O controlador da Azul vendeu mais de 9 milhões de ações da empresa. O que isso significa?
David Neeleman, fundador e presidente do conselho de administração da Azul, se desfez de mais de 9 milhões de ações preferenciais que detinha na empresa — a aérea, no entanto, diz que não houve venda ativa dos papéis
Que o setor aéreo passa por maus momentos, todos já sabem: o surto de coronavírus provocou uma queda abrupta na demanda por passagens, um cenário catastrófico para o segmento. E como se todo esse caos não fosse suficiente, a Azul tem agora mais um foco de instabilidade a ser enfrentado: uma movimentação relevante em sua base acionária.
O empresário David Neeleman, fundador e atual presidente do conselho de administração da companhia, se desfez de uma fatia importante de sua participação na empresa — mais precisamente, 9,3 milhões de ações preferenciais, vendidas ao longo de março. Ele ainda possui 2,1 milhões de papéis desse tipo.
A notícia pegou o mercado de surpresa e forçou a Azul a emitir um pronunciamento oficial nesta terça-feira (14), buscando acalmar os ânimos de quem concluiu que Neeleman estaria pessimista em relação ao futuro da empresa.
De acordo com a aérea, tudo ocorreu por causa de uma operação financeira conduzida pelo próprio empresário: ele fez um empréstimo pessoal no valor de US$ 30 milhões, usando como garantia parte de suas ações da Azul. Só que, em meio à crise do coronavírus, foi feita uma chamada de margem.
Ainda segundo a Azul, Neeleman não tinha a intenção de vender suas ações na empresa, mas também não possuía outros investimentos com liquidez necessária para cobrir a chamada. Desta maneira, os bancos executaram a garantia, tomando para si os papéis da companhia aérea.
Ou seja: Neeleman não vendeu de maneira ativa as ações da Azul. A reportagem do Seu Dinheiro entrou em contato com a empresa, questionando a respeito de outros possíveis empréstimos feitos pelo empresário usando as ações da companhia como garantia. A aérea, no entanto, disse que não iria comentar.
Leia Também
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
A explicação oficial parece ter convencido o mercado: as ações PN da Azul (AZUL4) fecharam em alta de 1,24%, a R$ 16,35, ficando em linha com o desempenho do Ibovespa: o índice subiu 1,37% hoje, aos 79.918,36 pontos.
Dito tudo isso: qual a consequência desse imbróglio para a base acionária da Azul? Como fica o controle e o poder de voto na empresa?
Uma estrutura peculiar
O setor aéreo possui diversas peculiaridades em termos de composição acionária. A legislação brasileira impede que as empresas do segmento sejam controladas por grupos estrangeiros, o que motivou a criação de uma série de estruturas pouco usuais
A Azul, por exemplo, possui ações ordinárias e preferenciais, sendo que apenas os detentores das ONs têm direito a voto — e tais papéis não são negociados em bolsa. Para compensar, as PNs possuem um peso 75 vezes maior na composição econômica e tem direito a receber 75 vezes o valor dos dividendos distribuídos aos detentores das ONs.
Traduzindo: um investidor comum não pode comprar ações ONs e, consequentemente, não tem direito a voto — o que blinda o controle administrativo das empresas, de acordo com a legislação. Para compensar, as PNs possuem um peso econômico maior, servindo como porta de entrada para grupos estrangeiros.
Sim, eu sei: é um pouco confuso. O quadro abaixo, fornecido pela própria Azul, ajuda a entender melhor:

Veja que Neeleman vendeu apenas as ações preferenciais. Assim, sua participação econômica foi diluída, mas não seu controle administrativo — sua posição em papéis ordinários continua a mesma e ele segue detendo 67% desse tipo de ativo.
A Gol, principal rival da Azul no mercado brasileiro, possui estrutura semelhante — a única diferença é que, no caso da Gol, a relação entre ONs e PNs é de uma para 35.
No caso da Gol, a maior parte das ações ON — e, consequentemente, do controle administrativo — é detida pelo fundo Volluto, o veículo de investimentos da família Constantino, uma das fundadoras da empresa.
Aéreas sob pressão
Desde março, quando a crise do coronavírus começou a afetar o setor aéreo em proporções globais, as ações PN da Azul (AZUL4) tiveram um dos piores desempenhos do Ibovespa: no ano, os papéis da empresa amargam baixa de mais de 70% — Gol PN (GOLL4) cai cerca de 68% em 2020.
Além da questão da demanda em baixa, as empresas brasileiras ainda contam com um fator extra de estresse: a disparada do dólar, já que uma fatia relevante da linha de custos das aéreas é denominada na moeda americana.

Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
