Por que as ações do Santander caem mesmo com lucro acima do esperado?
Ninguém discorda que os resultados do Santander foram muito bons. Mas os analistas que cobrem o banco questionaram se os números se sustentam nos próximos balanços
O lucro bem acima do esperado pelo mercado no terceiro trimestre não foi suficiente para sustentar as ações do Santander Brasil em alta no pregão desta terça-feira.
As units (certificados de ações) do banco terminaram esta terça-feira (27) em queda de 4,73%, a R$ 33,27 - entre as maiores baixas do dia na B3. Leia também a nossa cobertura completa de mercados.
Leia também:
- OPORTUNIDADE: Confira as ações e FIIs favoritos das carteiras recomendadas das corretoras
- Santander tem recuperação em “V” e lucro sobe para R$ 3,9 bilhões no trimestre
- Grandes bancos começam a olhar crise pelo retrovisor, mas com lucro ainda em queda
- Às vésperas do PIX, bancos travam ‘guerra das chaves’ para ganhar cliente
O Santander registrou lucro líquido de R$ 3,902 bilhões no terceiro trimestre, um avanço de 83% no trimestre e de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa dos analistas apontava para um resultado na casa de R$ 2,8 bilhões.
Ninguém discorda que se tratou de um resultado muito forte. Mas os analistas que cobrem o banco questionaram se os números se sustentam nos próximos balanços.
Leia a seguir algumas razões para o desempenho ruim das ações do Santander hoje:
1 - Agressivo nas provisões
O aumento no lucro do Santander no terceiro trimestre foi puxado, entre os fatores, pela redução nas despesas de provisão para calotes. Mas o banco pode se ver obrigado a reforçar novamente o balanço, o que pode afetar os próximos resultados.
“Apesar de um trimestre sólido, esperamos volatilidade nos resultados do banco, uma vez que a qualidade dos ativos deve se deteriorar quando os períodos de carência terminarem”, escreveram os analistas do Goldman Sachs, em relatório a clientes.
Em teleconferência para comentar os resultados, Angel Santodomingo, vice-presidente financeiro do Santander, disse que o banco está confortável com o nível atual de provisões, que representam mais de 300% do total de financiamentos em atraso há mais de 90 dias.
2 - Inadimplência pode subir
Assim como os outros bancos, o Santander promoveu prorrogações no pagamento das parcelas dos financiamentos com a crise provocada pela pandemia do coronavírus.
A dúvida do mercado é como essa carteira vai se comportar daqui para frente. O índice de inadimplência acima de 90 dias na carteira do banco caiu para apenas 2,1%.
Mas a análise a partir das parcelas em atraso há mais de 15 dias mostra um aumento de 0,4 ponto percentual no índice de calotes em relação ao trimestre anterior. Seria uma tendência?
Como resposta, o vice-presidente do Santander apresentou os dados sobre a carteira de crédito que foi prorrogada na crise e que encerrou setembro em R$ 46,7 bilhões. Segundo Santodomingo, esses empréstimos estão sendo pagos e contam com índices de inadimplência em níveis semelhantes aos da carteira de pessoa física do banco.
3 - Margens sob pressão
O Santander registrou um forte crescimento de 20,2% da carteira de crédito, nos últimos 12 meses. Mas as margens do banco avançaram apenas 3,4% no período e recuaram 8,7% no trimestre.
Questionado sobre o que esperar daqui para frente, Santodomingo disse que provavelmente a pressão vai continuar. “Por outro lado, nos movimentamos para ter uma parcela maior de crédito com garantia, o que significa uma margem líquida melhor”, disse.
4 - Sobe no boato, cai no fato
Para além dos dados do balanço, a queda das ações do Santander hoje também pode ser justificada pelo típico fenômeno “sobe no boato, cai no fato”. Isso porque os papéis do banco registraram uma forte alta nos últimos dias, — e ontem em particular — já na expectativa do balanço.
O pregão da B3 mais instável nesta terça-feira também contribui para que os investidores aproveitem a valorização recente — que superou os 25% nos últimos 30 dias — para colocar parte dos lucros no bolso. Leia também nossa cobertura completa de mercados.
PagSeguro (PAGS34) dispara após balanço e puxa ações da Cielo (CIEL3); veja os números do resultado do 2T22
A lucro da PagSeguro aumentou 35% na comparação com o mesmo período do ano passado e atingiu R$ 367 milhões
Nos balanços do segundo trimestre, uma tendência para a bolsa: as receitas cresceram, mas os custos, também
Safra de resultados financeiros sofreu efeitos do aumento da Selic, mas sensação é de que o pior já passou
Nubank (NU; NUBR33) chega a subir 20% após balanço, mas visão dos analistas é mista e inadimplência preocupa
Investidores gostaram de resultados operacionais, mas analistas seguem atentos ao crescimento da inadimplência; Itaú BBA acha que banco digital pode ter subestimado o risco do crédito pessoal
Inter (INBR31) reverte prejuízo em lucro de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre; confira os números
No semestre encerrado em 30 de junho de 2022, o Inter superou a marca de 20 milhões de clientes, o que equivale a 22% de crescimento no período
Lucro líquido da Itaúsa (ITSA4) recua 12,5% no segundo trimestre, mas holding anuncia JCP adicional; confira os destaques do balanço
Holding lucrou R$ 3 bilhões no segundo trimestre e vai distribuir juros sobre capital próprio no fim de agosto
Nubank (NUBR33) tem prejuízo acima do esperado no 2º tri, e inadimplência continuou a se deteriorar; veja os destaques do balanço
Prejuízo líquido chegou a quase US$ 30 milhões, ante uma expectativa de US$ 10 milhões; inadimplência veio dentro do esperado, segundo o banco
Marfrig (MRFG3) anuncia R$ 500 milhões em dividendos e programa de recompra de 31 milhões de ações; veja quem tem direito aos proventos e os destaques do balanço
Mercado reage positivamente aos números da companhia nesta sexta (12); dividendos serão pagos em setembro
Oi (OIBR3) sai de lucro para prejuízo no 2T22, mas dívida líquida desaba
Oi reportou prejuízo líquido de R$ 320,8 milhões entre abril de junho, vinda de um lucro de R$ 1,09 bilhão no mesmo período do ano anterior
Cenário difícil para os ativos de risco pesa sobre o balanço da B3 no 2º trimestre; confira os principais números da operadora da bolsa
Companhia viu queda nos volumes negociados e também nas principais linhas do balanço, tanto na comparação anual quanto em relação ao trimestre anterior
Apelo de Luiza Trajano não foi à toa: Magazine Luiza tem prejuízo de R$ 135 milhões no 2T22 — veja o que afetou o Magalu
O Magalu conseguiu reduzir as perdas na comparação com o primeiro trimestre de 2022, mas em relação ao mesmo período de 2021, acabou deixando o lucro para trás
Leia Também
-
BTG Pactual lança conta com taxa zero para quem mora no exterior e precisa fazer transações e investimentos no Brasil
-
Fundo que detém direitos de músicas de Beyoncé e Shakira anuncia venda de US$ 1,4 bilhão a investidor
-
Onde investir na renda fixa após tantas mudanças de regras e expectativas? Veja as recomendações das corretoras e bancos