Lucro do Bradesco despenca 76% com provisões contra calote da Americanas
Bradesco provisionou 100% de sua exposição à Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro

Um dos principais credores da Americanas (AMER3), o Bradesco (BBDC4) se viu obrigado a provisionar 100% de sua exposição à varejista para mitigar o impacto de um possível calote. O montante impactou o lucro do banco no quarto trimestre de 2022, que despencou 76% em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 1,595 bilhão.
O desastre era anunciado: com o início da recuperação judicial da Americanas (AMER3) em janeiro, os bancos teriam de antecipar um possível calote em suas demonstrações financeiras, ainda que o caso tenha eclodido depois do fechamento do trimestre.
"Com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22", disse o Bradesco.
No caso do Bradesco, a dívida da Americanas com o banco chega a R$ 4,8 bilhões, a maior com uma instituição financeira, de acordo com a planilha de credores divulgada pela varejista. (Tecnicamente, a maior dívida seria com o Deutsche Bank, mas o banco alemão já informou que não tem exposição ao caso, pois é agente fiduciário de dois títulos de dívida que a Americanas emitiu no exterior).
Outros bancos que já divulgaram seus balanços também aumentaram as provisões. O Santander provisionou apenas 30% da dívida que tem com a varejista, o que deve afetar os resultados deste ano. Já o Itaú decidiu provisionar 100% da sua exposição, assim como o Bradesco, deixando o ano de 2023 "limpo" desse impacto.
Segundo o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, o resultado 2023 será ainda impactado por maiores provisões. “No segmento massificado o crescimento de provisões acompanhará a expansão da carteira, e, no atacado, teremos provisões normalizadas”, disse em nota.
Leia Também
A queda no lucro do Bradesco foi além do esperado por analistas da Bloomberg, que projetavam recuo de apenas 30% na comparação com o mesmo período de 2021. No total do ano de 2022, o Bradesco somou lucro líquido recorrente de R$ 20,7 bilhões, queda de 21,1% em relação a 2021.
Leia mais:
- Itaú (ITUB4) acertou em provisionar 100% da exposição à Americanas, dizem analistas; ações disparam na bolsa
- Santander (SANB11) vê rentabilidade despencar no 4T22 e lucro fica muito aquém do esperado com “efeito Americanas”
- Distância entre Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) aumenta ainda mais na bolsa. Há algo de errado na Cidade de Deus?
Rentabilidade também foi afetada
A rentabilidade medida pelo retorno anualizado sobre patrimônio líquido Médio (ROAE) também sofreu no período e chegou a 3,9%, um tombo de 9,1 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2022. De acordo com o Bradesco, o índice teria chegado a 10,3% se não fosse o impacto da Americanas. No acumulado do ano, o ROAE ficou em 13,1%.
Já a margem financeira com clientes anotou uma leve queda de 0,3% no trimestre, mas expandiu 18,3% em relação ao mesmo período de 2021. A margem com o mercado, por sua vez, mostrou alguma recuperação no trimestre, apesar de ainda estar negativa. Isso se deve ao impacto negativo do aumento da Selic.
Bradesco vê inadimplência aumentar novamente
As dívidas vencidas há mais de 90 dias voltaram a se expandir no quarto trimestre, levando o índice a se deteriorar 0,4 ponto percentual em relação ao período anterior, para 4,3%. Na comparação com dezembro de 2021, a inadimplência cresceu 1,5 ponto percentual.
Também houve piora no índice que mede as dívidas vencidas entre 15 e 90 dias, que passaram de 3,6% no terceiro trimestre para 4,1%.
"Nossa inadimplência está concentrada no portfólio massificado de Pessoas Físicas, Micro e Pequenas Empresas, segmentos que naturalmente sofrem mais em cenários adversos de inflação e juros altos, contexto este que foi fortemente agravado pela pandemia e que tem se estendido, gerando maiores impactos nestes públicos", disse o Bradesco.
Vale notar que a carteira de Grandes Empresas, por sua vez, está no menor nível de inadimplência da série histórica, em apenas 0,1%.
O aumento dos índices de inadimplência é parcialmente explicado pelo crescimento da carteira de crédito, que aumento 9,8% em 12 meses e 1,5% no trimestre, com destaque para as pessoas físicas, especialmente em operações com cartões de crédito.
Guidance do Bradesco para 2023
Junto com o balanço consolidado de 2022, o Bradesco aproveitou para revelar suas projeções de crescimento (guidance) para este ano. Confira:

Dividendos e JCP: saiba quanto a Multiplan (MULT3) vai pagar dessa vez aos acionistas e quem pode receber
A administradora de shopping center vai pagar proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio; confira os detalhes
Compra do Banco Master: BRB entrega documentação ao BC e exclui R$ 33 bi em ativos para diminuir risco da operação
O Banco Central tem um prazo de 360 dias para analisar a proposta e deliberar pela aprovação ou recusa
Prio (PRIO3): Santander eleva o preço-alvo e vê potencial de valorização de quase 30%, mas recomendação não é tão otimista assim
Analistas incorporaram às ações da petroleira a compra da totalidade do campo Peregrino, mas problemas em outro campo de perfuração acende alerta
Estreia na Nyse pode transformar a JBS (JBSS32) de peso-pesado brasileiro a líder mundial
Os papéis começaram a ser negociados nesta sexta-feira (13); Citi avalia catalisadores para os ativos e diz se é hora de comprar ou de esperar
Minerva (BEEF3) entra como terceira interessada na incorporação da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3); saiba quais são os argumentos contrários
Empresa conseguiu autorização do Cade para contribuir com dados e pareceres técnicos
“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática
Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas
Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio
Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder
A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior
Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo
Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor
Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem
O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?
O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%
A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional
Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento
Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real
Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar
Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital
Despedida da Wilson Sons (PORT3) da bolsa: controladora registra OPA; veja valor por ação
Os acionistas que detém pelo menos 10% das ações em circulação têm 15 dias para requerer a realização de nova avaliação sobre o preço da OPA
A Vamos (VAMO3) está barata demais? Por que Itaú BBA ignora o pessimismo do mercado e prevê 50% de valorização nas ações
Após um evento com os executivos, os analistas do banco reviram suas premissas e projetam crescimento de lucro para 2025 e 2026
A notícia que derruba a Braskem (BRKM5) hoje e coloca as ações da petroquímica entre as maiores baixas do Ibovespa
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o empresário Nelson Tanure falaram sobre o futuro da companhia e preocuparam os investidores
T4F (SHOW3) propõe pagar R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre trabalho análogo à escravidão no Lollapalooza, mas CVM rejeita
Em 2023, uma fiscalização identificou que cinco funcionários da Yellow Stripe, contratada da T4F para o festival, estavam dormindo no local em colchonetes de papelão
Em meio ao ânimo com o Minha Casa Minha Vida, CEO da Direcional (DIRR3) fala o que falta para apostar mais pesado na Faixa 4
O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, expectativas para a empresa, a Riva, os principais desafios para a companhia e o cenário macro
Petrobras (PETR4) respira: ações resistem à queda do petróleo e seguem entre as maiores altas do Ibovespa hoje
No dia anterior, a estatal foi rebaixada por grandes bancos, que estão de olho das perspectivas para os preços das commodity
AgroGalaxy (AGXY3) reduz prejuízo no 1T25, mas receita despenca 80% em meio à recuperação judicial
Tombo no faturamento decorre do cancelamento da carteira de pedidos da safrinha de milho, tradicionalmente o principal negócio do período para distribuidoras de insumos agrícolas