Bolsa nas máximas, dólar nas mínimas: os mercados começaram o mês com tudo
A surpresa positiva com o PIB e a nova alta das commodities levaram o Ibovespa para além dos 128 mil pontos; o dólar caiu a R$ 5,15
Quer saber como foi o dia da bolsa e do dólar? Bem, eu conversei com um velho amigo, um veterano do mercado financeiro — segue a análise rápida de sir Isaac Newton sobre a sessão desta terça (1):
Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.
A primeira Lei de Newton, afinal, trata da resistência à mudança do estado de movimento. Nos últimos dias, o Ibovespa estava subindo e o dólar, caindo — e como nada forçou uma alteração de tendência, junho começou como maio terminou: com os mercados aderindo ao risco.
E o resultado disso é que a bolsa brasileira renovou seus recordes pela terceira sessão consecutiva. Ao fim do dia, o Ibovespa marcava 128.267,05 pontos, em alta de 1,63% — uma nova máxima de fechamento em termos nominais. Foi o quinto pregão seguido de ganhos para o índice.
O mercado de câmbio não ficou para trás: o dólar à vista encerrou a terça-feira em baixa de 1,51%, a R$ 5,1460, cravando uma nova mínima em 2021. A moeda americana não chegava a patamares tão baixos desde 21 de dezembro, quando valia R$ 5,1228.
Como Newton observou, as forças que atuam sobre os ativos domésticos permaneceram inalteradas: no exterior, o ambiente segue favorável para os mercados emergentes e ativos de risco, com o petróleo e o minério de ferro voltando a se fortalecer.
E, por aqui, a confiança do investidor segue firme e foi reforçada pelo resultado surpreendentemente forte do PIB do Brasil no primeiro trimestre de 2021 — alta de 1,2% em relação aos três últimos meses do ano passado, acima das projeções do mercado.
- A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, participou da live do Seu Dinheiro desta terça para comentar os resultados do PIB. Veja o vídeo na íntegra:
Otimismo na bolsa, otimismo no dólar
Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Credit Agricole Indosuez — um analista mais contemporâneo que Isaac Newton — destaca que uma série de fatores ajudaram a impulsionar o Ibovespa para além dos 128 mil pontos:
- Índices de atividade (PMIs) mais fortes na Europa, indicando uma recuperação econômica no continente;
- Surpresa com o PIB brasileiro no primeiro trimestre;
- Percepção de que o ambiente de extrema liquidez no mundo continuará inalterado no curto prazo.
"O dólar mais desvalorizado é um dos termômetros da menor aversão ao risco", diz Caramaschi, ressaltando que o real tem se destacado entre as demais moedas de países emergentes nas últimas semanas, apresentando um desempenho melhor que os pares.
E, de fato, as bolsas da Europa, da Ásia e dos mercados emergentes como um todo tiveram um dia positivo hoje, com os índices acionários fechando no azul. Só quem ficou de fora da festa foram os Estados Unidos, com uma sessão bastante morna.
Por lá, os dados de atividade não vieram tão fortes quanto se imaginava, esfriando o ânimo dos investidores — e reforçando a leitura de que a economia americana continua precisando de estímulos.
Em Wall Street, o Dow Jones teve leve alta de 0,13%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq recuaram 0,05% e 0,09%, respectivamente. No câmbio, o DXY fechou em queda de 0,11% — o índice mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta com as principais moedas do mundo.
Ou seja: se as dúvidas persistem no mercado americano, a saída é partir para outros ativos.
Por fim, também é importante ressaltar que as commodities continuam mostrando força. O petróleo Brent avançou 1,76% e o WTI teve alta de 2,52%, enquanto o minério de ferro subiu mais de 4% na China — um contexto amplamente benéfico para ações como Petrobras e Vale.
Preocupações no curto prazo
Apesar do otimismo, Caramaschi destaca que o fortalecimento mostrado pela economia brasileira no primeiro trimestre — e as consequentes revisões para cima das projeções para o restante do ano — trazem consigo pressões inflacionárias no curto prazo.
E, com o aumento de preços, é razoável imaginar que o Banco Central irá elevar a Selic num ritmo mais acentuado, de modo a evitar que a inflação fique acima das metas para o ano.
"Isso faz com que a curva de juros ganhe prêmio na ponta curta", diz o estrategista-chefe do Credit Agricole Indosuez. "Mas, na longa, a gente vê até um certo alívio".
O comportamento dos DIs nesta terça-feira comprova a tese. Os vencimentos mais curtos passaram por um ajuste positivo, descolando do alívio visto no mercado de câmbio:
- Janeiro/22: de 5,09% para 5,11%;
- Janeiro/23: de 6,70% para 6,76%;
- Janeiro/24: de 7,47% para 7,51%;
- Janeiro/25: estável em 7,90%;
- Janeiro/26: de 8,20% para 8,18%.
Noticiário intenso
No Ibovespa, diversas ações tiveram um desempenho bastante forte hoje. Além do ambiente favorável para a bolsa, pesou o fluxo intenso de notícias corporativas ao longo do dia. Veja as cinco maiores altas do índice:
CÓDIGO | NOME | COTAÇÃO | VARIAÇÃO |
BRFS3 | BRF ON | R$ 28,22 | 9,55% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 21,40 | 7,59% |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 20,70 | 7,25% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 13,84 | 6,63% |
CYRE3 | Cyrela ON | R$ 25,47 | 6,57% |
As ações ON da BRF (BRFS3) dispararam ao longo da tarde, entrando em leilão em mais de uma ocasião — rumores quanto a uma nova compra de papéis por parte da Marfrig causaram um novo frenesi, embora nada oficial tenha sido confirmado por nenhuma das empresas.
Já as ações ON da Ultrapar (UGPA3) reagiram positivamente à notícia de que a venda da unidade Oxiteno deve ser concluída até o final do mês. Com isso, a dona dos postos Ipiranga deve concentrar seus negócios no mercado de óleo e gás — em maio, o grupo já vendeu a Extrafarma para a Pague Menos.
Confira também as cinco maiores quedas do índice:
CÓDIGO | NOME | COTAÇÃO | VARIAÇÃO |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 24,71 | -5,54% |
BIDI11 | Banco Inter units | R$ 65,87 | -3,60% |
KLBN11 | Klabin units | R$ 25,71 | -2,39% |
SUZB3 | Suzano ON | R$ 59,32 | -2,32% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 122,00 | -1,85% |
Caixa Seguridade (CXSE3) pode pagar mais R$ 230 milhões em dividendos após venda de subsidiárias, diz BofA
Analistas acreditam que recursos advindos do desinvestimento serão destinados aos acionistas; companhia tem pelo menos mais duas vendas de participações à vista
Gradiente (IGBR3) chega a disparar 47%, mas os acionistas têm um dilema: fechar o capital ou crer na vitória contra a Apple?
O controlador da IGB/Gradiente (IGBR3) quer fazer uma OPA para fechar o capital da empresa. Entenda o que está em jogo na operação
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação
Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda
Com olhos no mercado de saúde animal, Mitsui paga R$ 344 milhões por fatias do BNDES e Opportunity na Ourofino (OFSA3)
Após a conclusão, participação da companhia japonesa na Ourofino (OFSA3) será de 29,4%
Quer ter um Porsche novinho? Pois então aperte os cintos: a Volkswagen quer fazer o IPO da montadora de carros esportivos
Abertura de capital da Porsche deve acontecer entre o fim de setembro e início de outubro; alguns investidores já demonstraram interesse no ativo
BTG Pactual tem a melhor carteira recomendada de ações em agosto e foi a única entre as grandes corretoras a bater o Ibovespa no mês
Indicações da corretora do banco tiveram alta de 7,20%, superando o avanço de 6,16% do Ibovespa; todas as demais carteiras do ranking tiveram retorno positivo, porém abaixo do índice
Small caps: 3R (RRRP), Locaweb (LWSA3), Vamos (VAMO3) e Burger King (BKBR3) — as opções de investimento do BTG para setembro
Banco fez três alterações em sua carteira de small caps em relação ao portfólio de agosto; veja quais são as 10 escolhidas para o mês
Passando o chapéu: IRB (IRBR3) acerta a venda da própria sede em meio a medidas para se reenquadrar
Às vésperas de conhecer o resultado de uma oferta primária por meio da qual pretende levantar R$ 1,2 bilhão, IRB se desfaz de prédio histórico
Chega de ‘só Petrobras’ (PETR4): fim do monopólio do gás natural beneficia ação que pode subir mais de 50% com a compra de ativos da estatal
Conheça a ação que, segundo analista e colunista do Seu Dinheiro, representa uma empresa com histórico de eficiência e futuro promissor; foram 1200% de alta na bolsa em quase 20 anos – e tudo indica que esse é só o começo de um futuro triunfal
Leia Também
-
PetroReconcavo (RECV3) e Eneva (ENEV3) estudam fusão, diz jornal; ações sobem na B3
-
Bolsa hoje: Ibovespa perde fôlego e opera em queda com bancos e tom misto de NY; dólar sobe
-
A Vale (VALE3) vai surpreender de novo? O que esperar do balanço da mineradora no 1T24 após produção e vendas que agradaram o mercado