Cruzar a linha da guerra comercial para guerra cambial é muito assustador, diz Volpon do UBS
Para economista-chefe do UBS para o Brasil, Tony Volpon, estamos tendo o azar de ter andado com a agenda doméstica, mas em um momento global muito ruim
Na última conversa que tive com Tony Volpon, na turbulenta primeira quinzena de maio, o economista-chefe do UBS para o Brasil tinha comentado que o cenário seria de “game over” para nós se a instabilidade política continuasse naquele patamar e tivéssemos uma crise na China. Deste então, o lado político melhorou. Mas agora estamos vendo um acirramento das tensões entre EUA e China e a moeda chinesa ultrapassando os 7 yuans por dólar, patamar mencionado por ele na conversa de então.
Voltei a procurar Volpon, que nos explica que cruzar essa linha entre a guerra comercial e a guerra cambial é algo muito assustador, como estar em um pântano sem bússola. Ainda de acordo com o economista, demos azar de ter andado com nossa agenda de reformas dentro de um ambiente global muito ruim.
“Se olharmos o passado de outras guerras cambiais, elas nunca acabam bem. Guerras cambiais geram volatilidade em todos os mercados. Não é um evento limitado a tarifas. A questão cambial passa para o mercado de juros, para as bolsas, gerando muita volatilidade. Então, mexeu-se em um vespeiro complicado de controlar”, explica.
Volpon lembra que enquanto as disputas se limitavam a tarifas, os efeitos sobre as projeções de crescimento eram limitados, coisa de 0,2 ou 0,3 ponto percentual de PIB global. Agora, com uma guerra cambial se desenhando, os efeitos podem ser muito maiores e disseminados.
A linha dos 7 e o caminho do pântano
Segundo Volpon, uma forma de interpretar esse rompimento da linha dos 7 yuans por dólar é entender que a China já fez o que poderia fazer em termos de imposição de tarifas aos produtos americanos. O país asiático importa muito menos que exporta aos EUA, então há uma limitação natural ao uso retaliatório das tarifas.
“Não tinha mais o que a China taxar. Então, uma forma de interpretar o rompimento dos 7 yuans é: olha, não consigo retaliar mais fazendo tarifa, mas tem essa coisinha chamada câmbio, que eu controlo. Então, está aqui, querido”, explica.
Leia Também
Volpon também chama atenção para as declarações de Donald Trump sobre a possibilidade de fazer intervenções cambiais para desvalorizar o dólar de forma unilateral, algo inédito.
O economista cita um trabalho de seus colegas do UBS de Londres, que avaliaram outros movimentos de desvalorização de moedas por economias desenvolvidas. O que se observou em eventos históricos, como os Acordos do Plaza, de 1985, de desvalorização do dólar, bem como de atuação para estabilizar o iene, em 2011, depois do tsunami, foram ações pontuais e coordenadas.
“Não tem um histórico de um país do tamanho e da importância dos EUA de fazer atuação unilateral no mercado. Estamos entrando em território jamais visto. Trump pode ligar para o Tesouro e ordenar intervenção. Mas como isso será feito? Vão vender dólares e comprar o quê? Vai fazer dólar conta euro, iene? O que os europeus vão fazer? O que o Banco do Japão vai fazer? Você entra em um pântano sem bússola”, exemplifica.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Trump e a bolsa
Segundo Volpon, o presidente americano leva a sério a questão do comportamento das bolsas. Então, essa disposição de ficar batendo na China decorria do fato de que a bolsa americana não caia por causa disso. Ela se alavancava na expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano.
No entanto, o Fed, como vimos na semana passada, entregou um corte de 0,25 ponto e acenou que não pretendia fazer muito mais.
Como resposta, Trump foi lá e anunciou novas tarifas contra a China, em uma espécie de reação ao Fed.
“Só que agora, a bolsa está no pior dos mundos. Não tem corte de juro pelo Fed e temos esse prenúncio de guerra cambial, que é algo que a bolsa não gostaria de ver de forma alguma”, diz.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Para Volpon, Trump faz um jogo destrutivo e muito complicado para o Fed. Se o BC americano reduzir a taxa em função do jogo de Trump, há um risco moral enorme (de justificar ou se dobrar ao presidente). Mas se o Fed não voltar a cortar o juro, a situação pode piorar bastante. A situação do Fed é "impossível".
Além disso, os chineses já sacaram o “bate e assopra” do Trump. Podendo não reagir a eventual distensionamento que o presidente americano venha a fazer. Volpon lembra que a decisão de impor novas tarifas aos chineses foi tomada por Trump à revelia de seus conselheiros, e olha que eles não são amigáveis aos chineses.
Falta de sorte e a Selic
Segundo Volpon, mais uma vez, estamos tendo o azar de ter andado para frente com a agenda doméstica, como a reforma da Previdência, mas em um momento global muito ruim.
“Então, não conseguimos colher o benefício para a economia de ter andando com essa agenda. Pois uma coisa anula a outra”, avalia.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O contraponto é lembrar de 2017. Tínhamos globalmente o exato contrário: um ano excelente para economia global, forte crescimento e Trump não estava brigando com a China.
Naquele momento, tivemos a chance de fazer a reforma da Previdência. Acabamos não fazendo por causa do "evento JBS" (Joesley Day). Mas o mercado melhorou, ainda assim, lembra Volpon, pois o global tende a ser mais potente como força motora dos mercados.
“Mas imagina o que teria sido o crescimento de 2018 e 2019 se em 2017 tivéssemos feito a reforma? Daria aquela arrancada fenomenal. É uma pena. Estamos tendo esse azar.”
Essa maré ruim no lado doméstico pode vir a limitar o que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá entregar em termos de cortes da Selic, que saiu de 6,5% para 6% ao ano na semana passada.
“Estamos aprovando uma reforma da Previdência relevante e isso dá um pouco de fôlego para o BC continuar a entregar cortes apesar dessa volatilidade. Agora, se o câmbio for para R$ 4 e alguma coisa, acho que o BC, infelizmente, não vai conseguir entregar o orçamento de cortes que o mercado tinha na cabeça. Pois era um orçamento com câmbio a R$ 3,80, R$ 3,70 e até R$ 3,60. Agora, com câmbio a R$ 4,30?” questiona.
No mercado, a mediana do Focus reduziu a previsão de Selic no fim do ano de 5,5% para 5,25%, e já relatamos projeções de até 4,75%. É esse orçamento que entra em dúvida.
“Que bom que o BC acabou fazendo o corte na semana passada. Imagina se temos esse problema dois dias antes da reunião? Agora, temos um tempo até o próximo Copom”, ponderou.
Ainda de acordo com Volpon, tivemos episódio semelhante a esse em maio/junho do ano passado. Quando uma forte crise na Turquia e Argentina se espalhou por emergentes e, por aqui, tivemos a greve dos caminhoneiros. Naquela época, chegamos a ver conversas de que o BC teria de subir a Selic para conter a alta do dólar. Algo prontamente tirado de cena pelo próprio BC.
Em tempo: Pouco depois da nossa conversa, na tarde de ontem, os Estados Unidos listou a China como um dos países que manipulam taxa de câmbio. O efeito prático não é grande, mas o aceno político é forte, já que a China não fazia parte dessa lista desde a administração de Bill Clinton (1994). De maneira genérica, o Tesouro americano fala que vai trabalhar junto com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para "eliminar vantagens injustas".
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
