O tombo das bolsas ao redor do mundo: por que o dado de emprego dos EUA fez as ações caírem, o dólar disparar e o mercado de dívida renovar máxima
Enquanto os investidores se reposicionam sobre o número de corte de juros pelo Fed este ano, já tem bancão dizendo que a autoridade monetária vai olhar para outro lugar

A economia dos EUA criou 256 mil vagas em dezembro, bem acima das 212 mil de novembro e das previsão de consenso de 155 mil. A taxa de desemprego caiu para 4,1%. Esse sprint do mercado de trabalho norte-americano fez as bolsas tombarem ao redor do mundo, o dólar disparar e levou o mercado de dívida às máximas lá fora.
A leitura dos investidores é de que, com números tão quentes de emprego, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) tem menos incentivo para cortar a taxa de juros este ano — e as expectativas já eram bem baixas.
Na última reunião de política monetária, realizada em dezembro, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) reduziu à metade os cortes de juros em 2025, saindo de quatro para dois — assumindo afrouxamentos de 0,25 ponto percentual (pp).
Na ata do encontro, divulgada nesta semana, o Fomc, sem citar Donald Trump, manifesta preocupações com as políticas que o novo presidente dos EUA — que toma posse no próximo dia 20 — deve adotar e que tem potencial para acelerar a inflação, entre elas, as tarifas sobre México, Canadá e China, o endurecimento das regras de imigração e a redução de impostos.
“Não houve praticamente nenhum sinal de fraqueza no mercado de trabalho segundo o relatório de emprego de hoje. E com o progresso na frente da inflação mostrando sinais de estagnação nos últimos meses, as autoridades do Fed têm todas as evidências de que precisam para diminuir o ritmo dos cortes de juros”, diz Thomas Feltmate, diretor e economista-sênior da TD Economics.
O rebuliço nas bolsas, no câmbio e no mercado de dívida
Até a divulgação do chamado payroll, o mercado reduziu apostas para cortes de juros pelo em 2025 nos EUA.
Leia Também
Segundo o CME Group, junho é o primeiro mês com probabilidade majoritária de alguma redução na taxa, mas houve salto nas chances de manutenção dos juros ao longo de todo o ano.
No início da tarde, ferramenta FedWatch indicava 57,5% de probabilidade de afrouxamento monetário em junho, em comparação aos 70,4% antes dos dados de emprego de hoje. A chance de corte de 25 pontos-base caiu de 44,5% para 42,4% e a de corte de 50 pontos-base recuou de 21,9% para 13,6%. A probabilidade de manutenção dos juros no nível atual saltou de 29,6% para 42,4%.
E junto com o ajuste das expectativas com relação aos cortes de juros do Fed neste ano, os investidores também ajustaram posições, provocando a queda das bolsas, a disparada do dólar e levando os yiels (rendimentos) dos títulos de dívida mais seguros do mundo a máximas intraday.
Por aqui, o Ibovespa renovou uma série de mínimas na esteira da payroll, perdendo os 119 mil pontos. O principal índice da bolsa de valores brasileira fechou o dia com queda de 0,77%, aos 118.856,48 pontos, mas encerrou a semana com ganho de 0,27%.
No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou o dia com alta de 1%, cotado a R$ 6,1024. No pico da sessão, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 6,1563. Na semana, o dólar acumula queda de 1,29%.
COMO SOBREVIVER A 2025? As ameaças e o que pode SALVAR O ANO
No exterior, a reação da bolsa de Nova York também é forte. O Dow Jones perdeu 550 pontos, recuando 1,63%. As perdas foram seguidas de perto pelo S&P 500 e pelo Nasdaq, que recuam 1,54% e 1,63%, respectivamente.
Na Europa, as principais bolsas fecharam no vermelho, com Madrid entre as maiores quedas do dia (-1,5%). A Ásia encerrou as negociações antes do payroll, mas também terminou o dia em baixa.
No mercado de dívida, o yield dos títulos de dez anos do Tesouro dos EUA — usados como referência do mercado — subiram para o maior nível desde o final de 2023 depois da divulgação dos dados de emprego de hoje. Na ponta mais longa, o yield do T-note de 30 anos passou de 5% pela primeira vez desde novembro de 2023.
O mercado de dívida europeu também sentiu os efeitos do payroll. O yield dos títulos de governos da zona do euro subiram para novas máximas de vários meses após o relatório.
No caso da Alemanha, o yield dos títulos de 10 anos chegaram a avançar sete pontos-base, atingindo o patamar mais alto desde julho, para depois cair ligeiramente e serem negociados com alta de três pontos-base, a 2,566%.
- LEIA MAIS: BTG Pactual defende “modo sobrevivência” na carteira e selecionou 29 ações promissoras para 2025 – onde investir em meio às incertezas?
Juros nos EUA: o que vem por aí?
Enquanto os investidores se reposicionam para um ímpeto menor do Fed com relação ao número de corte de juros este ano, tem bancão dizendo que o pior pode estar por vir para os mercados — o aumento das taxas.
"Vemos poucos motivos para flexibilização adicional", diz o BofA Securities. "Achamos que os riscos para o próximo passo estão direcionados para um aumento", acrescenta.
O banco lembra que a inflação está estagnada acima da meta de 2% e que o Fed não só melhorou significativamente o cenário base para 2025, como também indicou que os riscos de inflação estavam enviesados para cima e a atividade econômica está robusta.
Os analistas do canadense CIBC também concordam que o Fed deve voltar a olhar mais para a inflação a partir de agora.
Em nota, os analistas dizem que o relatório de emprego dos EUA de dezembro mostra que o mercado de trabalho norte-americano está saudável e que o payroll de hoje é um motivo a mais para o banco central norte-americano "direcionar sua atenção para outras partes".
"O [Fed] está mais preocupado em ver o progresso da inflação de forma sustentável, e ver para onde a política comercial irá de fato", diz o CIBC.
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado
Sem dividendos para o Banco do Brasil? Itaú BBA mantém recomendação, mas corta preço-alvo das ações BBSA3
Banco estatal tem passado por revisões de analistas depois de apresentar resultados ruins no primeiro trimestre do ano e agora paga o preço
Santander aumenta preço-alvo de ação que já subiu mais de 120% no ano, mas que ainda pode se valorizar e pagar dividendos
De acordo com analistas do banco, essa empresa do ramo da construção civil tem uma posição forte, sendo negociada com um preço barato mesmo com lucros crescendo em 24%
Dividendos e recompras: por que esta empresa do ramo dos seguros é uma potencial “vaca leiteira” atraente, na opinião do BTG
Com um fluxo de caixa forte e perspectiva de se manter assim no médio prazo, esta corretora de seguros é bem avaliada pelo BTG
“Caixa de Pandora tributária”: governo quer elevar Imposto de Renda sobre JCP para 20% e aumentar CSLL. Como isso vai pesar no bolso do investidor?
Governo propõe aumento no Imposto de Renda sobre JCP e mudanças na CSLL; saiba como essas alterações podem afetar seus investimentos
FIIs e fiagros voltam a entrar na mira do Leão: governo quer tirar a isenção de IR e tributar rendimentos em 5%; entenda
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a tributação de rendimentos de FIIs e fiagros, hoje isentos, entra no pacote de medidas alternativas ao aumento do IOF
UBS BB considera que essa ação entrou nos anos dourados com tarifas de Trump como um “divisor de águas”
Importações desse segmento já estão sentindo o peso da guerra comercial — uma boa notícia para essa empresa que tem forte presença no mercado dos EUA