Museu das ilusões: o mercado financeiro é cheio de quimeras; saiba como fugir das enganações ao investir em fundos
Assim como as distorções de percepção nas ilusões de ótica, a análise de fundos de investimento também é suscetível a toda sorte de vieses, com destaque para a sensibilidade da análise qualitativa

O sistema visual humano é falho. As chamadas ilusões de ótica são uma prova disso. Cores, movimentos, dimensões e direções distorcidas criadas por nós mesmos revelam uma espécie de autossabotagem incorrigível intrínseca ao ser humano. Vide figuras abaixo.
Na primeira figura, as duas linhas centrais têm o mesmo tamanho, os traços que partem das extremidades dessas linhas é que geram a sensação de que a reta de baixo é maior do que a de cima.
Na figura 2, todas as faixas quadriculadas são perfeitamente paralelas, ocorre que o leve descasamento entre as cores gera a ilusão de que o “tabuleiro de xadrez” é composto por retângulos de diferentes tamanhos.
Ninguém está imune
Talvez o mais inusitado seja perceber que, quando se trata de ilusão de ótica, ninguém está imune e, muitas vezes, são os pequenos detalhes periféricos os principais responsáveis pelas distorções.
Às vezes precisamos ver com os próprios olhos e às vezes são os próprios olhos que nos enganam.
Fazendo uma analogia com o enunciado do viés cognitivo de Kahneman, o que enxergamos não é tudo que existe (“what we see is NOT all there is”) e nem tudo que enxergamos realmente existe.
Leia Também
Ilusões no mercado financeiro
As ilusões estão muito presentes nos processos de análises de ativos do mercado financeiro como um todo.
Talvez o exemplo mais comum sejam os descolamentos entre valor intrínseco do ativo e o seu valor de mercado, que é particularmente sensível a emoções dos investidores, gerando uma imagem distorcida da realidade.
A análise de fundos de investimento também é suscetível a toda sorte de vieses e a análise qualitativa pode ser ainda mais sensível às “ilusões”.
Vieses não raros
Alguns dos vieses não raros no processo de análise qualitativa de fundos são:
01. Gestor e estratégia
Conhecer o gestor não implica necessariamente conhecer a estratégia do fundo.
É necessário entender os detalhes da estratégia, quais ativos são negociados, quais operações podem ser executadas e os limites regulatórios e históricos de exposição de cada uma delas.
02. Estratégias fora de ações
O conhecimento e a vasta experiência em gestão de portfólio de ações não servem de lastro para estratégias de outras classes de ativos.
Ao contrário, em geral, quanto mais especialista, menor o universo amostral de conhecimento técnico do profissional.
Ganhar dinheiro em ações é muito diferente de ganhar dinheiro com juros ou commodities.
É necessário entender exatamente qual a expertise de cada gestor e qual estratégia está sob seu guarda-chuva.
- GUIA PARA BUSCAR DINHEIRO: baixe agora o guia gratuito com 51 investimentos promissores para 2022 e ganhe de brinde acesso vitalício à comunidade de investidores Seu Dinheiro
03. Zelo e risco
Não há dúvida de que os processos de risco devem ser robustos e claros, mas o excesso de zelo pode ser tão nocivo quanto o excesso de risco.
Analisar o processo de supervisão de risco de um fundo não é uma via de mão única.
04. Resultados e transparência
O modo como o time de gestão mostra os seus resultados diz muito sobre transparência e a relação com o investidor.
Mostrar apenas as estratégias vencedoras, as mais vendáveis, e ocultar casos de insucesso é, por si só, uma tentativa de gerar vieses e distorções no processo de análise.
05. Distorção de realidade
Comparar a performance do fundo com o seu benchmark também pode gerar uma distorção da realidade.
Em primeiro lugar, é preciso se certificar de que o benchmark é adequado à estratégia implementada.
Um fundo que investe 90% do seu patrimônio em Bolsa e adota o CDI como benchmark, no longo prazo, deve gerar mais performance do que se tivesse adotado como benchmark um índice de ações.
Ilusões na análise de fundos
A verdade é que, assim como existem diversas figuras capazes de gerar ilusões de ótica, são inúmeros fatores periféricos capazes de influenciar o processo de análise de fundos e é fundamental reconhecer que ninguém está imune a eles.
Contudo, é possível minimizar essas distrações ainda que não seja possível enxergá-las à primeira vista.
Conhecer o maior número possível desses artifícios de distorção é o primeiro passo para reduzir o efeito das ilusões e se manter com o foco nos fundamentos.
Museu das Ilusões e Melhores Fundos
Todos os dias, nós da equipe Os Melhores Fundos de Investimento temos o propósito de, junto com os investidores, abrir os olhos para o que é possível ser visto e travar uma busca incansável para reconhecer padrões ilusórios lembrando sempre que existe muito mais do que aquilo que se vê.
Hoje, além do convite para se juntar a nós no nosso processo de análise, deixo como dica cultural o Museu das Ilusões no Shopping Eldorado, em São Paulo. Caso tenha a oportunidade, vale a pena uma visita.
De tempos em tempos, é bom ver com os próprios olhos o que os olhos não conseguem ver.
Um abraço,
Laís
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA