Ibovespa afunda 2% com temor de nova onda de coronavírus; dólar avança
“Rali da vacina” é interrompido nos mercados internacionais após anúncio de medidas de restrição em Nova York. Prorrogação do auxílio emergencial por segunda onda é ressaltada por Guedes, e principal índice da bolsa brasileira cai forte. Dólar tem novo dia de volatilidade e passa a subir

O Ibovespa segue o exterior na sessão desta quinta-feira (12), em que os índices de ações nos Estados Unidos apontam para baixo e as principais bolsas europeias fecharam em queda de ao menos 0,7% com o retorno sobre os temores do coronavírus ao radar dos investidores.
A novidade vem exatamente dos EUA, onde dia após dia têm sido registrados recordes de novos casos da doença.
No estado de Nova York, medidas de distanciamento social foram anunciadas ontem à noite pelo governador Andrew Cuomo, que definiu o toque de recolher, vigente a partir de sexta, para as 22h do horário local para bares, restaurantes e academias.
Enquanto isso, reuniões em residências privadas na cidade serão limitadas a 10 pessoas, no máximo.
“Os próximos meses podem ser desafiadores”, disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, hoje. Sobre as implicações de uma vacina, ele acrescentou: “Do nosso ponto de vista, é muito cedo para avaliar com alguma confiança”.
“Vemos que a economia continua em uma trajetória sólida de recuperação, mas o principal risco que vemos é a propagação de doenças aqui nos Estados Unidos”, disse Powell, durante Fórum do Banco Central Europeu.
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Outra informação importante é a falta de um novo acordo de estímulos: segundo a Bloomberg, o governo de Donald Trump desistiu de tentar qualquer acordo por uma ajuda econômica.
Assim, os mercados no exterior pausam o recente rali, gerado exatamente pela perspectiva de uma vacina contra o coronavírus.
Os investidores aproveitam também para realizar lucros com papéis de empresas da "economia tradicional", que tinham se recuperado fortemente nos últimos dias.
Por volta das 17h, os índices S&P 500 e Dow Jones operam no vermelho em Nova York, caindo ao menos 1% agora.
Nem o Nasdaq, índice das ações de tecnologia, as grandes vencedoras do mundo corporativo com a pandemia, resiste à venda generalizada de papéis, recuando 0,6% neste momento.
Ontem, o índice das "big techs" foi o único índice acionário dos Estados Unidos a exibir uma alta vigorosa: avançou 2%, na primeira alta em três sessões.
Por volta do mesmo horário, o Ibovespa cai 2,3%, para 102.420 pontos, perto das mínimas do dia. É a maior queda do índice desde 30 de outubro, antes do início do rali de seis altas seguidas, quando recuou 2,72%.
As ações da Petrobras e de bancos são uma pressão negativa na sessão de hoje — os papéis se recuperaram durante o rali originado pela eficácia da vacina da Pfizer. Outras ações de peso, Ambev, Rumo e Eletrobras também caem hoje e pressionam o índice.
No cenário local, uma fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, também causa cautela. Guedes disse que a prorrogação do auxílio emergencial no caso de uma segunda onda do coronavírus por aqui "não é possibilidade, é certeza".
"Se houver segunda onda da pandemia, o Brasil reagirá como da primeira vez", disse Guedes, completando que, nesse cenário, seria decretado estado de calamidade pública e recriado o auxílio.
Na quarta (11), os mercados sofreram os impactos das falas do presidente Jair Bolsonaro e do deputado Rodrigo Maia, que criaram a percepção de um novo desentendimento político e acentuaram a preocupação sobre o risco fiscal.
No cenário macroeconômico, ficam no radar os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos na semana passada, que melhoraram na comparação com a semana imediatamente anterior — caindo de 731 mil para 709 mil.
Ainda nos Estados Unidos, apesar do presidente Donald Trump ainda não reconhecer a derrota e dificultar a transição, o presidente eleito Joe Biden fez a sua primeira escolha para o gabinete, apontando o conselheiro de longa data Ron Klain como o seu chefe de gabinete.
Localmente, os investidores avaliam o crescimento do setor de serviços, que avançou 1,8% na passagem de agosto para setembro, na quarta alta consecutiva.
O ganho ainda não compensou as perdas de 19,8% acumuladas de fevereiro a maio, em razão da crise da pandemia de coronavírus.
Destaques da bolsa
A transmissora de energia Taesa lidera as altas do índice hoje. A companhia registrou lucro líquido de R$ 631,9 milhões no terceiro trimestre, em alta de quase 80% na comparação anual.
Outro destaque de alta chegou a ser a JBS, cuja ação agora tem leves ganhos. A empresa encerrou o terceiro trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 3,132 bilhões, ou R$ 1,17 por ação, valor 778,2% maior do que o lucro de R$ 356,7 milhões verificado no mesmo período de 2019.
A Marfrig foi outra que fez bonito nos resultados trimestrais e chegou a estar entre os maiores ganhos percentuais do índice, mas agora tem apenas leve alta. A companhia teve lucro líquido de R$ 674 milhões, avanço de 571% na comparação anual.
Ainda assim, o setor está animado, e papéis de Minerva também são puxados após os balanços de empresas do setor. Veja as principais altas do Ibovespa neste momento:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇOS (R$) | VARIAÇÃO |
TAEE11 | Taesa units | 31,56 | 3,07% |
HAPV3 | Hapvida ON | 69,82 | 1,93% |
BTOW3 | B2W ON | 76,02 | 1,73% |
GNDI3 | Intermédica ON | 69,64 | 1,07% |
BEEF3 | Minerva ON | 10,11 | 0,70% |
Na ponta negativa, a Rumo lidera as quedas percentuais — a operadora ferroviária reportou lucro líquido de R$ 171 milhões.
De acordo com a empresa, o resultado foi influenciado pela queda de 4,2% na tarifa de transporte ferroviário, assim como as maiores gastos com a renovação antecipada da Malha Paulista.
"A Rumo foi extremamente prejudicada pelo aumento das despesas financeiras", escreve Luís Sales, analista da Guide Investimentos, em relatório.
Outra concessionárias, as ações da CCR também operam entre as maiores quedas, após queda de 65% do lucro líquido da empresa em relação ao mesmo período de 2019.
A Eletrobras também desapontou. A companhia marcou lucro líquido de R$ 96 milhões, queda de 87% ante o terceiro trimestre de 2019, e as ações lideram a baixa percentual hoje. Confira as principais quedas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
RAIL3 | Rumo ON | 18,82 | -6,09% |
CCRO3 | CCR ON | 11,66 | -6,04% |
ELET3 | Eletrobras ON | 32,33 | -5,85% |
ECOR3 | Ecorodovias ON | 11,24 | -5,63% |
AZUL4 | Azul PN | 28,24 | -5,23% |
Dólar busca máximas; juros curtos caem, longos sobem
A moeda americana abriu a sessão em queda frente ao real, buscando o patamar de R$ 5,35 nas mínimas do dia (-1,15%), mas virou para alta após a fala de Guedes sobre estender o auxílio e chegou a atingir a cotação de R$ 5,4762, na máxima do dia (+1,1%).
Por volta das 17h, refletindo a aversão ao risco no exterior, o dólar subia forte, marcando alta de 1,04%, sendo cotado a R$ 5,4727, atestando mais uma sessão de volatilidade no mercado de câmbio.
O Dollar Index (DXY) recua levemente, apontando enfraquecimento do dólar contra moedas fortes. Frente a pares emergentes do real, o dólar, no entanto, avança.
Os investidores também ponderam as chances de progresso da agenda econômica no Congresso.
Ontem, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, disse que acordou com o presidente Bolsonaro quais pautas iriam a voto e que também havia entendimento com a base para desimpedir a obstrução.
Os juros, que subiram forte ontem refletindo a apreensão sobre o cenário fiscal, adotaram comportamento misto hoje.
As taxas curtas fecharam em leve queda, enquanto as longas avançaram reduziram refletindo a declaração de Guedes e avaliando uma piora do risco fiscal. Veja as principais taxas agora:
- Janeiro/2021: de 1,930% para 1,923%
- Janeiro/2022: de 3,39% para 3,38%
- Janeiro/2023: de 4,95% para 4,98%
- Janeiro/2025: de 6,67% para 6,75%
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