Novo IOF pode diminuir lucro de varejistas: JP Morgan avalia Magazine Luiza (MGLU3), Assaí (ASAI3) e Natura (NTCO3) como as mais afetadas
O maior impacto, segundo os analistas, é para os fornecedores das empresas, mas repasse pela cadeia é uma possibilidade que deságua em maiores preços para os clientes na ponta

Só se fala no tal do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nesta sexta-feira (23) — e não é para menos. As mudanças anunciadas pelo governo federal atingem transações importantes no dia a dia de pessoas físicas e empresas: câmbio, crédito e planejamento sucessório.
No que diz respeito às varejistas, as mudanças no IOF também abarcam as operações conhecidas como "risco sacado", exigindo que sejam discriminadas nos balanços como crédito, para que estejam sujeitas à tributação pelo imposto.
- Risco sacado é uma transação na qual uma empresa antecipa recebíveis para seus fornecedores por intermédio de bancos, e, posteriormente, paga o valor devido aos bancos. Trata-se de uma prática muito comum entre varejistas para manutenção de estoques.
Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, explica que o aumento no IOF diminui a atratividade da operação de risco sacado para os fornecedores.
“No risco sacado, o banco adianta os pagamentos aos fornecedores com desconto, usando o risco de crédito do varejista. O fornecedor recebe antes e o banco lucra com o desconto pois o varejista paga o valor integral no prazo original. Quando há aumento no IOF, eleva-se o custo total das operações e diminui o valor líquido recebido pelos fornecedores”, diz.
- E MAIS: Duas ações para “apimentar” a carteira que podem “surfar” o fim das altas da Selic
Isso reduz a atratividade da antecipação e pressiona as margens dos fornecedores, que recebem menos pelo mesmo valor nominal de venda às varejistas.
De acordo com o JP Morgan, a nova pressão que vem do IOF tem o potencial de escalar na cadeia e atingir as varejistas com custos mais altos para realizar as operações de risco sacado.
Leia Também
“Portanto, o impacto real nos resultados dos varejistas dependerá de quanto será repassado pelos fornecedores e o que será absorvido pela empresa, pois pode afetar as vendas, dada a elasticidade de preço”, diz o relatório do JP Morgan.
No fechamento do pregão desta sexta-feira (23), as principais varejistas da bolsa brasileira protagonizaram as maiores quedas nas ações.
- VEJA MAIS: Faltam menos de 10 dias para o fim do prazo da declaração; confira o passo a passo para acertar as contas com o Leão
Azzas (AZZA3) (-6,07%) liderou as perdas, seguida por Magazine Luiza (-4,96%). Assaí (ASAI3) apareceu lá embaixo (-1,86%), e Natura depois (-0,48%).
De acordo com o JP Morgan, as varejistas que apresentam o maior potencial de impacto no lucro líquido de 2025 são justamente Magazine Luiza, Assaí e Natura.
IOF e as varejistas
Segundo comunicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de quinta-feira (22), a alíquota do IOF sairá de um teto atual de 1,88% ao ano para 3,95% ao ano para a concessão de crédito às grandes empresas.
Como o risco sacado deverá ser discriminado como crédito a partir de agora, o JP Morgan avalia que os fornecedores das varejistas terão que arcar com esse aumento de custo. “Portanto, não impactando diretamente o resultado da empresa com despesas financeiras”, diz o relatório.
Os analistas do banco americano ponderam que mudanças no modelo das operações de antecipação de recebíveis do risco sacado são uma preocupação maior para o negócio das varejistas.
Impacto nos balanços?
O impacto que eles avaliam é no repasse dos custos do IOF por meio da cadeia de fornecimento.
“Embora as medidas possam não impactar os lucros e perdas dos varejistas no dia um, nossa visão é que as pressões incrementais sobre seus fornecedores devem escalar a cadeia, atingindo as varejistas com custos potencialmente mais altos, prazos de pagamento mais curtos e os consumidores finais com preços mais altos”, diz o relatório.
O que não é trivial em um momento em que a taxa básica de juros do país é de 14,75% ao ano e a concessão de crédito já está mais restritiva. Mesmo o encurtamento dos prazos pode impactar os níveis de endividamento dessas empresas e pressionar os lucros.
Com isso, eles consideram improvável que as empresas absorvam todo o impacto da medida. Mas, no caso de absorverem, eles também destacam Hypera (HYPE3) e Vivara (VIVA3) como grandes impactadas do ponto de vista de capital de giro.
No caso de repasse de preços para os clientes na ponta, a avaliação também não é boa, pois os analistas não veem muito espaço para elasticidade de preços, dado o cenário inflacionário que também é alto e diminui o poder de compra da população.
Contudo, os analistas avaliam que a reação nesta sexta-feira foi exagerada.
“Considerando os potenciais aumentos de preço necessários para compensar o ônus em um cenário conservador [em que as varejistas absorvem os custos] e o risco incremental de capital de giro para a maioria das empresas, vemos que, na maioria dos casos, o mercado está reagindo exageradamente ao anúncio”, afirmam ao finalizar o relatório.
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital
FII BMLC11 leva calote da Ambipar (AMBP3) — e investidores vão sentir os impactos no bolso; cotas caem na B3
A Ambipar enfrenta uma onda de desconfiança no mercado, e a crise atinge em cheio os dividendos do FII
Ouro ultrapassa o nível de US$ 4 mil pela primeira vez por causa de incertezas no cenário global; o metal vai conseguir subir mais?
Shutdown nos EUA e crise na França levam ouro a bater recorde histórico de preço
Fundos de ações e multimercados entregam 21% de retorno no ano, mas investidores ficam nos 11% da renda fixa, diz Anbima
Mesmo com rentabilidade inferior, segurança da renda fixa mantém investidores estagnados, com saídas ainda bilionárias das estratégias de risco
MXRF11 mira captação recorde com nova emissão de até R$ 1,25 bilhão
Com uma base de 1,32 milhão de cotistas e patrimônio líquido de mais de R$ 4 bilhões, o FII mira sua maior emissão
O que foi tão ruim na prévia operacional da MRV (MRVE3) para as ações estarem desabando?
Com repasses travados na Caixa e lançamentos fracos, MRV&Co (MRVE3) decepciona no terceiro trimestre
Ouro fecha em alta e se aproxima da marca de US$ 4 mil, mas precisa de novos gatilhos para chegar lá, dizem analistas
Valor do metal bate recorde de preço durante negociações do dia por causa de incertezas políticas e econômicas
Fundo imobiliário favorito dos analistas em outubro já valorizou mais de 9% neste ano — mas ainda dá tempo de surfar a alta
A XP Investimentos, uma das corretoras que indicaram o fundo em outubro, projeta uma valorização de mais 9% neste mês em relação ao preço de fechamento do último pregão de setembro
Ibovespa fica entre dois mundos, enquanto RD Saúde (RADL3) brilha e Magalu (MGLU3) amarga o pior desempenho da semana
O principal índice de ações da B3 encerrou a semana em baixa de 0,86%, aos 144.201 pontos. Após um setembro de fortes valorizações, o início de outubro mostrou um tom mais negativo
Verde coloca o ‘pézinho’ em ações brasileiras — mas liga alerta sobre a situação do país
Em carta divulgada na sexta-feira (3), a gestora mostrou a retomada marginal de apostas na bolsa local, mas soou o alarme para o impacto da nova isenção de IR e para a postura mais dura do BC
Onde investir em outubro: ações para renda passiva, ativo com retorno de 20% e nomes com exposição à China são as indicações da Empiricus
Em novo episódio, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho na temporada de balanços do terceiro trimestre e na possível queda dos juros
Serena Energia (SRNA3) revela preço e datas para a OPA para deixar a B3 e fechar o capital
Preço por ação é ligeiramente inferior ao preço do último fechamento; leilão está marcado para 4 de novembro
Com bolsas dos EUA nas máximas históricas, onde o Santander vê oportunidades em BDRs?
Ao Seu Dinheiro, Ricardo Peretti e Lucas de Barros Serra revelaram as perspectivas para os papéis na gringa que podem se beneficiar do corte de juros
Copa do Mundo 2026: veja quais ações comprar para lucrar com o campeonato, segundo a XP
Para quem quer ter uma carteira de torcedor, a corretora recomenda investir em empresas patrocinadoras do evento ou ligadas ao turismo
Ouro bate novos recordes e fecha em alta, após romper os US$ 3.900 pela primeira vez — e valorização não deve parar
Metal precioso teve sua quinta alta consecutiva nesta quarta e renovou máximas intradiária e de fechamento
Ibovespa disparou 100% das vezes que os juros caíram no Brasil, diz estudo — e cenário atual traz gatilhos extras
Levantamento da Empiricus mostra que a média de valorização das ações brasileiras em 12 meses após o início dos cortes é de 25,30%