O futuro da Boeing após a ‘maldição do Max’
As ações da Boeing caíram apenas 8,31% do acidente da Lion Air (houve outro com a Ethiopian Airways) para cá. Essa pequena queda não bate com os fundamentos

Nas primeiras horas da manhã do dia 29 de novembro de 2016, quando ainda estava dormindo, fui acordado por uma produtora do programa Encontro com Fátima Bernardes. “Você já está sabendo o que aconteceu?”, a moça me perguntou.
Tonto de sono, custei a me sintonizar com o que ela dizia. Mas logo me dei conta de que devia se tratar de algum desastre de avião.
Por causa de meus livros Caixa-preta, Plano de ataque, Perda Total e Voo Cego, a imprensa sempre recorre a mim quando há alguma tragédia aérea.
- Oferta relâmpago: Ivan Sant’Anna vai revelar os segredos de trader a um grupo de 90 leitores. Entre no grupo do Ivan.
“Caiu um avião”, adivinhei. E acertei.
“Foi uma aeronave fretada pela equipe de futebol da Chapecoense. Eles bateram no topo de um morro nas proximidades do aeroporto de Medellín, na Colômbia, quando se aproximavam para pousar. Parece que morreu quase todo mundo. Há apenas alguns sobreviventes em estado grave.”
“Bem, até agora eu não sabia de nada”, respondi, com o celular na mão já ligando o aparelho de TV na GloboNews.
Leia Também
“Você poderia ir ao Encontro? A gente manda um carro te pegar em casa. Seria bom chegar cedo para estudar com a Fátima os detalhes do desastre.”
Tudo acertado, no Projac me interei dos fatos sabidos até o momento e participei do programa.
Como sempre acontece quando cai um avião, os telespectadores só querem saber disso. Ainda mais tendo ocorrido com um time de futebol, coisa que aconteceu pouquíssimas vezes na história: Torino, da Itália (1949); Manchester United, da Inglaterra (1958); e seleção de Zâmbia (1993), o que só vem a demonstrar a segurança da aviação.
A produção do Jornal Nacional daquele dia 29.11.16 deve ter gostado de minha participação no Encontro pois me convidou para ir ao JN. Lá, fui entrevistado pelo repórter Carlos de Lannoy. “O que aconteceu com o avião foi uma pane seca (queda por falta de combustível)”, afirmei convicto.
Nos dias que se seguiram, falou-se que fui a primeira pessoa que deduziu as causas do desastre.
Isso é uma meia verdade. Realmente fui o primeiro a dizer isso no Brasil. Só que naquela tarde, após minha apresentação na Fátima Bernardes, e antes de ir para os estúdios do Jornal Nacional, no Jardim Botânico, conversei, pelo telefone, com um comandante de Boeing 777 de uma companhia asiática, uma das maiores do mundo. Trata-se de renomado especialista em segurança aérea, além de examinador de outros colegas.
“Ivan, o jato da Lamia (empresa de voos charters que operava na Bolívia) decolou para uma viagem de 3:55 horas com apenas quatro de autonomia. Não tinha nenhuma margem de segurança. Isso é quase suicídio.”
“Foi quase um suicídio”, afirmei convicto no Jornal Nacional. Sempre que há um acidente aéreo, consulto esse meu amigo comandante. É o que está acontecendo agora na crise dos Boeing MAX.
Esta semana, ele me passou por WhatsApp a seguinte notícia:
“A Boeing suspenderá a produção da aeronave 737 MAX – o modelo novo de avião envolvido em dois acidentes fatais que tiraram a vida de 346 pessoas – em janeiro de 2020, a companhia anunciou na segunda-feira.”
Mãozinha do governo?
Apesar disso, continua construindo 40 aeronaves por mês (quem sabe à espera de um milagre) após a interdição (grouding) dos MAX em todo mundo. Além disso, já tem 400 aeronaves estocadas nos hangares, pátios de estacionamento (inclusive de automóveis dos operários) da fábrica e dos aeroportos próximos no estado de Washington (noroeste dos Estados Unidos).
Mesmo considerando que o Índice Industrial Dow Jones (do qual a Boeing é um dos componentes) está em suas máximas históricas, as ações da Boeing Company caíram apenas 8,31%, de US$ 361,98 para US$ 331,90, do acidente da Lion Air (houve outro com a Ethiopian Airways) para cá.
Essa pequena queda não bate com os fundamentos. A Boeing deveria estar com um prejuízo colossal, fabricando aviões sem vender. Se não está, é porque o governo americano deve (essa hipótese é minha; não a vi em nenhum lugar) estar ajudando.
“Mas como, ajudando?”, pode estar indagando o caro leitor. “Dando dinheiro?”.
“Comprando aviões militares”, respondo. “Há alguns bombardeiros estratégicos que custam até US$ 300 milhões a unidade. Ele (o Pentágono) pode estar adiantando o valor de encomendas futuras.” Em algum momento, o prejuízo dos MAX vai se manifestar nos balanços da Boeing e o papel vai cair.
Venda ações da Gol
Para os investidores em ações da B3 que possuem em suas carteiras ações da Gol, sugiro a venda.
A frota da empresa é constituída de jatos da Boeing, entre os quais sete modelos 737 MAX que se encontram paralisados no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Fora outras 135 unidades do MAX encomendadas à fábrica de Seattle. Estes, ao que tudo indica, jamais chegarão.
O restante dos jatos da Gol é composto de Boeings 737 NG (Next Generation, os modelos 600, 700, 800 e 900), sendo que no mundo alguns estão apresentando problemas de fadiga prematura de material. Onze aparelhos dessa linha estão parados em Confins.
Total de Boeings 737 da Gol interditados: 18. Quase 15% das aeronaves da empresa.
Desde a queda do MAX da Lion Air (e iniciado o inferno da Boeing), as ações da Gol já subiram 47%. Sugiro aos caros leitores que as possuem vendê-las.
Se os prognósticos sombrios que faço para a Boeing se consubstanciarem, e a Gol decida trocar, mesmo que parcialmente, sua frota por aeronaves da Airbus e da Embraer, ela será posta no final da fila que já se formou nesses dois fabricantes. Fora os custos de treinamento de pilotos e mecânicos, e trocas de simuladores, para os novos tipos de aeronave.
O mercado de ações está muito promissor para 2020. Vai entrar dinheiro novo. Vão entrar papéis, oriundos de IPOs, de privatizações e de vendas da carteira do BNDES.
Se o amigo assinante faz questão de ter ações ligadas à aviação, aconselho as da Embraer, mesmo sabendo que 80% da divisão comercial da empresa está sendo transferida para o controle da Boeing.
Acredito que a montadora de São José dos Campos e Gavião Peixoto vai vender tudo que produz (e seus aviões são de excepcional qualidade) nos próximos anos, além de expandir suas linhas de fabricação.
Com certeza a Boeing não vai quebrar. Nem Trump nem um eventual sucessor democrata permitiriam. Mas nunca se sabe em que condições haverá um acordo entre Seattle e Washington.
Do modo como está é que não pode continuar. Isso não é um negócio que se deve pagar para ver.
A indústria aeronáutica mundial se fundiu demais nas últimas décadas (para diminuir os custos de produção), mas agora ficou concentrada em excesso.
Basta um problema com uma das fabricantes para afetar todo o universo da aviação.
Ação ficou barata? Por que Hapvida (HAPV3) vai recomprar até 20 milhões de ações na bolsa
O conselho de administração da Hapvida aprovou a criação de um programa para aquisição de até 20 milhões de ações HAPV3
Governo Lula entra em campo para salvar os Correios e busca empréstimo de R$ 20 bilhões com garantia da União
Desde 2022, a estatal apresenta prejuízos, mas o resultado negativo vem piorando semestre a semestre
J&F, dos irmãos Batista, compra participação da Eletrobras (ELET3) na Eletronuclear por R$ 535 milhões e estreia no setor de energia nuclear
O acordo também prevê que a holding dos Batista assumirá garantias e adotará as providências necessárias com os credores e parceiros da Eletronuclear
Reag oficialmente troca de mãos, e novo controlador revela planos. Agora, o que falta é uma OPA
Com a operação, a holding Arandu Partners comprou cerca de 87,4% do capital total da Reag. Veja os próximos passos
BRB rebate acusações de negócios com Master “às margens do Banco Central”; confira os detalhes
Segundo o documento, as operações realizadas pelo BRB seguem a dinâmica natural do mercado financeiro, “sempre com o objetivo de gerar eficiência, rentabilidade e crescimento”
Moura Dubeux (MDNE3) ainda pode subir mais de 50%, na visão do Bradesco BBI; veja o novo-preço alvo da construtora nordestina
Banco revisou estimativas após balanço do terceiro trimestre e destaca que companhia superou as expectativas
Streaming famoso vai mudar de nome e você vai ficar com cara de tacho quando souber qual é
Menos “+”, mais confusão: a Apple rebatiza seu streaming para parecer simples, mas o nome agora vale por três
Gol (GOLL54): o que acontece com as 100 mil pessoas físicas que têm a ação com a proposta de fechar o capital?
Com 99% das ações já nas mãos do Grupo Abra, a Gol quer encerrar o capital e comprar a fatia que ainda pertence aos minoritários; veja as condições
R$ 1 bilhão em jogo? Guararapes contrata BTG Pactual para ajudar na venda do shopping Midway Mall e ações sobem
Shopping de Natal, no Rio Grande do Sul, teve Ebtida de R$26,9 milhões no trimestre passado
Titãs de Wall Street superam previsão de lucro e receita, mercado gosta, mas ações caem; entenda os motivos
Citigroup e Wells Fargo conseguem romper a maré de perdas em Nova York e papéis chegam a dispara mais de 7% nesta terça-feira (14)
Banco Master tem conta de R$ 1 bilhão em CDBs até o fim do mês — e corre contra o tempo para conseguir pagar
Vencimento se soma ao prazo de pagamento de linha de crédito concedida pelo FGC e torna venda do Will Bank urgente
XP inicia cobertura de 3 empresas do setor elétrico e que podem subir até 55%; veja quais
No setor elétrico, a Neoenergia, que passa por um momento decisivo, tem preço-alvo de R$ 42,60, com potencial de valorização de 55%, segundo a XP
Ações, dividendos e Fundo 157: Vale (VALE3) emite alerta para um antigo golpe agora repaginado
Vale (VALE3) alerta sobre golpe envolvendo dividendos, ações e o Fundo 157
Mais um interessado nos jatos da Embraer (EMBR3): TrueNoord fecha pedido firme de quase R$ 10 bilhões para aviões E195-E2
O negócio contempla o pedido firme de 20 jatos E195-E2 e ainda garante direitos de compra para mais 30 aeronaves
Apagão nacional: o motivo por trás do blecaute que deixou milhões no escuro na madrugada
Incêndio em subestação no Paraná teria provocado reação em cadeia no sistema elétrico, deixando parte do país sem luz por até uma hora
Gol (GOLL54) quer voar para longe da bolsa de valores: entenda a proposta que pode fechar o capital da aérea
Plano da Gol abre caminho para o fechamento de capital e saída da B3, em meio à baixa liquidez das ações e às exigências da bolsa por reenquadramento
Vem aí a tão esperada incorporação do Banco Pan: BTG Pactual propõe ficar com 100% do capital e ações BPAN4 disparam 26% na B3
O banco de André Esteves pretende incorporar integralmente o Pan, transformando-o em uma subsidiária completa do grupo BTG. Entenda o que vem pela frente
A Embraer (EMBR3) vai mudar: novo ticker passa a valer a partir de 3 de novembro na bolsa brasileira e em Nova York
O anúncio sugere um esforço da fabricante brasileira de aeronaves de unificar sua identidade corporativa nos mercados em que atua
Produção da Aura Minerals (AURA33) sobe no 3T25 e conquista otimismo de bancos. Hora de comprar?
Mineradora teve um avanço de 16% na produção consolidada em comparação ao período trimestre anterior; saiba o que fazer com as ações agora
O que o Mercado Livre (MELI34) quer no segmento de farmácias?
Mercado Livre quer atuar no segmento por meio do seu marketplace, o que hoje é proibido pela legislação brasileira