GPA dá os primeiros passos após a novela da Via Varejo — e suas ações disparam
Os papéis do GPA sobem forte após seu controlador, o grupo francês Casino, revelar os planos para a reestruturação de suas atividades na América Latina. E a empresa brasileira será peça fundamental nesse projeto

O que faz você feliz? No caso dos acionistas do Grupo Pão de Açúcar (GPA), a resposta é simples: ver os planos para a expansão internacional da companhia — e, de quebra, acompanhar a melhoria da governança corporativa da empresa.
Numa quinta-feira (27) de bastante volatilidade para o Ibovespa — acompanhe aqui a cobertura dos mercados — as ações PN do GPA (PCAR4) despontaram como ponto fora da curva e fecharam em alta de mais de 10%, retornando aos níveis de preço do início de maio.
Tudo isso porque o francês Casino, acionista controlador do GPA, revelou um projeto para restruturar suas operações na América Latina. Os planos tratam da aquisição, pela empresa brasileira, de outro importante ativo do grupo na regão, o Almacenes Éxito, da Colômbia.
O anúncio dos franceses, no entanto, está longe de ser surpreendente. Rumores a respeito da reformulação das atividades latino-americanas já circulavam há tempos no mercado, mas o plano só foi levado a público após o encerramento de uma outra novela: a venda da participação do GPA na Via Varejo.
Ao se desfazer de sua fatia na dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, o GPA ficou livre para se focar em seu negócio central: as operações de supermercados — sejam eles varejistas, como a rede Pão de Açúcar, ou os chamados 'atacarejos', como o Assaí.
E o Casino deu um empurrão nesse sentido, já que o Éxito engloba uma grande rede supermercadista na América Latina, com lojas na Colômbia, Argentina e Uruguai — e todas essas operações passariam a ser controladas diretamente pelo GPA.
Leia Também
Os planos do Casino foram muito bem recebidos pelo mercado. As ações PN do GPA fecharam em forte alta de 11,26%, a R$ 94,14, após bater os R$ 94,31 na máxima do dia (+11,46%). O Ibovespa terminou o pregão desta quinta-feira em leve alta de 0,04%, aos 100.724,97 pontos.
Trama complexa
A reorganização das operações do grupo francês na América Latina se dará em várias etapas. Num primeiro momento, o GPA irá lançar uma oferta para comprar todas as ações do Almacenes Éxito na Colômbia, incluindo a fatia detida pelo próprio Casino, de cerca de 55%.
Mas há um detalhe: o Éxito, atualmente, é acionista do GPA e detém quase 50 milhões de ações ordinárias da empresa brasileira. Assim, uma segunda etapa envolve a aquisição, pelo Casino, dessa participação dos colombianos no Grupo Pão de Açúcar.
Resolvidas essas questões de participação acionária, há a terceira fase do plano: a migração do GPA para o Novo Mercado da B3, segmento reservado às empresas com os maiores níveis de governança corporativa. Para isso, a companhia irá converter todas as suas ações preferenciais em ordinárias, na proporção de um para um.
"Achamos muito boa a proposta de restruturação. Resolve de maneira bastante satisfatória a questão de governança corporativa do GPA, e é por isso que o mercado está reagindo de maneira tão positiva à notícia", me disse uma grande asset brasileira, sob condição de anonimato.
Planos antigos
As intenções do Casino começaram a ser ventiladas no início de maio, quando os primeiros rumores a respeito de uma reorganização começaram a circular na imprensa. Na ocasião, falava-se numa estrutura que teria o GPA como carro-chefe, mas que também incluiria a Via Varejo.
O próprio grupo francês veio a público para cometar os boatos — e não negou que estivesse conduzindo estudos em relação aos ativos na América Latina. No entanto, a falta de maiores detalhes a respeito da possível operação fez as ações PN do GPA despencarem.
Afinal, após anos buscando um comprador par a Via Varejo, uma restruturação das operações latino-americanas do Casino ainda envolvendo a dona das Casas Bahia soou bastante insatisfatória para o mercado. Mas, encerrada essa novela, a reorganização parece muito mais atrativa.
O nível de R$ 94 atingido pelas ações PN do GPA nesta quinta-feira, inclusive, é semelhante ao visto no início de maio, quando os primeiros rumores a respeito da operação começaram a circular. Assim, após quase dois meses, os papéis recuperaram o terreno perdido na ocasião.
E agora?
Os planos do Casino foram, em linhas gerais, bem recebidos por analistas do setor de varejo, que mostraram animação em relação ao futuro do GPA com a nova estrutura.
Richard Cathcart, do Bradesco BBI, diz não ver muito valor estratégico na aquisição do Éxito pelo GPA, mas afirma que há três fatores positivos a serem desencadeados pela transação: a melhoria na governança corporativa, os acréscimos ao lucro por ação da empresa brasileira — cerca de 11% em 2020 — e o fim das especulações envolvendo a companhia, o que tende a estabilizar o comportamento dos papéis.
"Antes do anúncio, havia muitos possíveis cenários a respeito de com essa reorganização poderia ser conduzida; considerando tudo, acreditamos que as transações anunciadas formam um cenário melhor que o temido pelos investidores", escreve Cathcart, em relatório.
A equipe de análise do Bradesco BBI ainda ponera que, num cenário em que o GPA adquire a totalidade das ações do Éxito a um preço unitário entre 16 mil e 18 mil pesos colombianos, a empresa brasileira irá desembolsar cerca de R$ 9 bilhões em caixa, dos quais cerca de R$ 5 bilhões irão para o Casino.
Por outro lado, o GPA também receberá cerca de R$ 5 bilhões do controlador, referente à fatia detida pelos colombianos na empresa. Assim, o BBI projeta que o valor líquido a ser pago pelo GPA será de cerca de R$ 4 bilhões, o que levaria a alavancagem da empresa, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, para perto de 1,8 vez em 2020 — atualmente, esse índice é de cerca de 0,4 vez.
No entanto, esse aumento de endividamento tende a ser compensado pelos ganhos no lucro por ação da empresa. "Assim que adquirir o Éxito, o GPA terá operações na Colômbia, Uruguai e Argentina, além do Brasil", escreve o analista. "Esses novos países irão responder por 20% das vendas e 25% do Ebitda do grupo combinado".
Também em relatório, o analista Luiz Guanais, do BTG Pactual, destaca que a faixa de preço a ser paga pelo GPA representa um prêmio de 10% a 24% em relação à cotação atual das ações do Éxito — taxa considerada razoável pela instituição.
Vale lembrar, ainda, que o GPA levantou R$ 2,3 bilhões com a venda de sua participação na Via Varejo. Assim, uma parte relevante dos desembolsos futuros relacionados à compra das ações do Éxito poderá ser quitada com os valores recentemente obtidos pela companhia.
Com o anúncio dos planos do Casino, o Bradesco BBI elevou o preço-alvo para as ações PN do GPA, passando de R$ 110 para R$ 112 — o BTG Pactual manteve o alvo em R$ 106. Ambas as instituições possuem recomendações semelhantes à "compra" para os papéis da empresa brasileira.
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Lojas Renner (LREN3): XP eleva recomendação para compra e elenca quatro motivos para isso; confira
XP também aumenta preço-alvo de R$ 14 para R$ 17, destacando melhora macroeconômica e expansão de margens da varejista de moda
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar
Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis
Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault