão de juros do Federal Reserve dependerá dos dados de inflação de hoje, que podem confirmar as falas de Mester e Bostic ou aliviar com uma tendência de que Powell esteja certo. 

Mas vale lembrar que o BC americano ainda acompanha os dados do PIB — que, na primeira leitura, vieram abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2022 — e de emprego — que estão positivos, de acordo com o último payroll. 

E as bolsas antes da inflação de hoje…

O fechamento dos negócios na Ásia e Pacífico foi majoritariamente positivo, após dados da China de que as políticas de contenção da covid começam a surtir efeito com a diminuição de casos. 

Na Europa, as bolsas tentam emplacar uma recuperação pelo segundo pregão seguido antes dos dados de inflação dos EUA. Já em Wall Street o sentimento também é positivo antes do CPI.

Agenda do dia

  • França: Taxa de desemprego da OCDE em março (7h)
  • Brasil: IBGE divulga o IPCA de abril (9h)
  • Estados Unidos: CPI e Núcleo do CPI de abril (9h30)
  • Estados Unidos: Estoques de petróleo (11h30)

Balanços do dia

Após o fechamento:

  • Braskem (Brasil)
  • JBS (Brasil)
  • Ultrapar (Brasil)
  • Walt Disney (EUA)
  • Banco do Brasil (Brasil)
  • Copel (Brasil)
  • Equatorial Energia (Brasil)

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