Ibovespa ignora tensões sociais e sobe mais de 1%, amparado na agenda econômica
O Ibovespa abriu o mês no campo positivo e foi às máximas desde 10 de março, sustentado pelos indicadores econômicos mais fortes na China e nos EUA. O dólar, por outro lado, teve um dia mais pressionado, colocando na conta as manifestações nos EUA e no Brasil
A forte tensão que se viu nas ruas no fim de semana, tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos, foi sentida na abertura do pregão desta segunda-feira (1): o Ibovespa e as bolsas globais começaram a semana em baixa, refletindo alguma cautela com as manifestações do fim de semana. Esse tom mais prudente, no entanto, durou apenas alguns minutos.
Depois de cair nos primeiros minutos da sessão, o Ibovespa virou ao campo positivo — e não deixou mais o lado azul: ao fim do dia, marcava 88.620,10 pontos, em alta de 1,39%. É o maior nível de fechamento desde 10 de março, quando o índice ainda estava acima dos 90 mil pontos.
O otimismo visto por aqui apenas replicou o tom mais ameno visto no exterior. Na Europa, as principais praças fecharam em alta de mais de 1%; nos EUA, o Dow Jones (+0,36%), o S&P 500 (+0,38%) e o Nasdaq (+0,66%) também terminaram o dia com ganhos, após abrirem em queda.
A exceção foi o mercado de câmbio: por lá, o dólar à vista até chegou a visitar o campo negativo, tocando os R$ 5,3118 na mínima (-0,51%). Mas, ainda antes do almoço, passou a exibir um comportamento mais pressionado, terminando em alta de 0,93%, a R$ 5,3884.
Essa dissonância entre os ativos domésticos — Ibovespa em alta e dólar pressionado — costuma caracterizar uma estratégia clássica dos investidores em tempos de incerteza: por um lado, há um aumento na exposição ao risco na bolsa; por outro, há uma busca por proteção no câmbio, com demanda crescente pela moeda americana.
Motivos para cautela não restam: o clima é bastante tenso nas ruas no Brasil, nos EUA e em outros países. O lado ameno vem da agenda de dados econômicos, com indicadores mais animadores no exterior — uma combinação que permitiu a adoção dessa estratégia.
Leia Também
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Gestora aposta em ações 'esquecidas' do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Tensão social e geopolítica
Durante o fim de semana, os Estados Unidos passaram por uma série de protestos que varreram o país após o falecimento de George Floyd — um homem negro que, mesmo rendido, foi sufocado até a morte por um policial branco.
A tensão social adiciona um ingrediente à crise provocada pela pandemia do coronavírus, que levou à disparada no desemprego na maior economia do planeta.
No front econômico, a disputa comercial entre EUA e China ganhou um novo capítulo com a decisão dos asiáticos de suspenderem as importações de produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja e carne suína.
Aqui no Brasil, o fim de semana também foi marcado por protestos. A novidade foi a manifestação de pessoas contrárias ao governo Bolsonaro em São Paulo e algumas outras capitais.
Alívio econômico
No entanto, o mercado relativizou esse quadro de maiores turbulências sociais e geopolíticas, concentrando-se na agenda de dados econômicos. Nos EUA, os investimentos em construção caíram 2,9% de março para abril, um recuo inferior ao projetado pelos analistas. O índice ISM de atividade industrial subiu de 41,5 para 43,1 em maio.
Também tivemos noticias mais animadoras vindas da China: por lá, o PMI industrial subiu de 39,4 para 50,7 de abril para maio — leituras acima de 50 sugerem otimismo e expansão setorial no mês.
Assim, os investidores mostraram-se animados com as perspectivas de recuperação econômica após o pico da pandemia de coronavírus, assumindo uma postura otimista nas bolsas que se sobrepôs à cautela deixada pelas manifestações dos últimos dias.
No mercado de juros, o tom foi de estabilidade nesta segunda-feira. Os investidores optam por aguardar os desdobramentos da semana, com destaque para a decisão de política monetária do BCE e o relatório de trabalho nos EUA:
- Janeiro/2021: de 2,30% para 2,29%;
- Janeiro/2022: estável em 3,14%;
- Janeiro/2023: de 4,23% para 4,22%;
- Janeiro/2025: estável em 5,97%.
Embraer em foco
Entre as empresas listadas na B3, o principal destaque é a Embraer, que divulgou o resultado do primeiro trimestre. A fabricante de aeronaves registrou prejuízo de R$ 1,276 bilhão nos primeiros três meses deste ano — suas ações ON (EMBR3), contudo, subiram 3,64%, na esteira de potenciais novas parcerias e de um possível pacote de ajuda do BNDES.
Veja abaixo as cinco maiores altas do Ibovespa no momento:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| GOLL4 | Gol PN | 13,06 | +8,56% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | 13,43 | +8,31% |
| MULT3 | Multiplan ON | 22,28 | +7,68% |
| CVCB3 | CVC ON | 15,50 | +7,64% |
| IGTA3 | Iguatemi ON | 35,05 | +7,55% |
Confira também as cinco maiores baixas do índice:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
| BEEF3 | Minerva ON | 13,08 | -2,32% |
| RENT3 | Localiza ON | 37,61 | -2,26% |
| EGIE3 | Engie ON | 41,59 | -1,93% |
| CPFE3 | CPFL Energia ON | 31,72 | -1,64% |
| ENGI11 | Energisa units | 46,80 | -1,47% |
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
