Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 3,00% ao ano
Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central cortou a Selic mais uma vez

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cortou mais uma vez a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira (06) em 0,75 ponto percentual. Com isso, a Selic atinge nova mínima histórica, aos 3,00% ao ano.
A recessão esperada por causa da crise do coronavírus e a derrubada da expectativa para a inflação abriram espaço para esta nova queda de juros, na tentativa de estimular a economia. Tanto que a redução já era aguardada pelo mercado.
No entanto, sua intensidade surpreendeu a maioria dos investidores, que apostava num corte de 0,50 ponto. Quem acertou, porém, foram os poucos que apostaram no corte mais ousado.
O Banco Central havia sinalizado, no início do ano, que o ciclo de corte de juros poderia ter uma interrupção. Mas as reduções acabaram tendo continuidade, dado que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, zerou as taxas dos Estados Unidos, reabrindo a temporada de estímulos monetários no mundo para combate aos efeitos econômicos da pandemia.
Na sua última reunião, realizada na semana passada, o Federal Reserve, no entanto, manteve os juros zerados. Isso significa que agora a diferença entre os juros brasileiros e os americanos está ainda menor, o que pode estimular ainda mais a saída de dólares do país, desvalorizando o real.
A alta do dólar pode, futuramente, pesar na inflação, ensejando um novo ciclo de aumento de juros. Mas o mercado não vislumbra essa possibilidade no curto prazo. Pelo contrário, a expectativa é de que, até o fim do ano, a Selic caia ainda mais: segundo o último Boletim Focus do Banco Central, a expectativa para 2020 é de 2,75% ao ano.
Leia Também
As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Rentabilidade simbólica
Para o investidor conservador, esse juro ainda em queda num cenário de recessão e num mundo de juros zerados ou negativos significa menos retorno para os investimentos para um período ainda prolongado.
Agora, os investimentos mais conservadores, cuja remuneração é atrelada à Selic ou à taxa DI - taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica - estão pagando ainda menos - um retorno praticamente simbólico. É o caso do Tesouro Selic (LFT), da caderneta de poupança, dos fundos DI e de títulos como CDB, LCI e LCA pós-fixados.
Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 3,00% ao ano
Para você ter uma ideia de como o retorno da renda fixa conservadora está apertado, eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 3,00% ao ano e o CDI constante de 2,90%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.

Parâmetros
A poupança atualmente paga 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada. Não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.
Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread), o que pode deixar a rentabilidade inferior à Selic do período.
O rendimento é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano, paga à B3. Considerei, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia.
Para simular o retorno do fundo de renda fixa, considerei um fundo que só invista em Tesouro Selic e não cobre taxas. Supus, portanto, que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Seria similar, por exemplo, para um CDB, RDB ou conta de pagamentos que pagasse 100% do CDI.
Vale aqui uma observação: os fundos com esse perfil não têm pago 100% do CDI. Sua remuneração tem ficado um pouco abaixo disso. A simulação é apenas ilustrativa.
Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver que 100% do CDI, atualmente, não é lá grande coisa.
Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos). Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.
Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.
Perda fixa
Como você pode ver, mesmo os melhores investimentos conservadores em termos de rentabilidade e segurança - aqueles que remuneram ao redor de 100% do CDI - já estavam pagando pouco e agora vão passar a pagar ainda menos. Aquela realidade de ganhar 1% ao mês com baixo risco, que o investidor brasileiro tanto aprecia, fica cada vez mais distante.
Um ponto muito importante é baratear o seus investimentos conservadores o máximo possível. Fundo com taxa de administração alta simplesmente não dá mais, minha gente.
Mas mesmo que você invista em um fundo ou título que pague, líquido, perto de 100% do CDI, você pode ver que isso não representa mais grande coisa. Afinal, 100% de quase nada é quase nada.
Pior, é bem provável que mesmo as melhores e mais baratas aplicações de renda fixa remunerem abaixo da inflação, mesmo que tenhamos um índice de preços extremamente baixo para padrões de Brasil.
Segundo o último Boletim Focus do Banco Central, o IPCA projetado para os próximos 12 meses é de 2,84%. Agora dá uma olhada em quanto as aplicações devem pagar em um ano. Apenas a LCI de 100% do CDI supera, e por muito pouco.
Em outras palavras, a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que precisa ficar em aplicações ultraconservadoras, já está na "perda fixa", como eu havia mencionado nesta outra matéria.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street
No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)
Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell
Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre