? [NO AR] TOUROS E UROS: ENTENDA O EFEITO DO IOF NA CAPTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA – ASSISTA AGORA

Crescidos e vacinados

Há tempos, me preocupo com a possibilidade de estarmos usando um arcabouço velho para um mundo novo.

18 de janeiro de 2021
10:38 - atualizado às 11:49
Imagem: Shutterstock

Eu já contei essa história antes, mas o causo é bom e permite reflexões importantes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Há tempos, me preocupo com a possibilidade de estarmos usando um arcabouço velho para um mundo novo. Seria o value investing mais clássico e ortodoxo, sobretudo aquele que procura valor nos ativos e resultados já existentes, condizente com um mundo de organizações e curvas exponenciais?

Leia também:

Não é uma pergunta trivial. Nem mesmo a definição de value investing é assim tão trivial. Pra mim, se entendido como uma perseguição obstinada pela definição do valor intrínseco dos ativos e sua seguinte comparação com os preços de tela, então ele segue perfeitamente atual. A diferença, contudo, é que, cada vez mais, esse valor virá de ativos intangíveis e estará definido num futuro mais distante, em grande medida, lá na perpetuidade. Isso dificulta as coisas e, em alguma medida, pode abrir embates com a ideia da margem de segurança e a reticência de value investors mais canônicos em comprar muito crescimento à frente.

Com isso em mente, fomos eu e o Rodolfo para a Universidade Columbia, em grande medida o berço dessa conversa, justamente para estudar value investing. Isso foi há um século, entre o final de 2018 e o começo de 2019. Soubemos que Bruce Greenwald estava short (vendido, apostando na queda) das ações da Amazon, àquela altura já com um prejuízo de 30%. O calor na sauna desse trade deve ter ficado insuportável. Desde então, as ações da Amazon devem ter se multiplicado por 2 ou 3 vezes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se você não conhece, Bruce Greenwald é uma das grandes referências mundiais de valuation e, mitologicamente, uma espécie de herdeiro intelectual do legado de Benjamin Graham e Warren Buffett dentro da Universidade Columbia (guardadas as devidas proporções, é claro). 

Leia Também

O ponto aqui, evidentemente, não é desmerecer Greenwald. Apenas chamo a atenção para a dificuldade de modelagem de casos com perfil de crescimento exponencial. Até alguém do gabarito dele comete erros graves nesse campo.

Nos últimos anos, confesso, o mercado tem entendido um pouco melhor essa dinâmica. As referências passam a ser mais os VCs do Vale do Silício para alguns casos do que as métricas tradicionais de alguns múltiplos já existentes de balanço e resultado. Deixamos um pouco de lado EV/Ebitda e Preço/Lucro para trabalharmos com relação sobre o GMV e a dinâmica de LTV/CAC, por exemplo.

Meu ponto é que, cada vez mais, precisaremos seguir três caminhos: 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

i. Conhecer qualitativamente o business e dar menos peso a múltiplos de curto prazo, que não somente podem ser inócuos, como também representar um mapa errado. Você olha uma relação de Preço/Lucro muito alta e conclui que aquilo se trata de um caso a se evitar ou, na pior das hipóteses, uma oportunidade de short. Era, na verdade, apenas um caso de lucros momentaneamente subestimados e sob crescimento exponencial futuro. Estou particularmente preocupado com esse ponto. Há vários influenciadores digitais com milhões de seguidores ensinando sua audiência a comprar ou vender ações com base em quatro ou cinco indicadores. Isso é um completo desserviço à indústria.

ii. A partir do conhecimento qualitativo do business e da proximidade do management, sermos guiados pela modelagem daquele negócio, identificando as principais linhas de receita e dando-lhes um crescimento conservador, sem colocar na conta possíveis opcionalidades. Se, com isso, ainda houver atratividade no valuation, pode merecer a compra. Se o valuation já incorpora em boa medida as opcionalidades, melhor deixar passar. Pra mim, a margem de segurança clássica, tão defendida por Seth Klarman, deixa de ser o desconto sobre os ativos ou os resultados já existentes e passa a ser: “O quanto as opcionalidades não estão no preço”.

iii. Desenhamos vários cenários para o modelo de fluxo de caixa descontado e, a partir desses múltiplos contextos projetados, verificamos qual a probabilidade de a companhia realmente entregar um crescimento lá na frente que justifique o atual valuation.

O mercado não é bobo e muita gente, na fronteira do conhecimento, já trabalha desta forma há certo tempo. É por isso que você observa nomes caríssimos sob métricas tradicionais subindo com vigor na Bolsa. Para citar nomes recentes, Méliuz e Enjoei são casos negociando a 30/35 vezes suas receitas e seguem atraindo o interesse de alguns investidores institucionais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se você entende que esses negócios estão apenas começando e podem se multiplicar por algumas vezes em pouco tempo, o aparentemente caro pula para barato em questão de 18 meses. Méliuz, por exemplo, dobrou sua base de solicitações de cartões co-branded com o Banco Pan, guiou o valuation dos bancos sem nenhuma opcionalidade nos resultados futuros e, à medida que começa a entregar além do prometido, cria uma relação de confiança com o mercado.

Enjoei vai por caminho semelhante, com características adicionais de ter uma fundadora cativante e que impressionou muito o mercado. A empresa conta com a possibilidade de ser alvo de aquisição (para ser justo, acho que Méliuz também, seguindo os passos da Honey lá fora) e abre espaço para um trade tático. Explico. Verde, SPX, Absoluto e Opportunity têm posição na ação. Duas coisas decorrem daí: a) tem defesa; e b) se essa turma voltar a captar com força (acho provável que ocorram aberturas dos fundos ao longo do primeiro semestre), teríamos um fluxo comprador importante, para um nome de baixa liquidez (C&A poderia ir pelo mesmo caminho, mas essa é outra história).

A depender da narrativa que se empregue, podemos ver algo parecido com Aeris — eu, pessoalmente, acho que um nome de industrials não deveria ser negociado a mais de 15 vezes Ebitda (ninguém no mundo negocia assim); mas se colar a história de fazer comparação com WEG, pode continuar subindo.

Até aí, a verdade é que não temos grande novidade (se você pensa na fronteira do conhecimento). O que talvez esteja escapando, considerando o comportamento recente dos mercados, é que uma curva exponencial, a depender da posição em que você se encontra nela, vale para a direita e para a esquerda. Se você estiver bem avançado no eixo X, qualquer ganho adicional representa uma enormidade no eixo Y. Mas já se você retrocede e caminha para a esquerda, o impacto no eixo Y também é gigante.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se você é quem vai promover a disrupção, pode se multiplicar por ene vezes. Mas se for o disruptado, o espaço para encolhimento da operação é brutal. O risco é grande se você for o alvo.

E qual o alvo fatídico da vez? Certamente, os bancões. Se modelos como aqueles de Square, com wallets em todos os celulares e sem precisar passar pelas grandes instituições, realmente vingarem, o impacto pode ser brutal. Não é algo para hoje ou amanhã, mas segue sendo o principal risco estrutural de médio prazo. Por isso, prefiro estar levinho em bancos e lotado de Square. 

Pergunta final: se essa será mesmo a grande disrupção do mercado de capitais, quem é o candidato a ser a Square brasileira?

P.S.: Uma questão pessoal vem sendo colocada para mim. Não sou de me furtar a posicionamentos e, portanto, exponho aqui minha opinião. Tenho sido perguntado se vou ou não tomar a vacina assim que ela estiver disponível. Olha, eu acredito que, apesar de seus defeitos, a ciência ainda é o melhor caminho a ser seguido. Há apenas dois tipos de vacinas: aquelas que merecem ser tomadas, ou seja, que guardam boa probabilidade de ajudar na melhora da imunização; e aquelas que não merecem ser tomadas. Todas aquelas aprovadas pela Anvisa me parecem pertencer ao primeiro grupo. Não acho que tenha vacina do Doria, nem que a aprovação tenha vindo do Bolsonaro. A vacina é dos cidadãos, para imunizar o povo brasileiro; e a Anvisa é um organismo de Estado (não de governo). Sim, eu vou tomar a vacina, quando puder e quantas vezes puder — respeitando a minha vez na fila.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

P.S. 2: Noutro dia, fiz uma comparação no Instagram, dizendo que a Mitre poderia ser a nova EzTec. Obviamente, uma turma já se apressou para as críticas, dizendo que EzTec é muito maior e tem mais execução (como se alguém não soubesse disso). O ponto é que Mitre, hoje, pode ser o que fora EzTec há algum tempo, passando por um processo transformacional de escala, rentabilidade e execution, cujo resultado seria uma multiplicação de suas ações em Bolsa. Tem risco? Claro que sim, mas à medida que ele for mitigado, os papéis podem ser um grande destaque. A recente prévia de EzTec parece corroborar essa visão: vendas líquidas foram de R$ 282 milhões, em linha com Mitre, mas EzTec tem muito mais unidades que a Mitre. Isso fez com que a VSO de EzTec fosse 14%, frente aos já fracos 17% no 3Q20. Enquanto isso, Mitre fez dois trimestres seguidos de aproximadamente 40% de VSO. Mitre hoje negocia a 1,6 vez book e Eztec a 2,3 vezes, quase 50% de desconto... Mitre vale 1/6 da Eztec, poderia valer 1/3, 1/4? Mole nessa evolução de números… Então, a analogia de que Mitre pode ser a nova EzTec, embora claramente alegórica, me parece bastante pertinente.

[the_ad_placement id="disclameir-2"]

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar