Mais importante do que anunciar novos compromissos é apresentar resultados concretos, diz Dan Ioschpe, empresário escolhido para a cúpula da COP30
Presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion, executivo tem o papel de envolver o setor privado nas negociações e ações do evento climático da ONU, que acontece em Belém em novembro.

Desde que foi nomeado como Climate Champion da COP30, o empresário Dan Ioschpe relata uma movimentação “surpreendentemente positiva” entre empresas e organizações ligadas ao setor produtivo, de olho na conferência do clima da ONU que acontece em Belém em novembro.
Segundo ele, há uma “proatividade e uma preparação muito forte” por parte dos atores econômicos e sociais. Think tanks, ONGs e líderes de grandes companhias têm buscado o diálogo.
“Todos têm procurado a nossa equipe para conversar, expor suas visões e preocupações. Percebemos uma boa sinergia e visões razoavelmente construtivas entre todos esses atores. Há uma visão de que é o momento de se acelerar, de se enfatizar a ação climática”, afirma Ioschpe, em entrevista ao Seu Dinheiro.
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A função do Campeão do Clima (ou High-Level Climate Champion) é atuar como um elo entre os governos e os diversos atores não estatais — como empresas e instituições financeiras — para impulsionar ações concretas em resposta à crise climática estabelecidas no Acordo de Paris.
Atual presidente do conselho de administração da multinacional automotiva Iochpe-Maxion, o executivo também é membro dos conselhos de administração da WEG, Marcopolo e Embraer, e um dos vice-presidentes da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Entre os temas mais discutidos entre o Campeão do Clima e o empresariado estão o combate ao desmatamento, a regeneração de áreas degradadas, a agropecuária sustentável, os biocombustíveis e energias renováveis.
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Para Ioschpe, o Brasil está bem posicionado: “Nós temos um setlist muito bom de projetos conectados com as visões globais e com grandes potencialidades do Brasil”.
O que esperar do setor privado na COP30
Para Ioschpe, mais importante do que anunciar novos compromissos climáticos é apresentar resultados concretos.
Ele reitera a visão do embaixador André Corrêa do Lago, designado como presidente da COP30, de que esta pode ser a conferência da implementação, com destaque para ações escaláveis e eficazes já em andamento.
O empresário enfatiza que é crucial verificar as soluções e projetos em andamento, valorizando os meritórios, mas sem impedir novas ideias. Contudo, atenção especial deve ser dada a projetos promissores já desenvolvidos, com capacidade de implementação, tecnologia e recursos humanos e financeiros, para que avancem rapidamente e impulsionem a ação climática.
“Não estou tão focado na ideia de compromisso porque já houve inúmeros compromissos. O que realmente a gente gostaria de ver é uma demonstração baseada em ciência e dados dos projetos e ações de relevância e que podem ser escalados, com resultados em mitigação ou em adaptação e resiliência”.
Ele cita como exemplo a regeneração de florestas degradadas, os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), a rota da pecuária de baixo carbono e o uso de hidrogênio verde.
“Se nós tivermos como mostrar que a regeneração de florestas degradadas tem um impacto significativo na questão da mitigação dos gases de efeito estufa, precisamos escalar e mostrar quem está fazendo, como está fazendo, onde está fazendo e entender por que não tem mais gente fazendo, ou seja, quais são as barreiras. E o mesmo se aplica ao SAF: onde estão os projetos, quem já conseguiu levar isso adiante e, por outro lado, o que falta para que isso acelere com mais velocidade”, explica o empresário.
Outro ponto levantado por Ioschpe diz respeito à convergência entre a agenda de sustentabilidade e o desenvolvimento socioeconômico.
“Uma das minhas ambições pessoais nesse processo [como Campeão do Clima] é que a gente consiga, como no B20, fazer uma ponte entre aquilo que é bom para o mundo e é bom para o Brasil. Soluções de sustentabilidade tendem a expandir cadeias de valor e impulsionar o desenvolvimento socioeconômico nacional”.
Durante a presidência brasileira do G20 em 2024, Ioschpe esteve à frente do B20, fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do grupo formado pelas principais economias do mundo.
O B20 funciona como uma ponte entre o setor privado global e os tomadores de decisão dos países mais ricos e influentes do mundo, reunindo executivos de grandes empresas, associações empresariais e especialistas.
Além disso, segundo Ioschpe, empresas e ONGs ligadas ao setor empresarial estão reconhecendo o desenvolvimento socioeconômico como uma estratégia poderosa para impulsionar a adaptação e a resiliência climática.
Em países como o Brasil, melhorar renda e infraestrutura pode reduzir significativamente a vulnerabilidade aos impactos do clima, tornando o investimento em desenvolvimento uma forma eficaz de preparar populações e territórios para eventos climáticos extremos.
Como o setor privado pode destravar o financiamento climático?
Uma das grandes questões da transição climática é o financiamento. Especialistas estimam que seja necessário um investimento de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, mas, na última Conferência do Clima, em Baku, no Azerbaijão, os países desenvolvidos se comprometeram com apenas US$ 300 bilhões anuais.
O empresário destaca que o setor privado está buscando rotas múltiplas de investimento, evitando depender de um único fluxo de recursos. Ioschpe afirma que mecanismos de mercado, como os créditos de carbono, devem ser parte também da solução.
“Quando pensamos no carbono e nos mercados correlacionados ao sequestro ou, do lado negativo, à emissão acima das expectativas, esses mecanismos de ajuste podem ser um caminho muito importante para gerar valor para as atividades capturadoras, sequestradoras ou mitigadoras diante das outras que não têm essa capacidade”, afirma.
Para países como o Brasil, que estão no lado positivo em termos de potencial dessa balança, o mercado de créditos de carbono é muito importante. No entanto, segundo Ioschpe, ele ainda não é suficientemente “amplo e global”, daí a necessidade de encontrar outros caminhos para atrair recursos, como o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês).
O TFFF, fundo global apresentado pelo Brasil na COP28 e parte do programa Novo Brasil - Plano de Transformação Ecológica, remunera investidores e destina lucros a países com preservação de florestas tropicais.
Liderado pelo Ministério da Fazenda, o plano visa transformar a economia brasileira em uma economia de baixo carbono, gerando empregos de qualidade e desenvolvimento social, enxergando na transformação ecológica oportunidades econômicas, tecnológicas e sociais.
Além da importância de desenvolver outras soluções inovadoras para determinadas ações climáticas, o Campeão do Clima faz um alerta: é preciso focar em projetos de maior relevância.
“Nosso foco é identificar e priorizar os projetos que têm maior potencial de gerar impacto e, assim, atrair os recursos necessários. Isso inclui criar mecanismos financeiros adaptados a cada projeto, garantindo que o investimento chegue com mais agilidade e eficiência. A ideia é concentrar esforços onde há maior chance de sucesso, inclusive para compensar eventuais falhas de outras iniciativas.”
“Quanto mais projetos e resultados a gente levar para frente, mais recursos financeiros vão acabar aparecendo”, resume Ioschpe.
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Setores brasileiros com potencial de liderança global na agenda climática
Na avaliação do “Champion”, a transição energética representa uma janela de oportunidade única para o Brasil. Setores como energia, agroindústria, biocombustíveis, mineração e indústria têm potencial para se tornarem líderes globais em sustentabilidade.
“Temos uma oportunidade de fazer o que é bom para a humanidade e muito bom para o Brasil”, afirma.
Ioschpe cita o fato do Brasil exportar produtos que são processados em países sem acesso à energia limpa. Para ele, aproveitar a oferta que temos de energia renovável para trazer para dentro do país essas etapas da cadeia de produção — como beneficiamento, industrialização ou montagem final de produtos — é uma maneira de aumentar a competitividade e reduzir a pegada de carbono.
“As atividades mais relevantes no Brasil podem, numa visão estratégica de desenvolvimento sustentável, adicionar etapas às suas atuais cadeias de valor [...] Seria muito mais razoável fazermos isso próximo da energia sustentável e renovável”.
Ioschpe reitera sua visão de que a estratégia sustentável é uma forma de impulsionar o desenvolvimento socioeconômico, contribuindo também para a adaptação e a resiliência climática. Segundo ele, alterar o padrão e a velocidade do desenvolvimento com base em práticas sustentáveis é um caminho meritório tanto para o Brasil quanto para o mundo.
O que os investidores individuais devem observar na agenda climática
Ao ser questionado sobre o papel dos investidores individuais na agenda climática, Ioschpe é direto: acreditar na ciência é o primeiro passo.
“Se você acreditar na ciência, você vai concluir que a estratégia sustentável tem valor. A ciência nos alerta que, se não tivermos uma alteração do padrão de sustentabilidade, teremos um retrocesso do desenvolvimento socioeconômico. Na verdade, já estamos tendo, porque o custo atual de adaptação e resiliência climática já é muito significativo. E a tendência é que esse custo aumente para todos, inclusive para as empresas e seus projetos empresariais”.
Ele afirma que projetos empresariais sustentáveis, com escala e viabilidade econômica, tendem a ser premiados pelo mercado, seja pela perenidade ou mesmo pela geração de valor financeiro derivado desse alinhamento.
“Todo aquele projeto que estiver promovendo a sustentabilidade e que encontrar a sua escala e a sua economicidade, tem um valor muito especial”, sintetiza.
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