Ibovespa nas máximas e dólar a R$ 4,14: o retrato de uma semana quase perfeita para os mercados
O Ibovespa cravou a quinta alta consecutiva nesta sexta-feira e chegou a mais um recorde de fechamento, aso 111.125,75 pontos. O dólar à vista acumulou perdas de mais de 2% na semana, voltando a R$ 4,14
Digamos que você seja igual ao Tio Patinhas e tenha começado seus investimentos com uma moedinha da sorte. Digamos também que você tenha optado por aplicar essa pataca na bolsa — mais precisamente, num ETF que replique o desempenho do Ibovespa. Pois saiba que seu retorno foi de 2,67% apenas nessa semana.
Ok, ainda não dá para encher uma caixa-forte. Mas é um começo promissor: afinal, o principal índice da bolsa brasileira subiu em todos os dias dessa semana, uma sequência positiva que não era vista desde outubro. Melhor guardar essa moedinha numa redoma — ela pode virar um talismã da sorte.
Nesta sexta-feira (6), o Ibovespa fechou em alta de 0,46%, a 111.125,75 pontos, um novo recorde em termos de fechamento — na verdade, é o terceiro dia seguido em que o índice renova o topo histórico. O ganho de 2,67% acumulado desde segunda representa o melhor desempenho semanal desde agosto.
E o mercado de câmbio? Bem, se a sua pataca for denominada em reais, sorte a sua: o dólar à vista caiu nos últimos cinco dias, fechando a sessão de hoje a R$ 4,1469, em baixa de 0,99%. Na semana, a divisa americana caiu 2,21% — ou, em números mais concretos: ficou 10 centavos mais barato.
Otimismo em Patópolis
E o que explica essa onda de ganhos do Ibovespa e o forte alívio no dólar? Nas palavras de um analista com quem eu conversei, os mercados tiveram uma semana quase perfeita — uma espécie de "tempestade perfeita" de fatores positivos.
Tudo por causa de uma combinação bastante difícil: tanto no exterior quanto no Brasil, o noticiário e os dados econômicos foram bastante favoráveis, reduzindo fortemente a aversão ao risco nos mercados financeiros.
Leia Também
Veja a situação no Brasil, por exemplo: no começo da semana, tivemos a alta de 0,6% no PIB do terceiro trimestre, dado que surpreendeu positivamente os analistas; depois, veio a expansão de 0,8% na produção industrial em outubro, o terceiro avanço consecutivo no indicador; por fim, a inflação medida pelo IPCA acelerou para 0,51% em novembro, puxada pela disparada no preço das carnes.
A partir desses números, o mercado conseguiu fazer algumas projeções em relação à situação econômica do Brasil — e as perspectivas para o futuro foram positivas.
Em relação ao PIB, destaque para a revisão para cima do resultado no segundo trimestre, indicando uma tendência de aquecimento econômico. E, considerando o bom resultado das varejistas na Black Friday, há a percepção de ganho de tração na atividade.
Além disso, vale ressaltar que a indústria da construção civil — uma das que mais sofreu nos últimos anos — foi uma das que mais contribuiu para a evolução do PIB no terceiro trimestre, mais um indício animador quanto às perspectivas futuras para a economia.
A produção industrial, por sua vez, ficou ligeiramente abaixo das previsões dos analistas. Mas, de qualquer maneira, o terceiro mês consecutivo de expansão na atividade das indústrias também cria uma expectativa positiva em relação à recuperação da economia do país.
Já a inflação... bem, o IPCA, à primeira vista, parece ter implicações negativas — o avanço de 0,51% em novembro, afinal, marca a maior leitura para o mês desde 2015. Mas fato é que, tirando a forte pressão no grupo de alimentos, os demais núcleos da inflação continuam sob controle.
Assim, por mais que o IPCA tenha ficado acima das expectativas, o dado não trouxe maiores preocupações ao mercado. Em outras palavras: a perspectiva de manutenção da Selic em patamares baixos segue firme e forte — e, nesse cenário, varejistas e construtoras tiveram ganhos expressivos na bolsa.
Professor Pardal
Ok, o cenário macro brasileiro está benéfico para os mercados financeiros. Mas o Brasil não é uma ilha — sendo assim, o exterior fatalmente influencia nas negociações.
E, lá fora, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu uma de professor Pardal: inventou das suas e causou alguma confusão, mas, ao fim do dia, tudo deu certo.
Trump começou a semana chamando Brasil e Argentina para a guerra comercial: ele acusou os países de estarem desvalorizando artifcialmente suas moedas e, com isso, ganhando uma vantagem no comércio internacional. Com esse argumento, ele voltou a sobretaxar as importações sobre o aço e alumínio dos dois países.
Um fator negativo, certo? Certo. Só que a medida está longe de ser uma tragédia para as siderúrgicas brasileiras, que tem na China seu principal cliente externo — e, em Pequim, as notícias foram boas para o aço brasileiro.
A produção industrial do gigante asiático deu sinais de força nesta semana, indicando que a demanda por minério de ferro e por aço tende a seguir elevada no curto prazo — fator que fez com que os mercados ficassem indiferentes ao rompante do Professor Pardal.
Voltando ao presidente americano: ele também fez ameaças à França, dando a entender que as negociações com a China poderiam estar sob risco. Mas, aparentemente, era tudo uma estratégia à la Trump — criar um ambiente agressivo para depois conversar.
Ao longo da semana, o noticiário internacional foi unânime ao apontar evoluções nas negociações comerciais entre americanos e chineses, indicando que o fechamento da primeira fase de um acordo é iminente. E essa percepção embalou as bolsas americanas.
O Dow Jones fechou o pregão de hoje em alta de 1,22%, o S&P 500 subiu 0,91% e o Nasdaq avançou 1,00% — os três índices acumularam ganhos na semana. O Ibovespa, assim, pegou carona nesse contexto global.
E a sessão de hoje?
Nesta sexta-feira, todo esse otimismo ganhou cores ainda mais vibrantes, com sinais de força do mercado de trabalho americano. A taxa de desemprego do país caiu a 3,5% em novembro, ligeiramente abaixo das previsões do mercado.
E não foi só isso: a economia do país criou 266 mil novos postos de trabalho no mês passado, superando em muito a expectativa dos analistas e agentes financeiros. Os dados provocaram uma reação imediata nas bolsas globais, ampliando o ritmo de ganhos lá fora.
As cinco mais...
Veja as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta sexta-feira:
- Via Varejo ON (VVAR3): +7,30%
- Lojas Americanas PN (LAME4): +7,07%
- Yduqs ON (YDUQ3): +5,47%
- BTG Pactual units (BPAC11): +5,14%
- Gol PN (GOLL4): +4,98%
Confira também os papéis que tiveram as maiores altas no acumulado da semana:
- Via Varejo ON (VVAR3): +13,51%
- Lojas Americanas PN (LAME4): +10,73%
- MRV ON (MRVE3): +9,62%
- B2w ON (BTOW3): +9,00%
- Weg ON (WEGE3): +7,63%
...e as cinco menos
Saiba quais foram os papéis que lideram a ponta negativa do índice nesta sexta-feira:
- Itaú Unibanco PN (ITUB4): -1,81%
- Santander Brasil units (SANB11): -1,17%
- Energias do Brasil ON (ENBR3): -1,14%
- Bradesco PN (BBDC4): -1,12%
- Itaúsa PN (ITSA4): -0,96%
E as ações que recuaram mais na semana:
- Smiles ON (SMLS3): -8,69%
- Raia Drogasil ON (RADL3): -7,14%
- Qualicorp ON (QUAL3): -4,48%
- JBS ON (JBSS3): -3,62%
- Hypera ON (HYPE3): -3,03%
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
