As ações de uma “antiga novata” com potencial de alta de 75% na bolsa
Se tudo der certo, é bem capaz de termos uma história de multiplicação na Bolsa, com um risco de desvalorização relativamente limitado
Dentre o universo de cobertura de empresas listadas na Bolsa brasileira, há dois setores “temidos” por analistas: utilities e commodities.
O setor de utilities, que compreende ações de companhias do setor elétrico e saneamento, é altamente regulado e é, de longe, o mais difícil de se familiarizar. Além do arcabouço regulatório complexo, a disponibilização de informações da Aneel deixa bastante a desejar, para dizer o mínimo.
Não ajuda o fato de que o governo Dilma fez várias barbeiragens com o setor, destruindo muito valor para empresas, acionistas e consumidores, o que deixou todo mundo ainda mais reticente e aumentou o grau de complexidade de forma considerável.
Já as produtoras de commodities não são assim tão complexas – a empresa extrai uma matéria-prima (minério de ferro, ouro, celulose), faz (ou não) algum tipo de processamento e despacha o produto para o comprador.
A grande pegadinha das commodities é que, via de regra, a maior parte da produção é exportada e, portanto, as receitas são dolarizadas. No longo prazo, isso é positivo, porque uma produtora local tem boa parte dos custos em reais, mas tem receita em moeda forte, uma combinação que costuma ser interessante.
Por outro lado, é praticamente impossível fazer qualquer previsão mais acertada sobre o futuro do câmbio no curto prazo e, não raro, vemos flutuações na moeda americana fazerem economistas e analistas calçarem, a contragosto, as sandálias da humildade.
Leia Também
Esfarelando na bolsa: por que a M.Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Isso se não bastasse o fato de que, por definição, o preço de uma commodity é definido por forças de mercado (as tais oferta e demanda) e as produtoras têm muito pouco a dizer sobre o preço de seus próprios produtos.
Com isso, modelar uma exportadora de minério de ferro ou de uma produtora de papel é um exercício quase esotérico capaz de frustrar gestores e analistas de todas as raças, credos e tamanhos.
Por essas e outras, as exportadoras de commodity se transformaram no patinho feio da Bolsa e, não raro, tem bastante gente que fala que não encosta em Vale. Se for commodity estatal, então, aí é pior do que bater na própria mãe – tem gestor fundamentalista que prefere investir em bitcoin do que comprar Petrobras.
Mas, tirando as dificuldades, na B3 a gente pode encontrar algumas coisas bem interessantes. Em tempos de preocupações com a situação fiscal e estresse no câmbio, acho que vale dar uma olhada numa antiga novata da Bolsa.
Antiga porque a Irani (RANI3) tem ações listadas desde 1977 e novata porque acabou de passar por um “re-IPO” para ganhar liquidez e um alívio no caixa – a verdade é que, mesmo sendo listada há décadas, era um papel praticamente esquecido, com baixíssima liquidez e diversos problemas que impediam a companhia de crescer.
Há algumas semanas, a empresa levantou R$ 400 milhões, que permitiu endereçar a alavancagem excessiva e abriu caminho para investimentos bastante interessantes ao longo dos próximos anos, que podem fomentar uma história de crescimento.
Além da melhora de balanço e no operacional, a oferta foi acompanhada de um compromisso de migração para o Novo Mercado, que traz um ganho de governança e maiores exigências de transparência.
Retomando o histórico, a Irani Papel e Embalagem S.A. foi fundada em 1941 em Santa Catarina e, depois do IPO em 1977, passou por algumas décadas de crescimento e consolidação e, em 1994, trocou de controle. Em 1997, passou a atuar no mercado de embalagem de papelão ondulado, hoje seu principal foco de atuação.

Hoje, são basicamente três fontes de receitas – (i) produção e venda de embalagens de papelão ondulado; (ii) papel para embalagens e (iii) atividade florestal no Rio Grande do Sul, que envolve a produção de toras de madeira e resinas, a maioria voltada para a indústria estrangeira. Em termos de mercado interno e externo, pouco mais do que 25% das receitas vieram de fora, com o restante sendo gerado no mercado brasileiro.
É aqui que a companhia tem um perfil um pouco diferente da empresa de commodity “tradicional”. Como a maior parte da produção fica no mercado interno e os produtos estão intimamente ligados ao consumo, a empresa está mais exposta ao ciclo doméstico do que a Vale, por exemplo.
Por outro lado, ainda há uma boa exposição ao câmbio tanto diretamente (26,8% das receitas do 2T20 vieram de exportações) quanto indiretamente, uma vez que a desvalorização cambial pressiona preços no mercado interno e torna a Irani mais competitiva no mercado externo.
A produção está distribuída em quatro estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais), compreendendo duas áreas florestais e cinco plantas de processamento, que permitem capacidade de produção de 290 mil toneladas de papel ao ano, a quebra entre venda de papel para terceiros e conversão para papelão ondulado é quase meio a meio, o que dá uma certa flexibilidade para que, a depender das condições de mercado, a empresa opte por destinar maiores ou menores volumes a terceiros.
O apelo ESG
É interessante notar que cerca de 70% da produção é feita com aparas, ou fibras recicladas, o que a coloca também como um importante player no mercado sustentável (sempre interessante no momento em que “ESG” tem se tornado cada vez mais sexy) – via de regra, as embalagens com produtos reciclados são utilizados em quase todos os segmentos, com exceção de embalagens que terão contato direto com alimentos.
Em 2013, a empresa adquiriu da Indústria São Roberto, o que trouxe a alavancagem para níveis bem desconfortáveis, impedindo que a Irani investisse em crescimento por um bom tempo: a dívida líquida atingiu alarmantes 5,88x Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 2016 e os pagamentos de juros e principal praticamente consumiam todo o caixa gerado pelas operações.
Novo fôlego
No ano passado, a Irani começou um grande projeto de reperfilamento da dívida, com emissão de debêntures e o novo IPO, que trouxeram um necessário respiro às operações. No fim do 2T20, antes da entrada dos recursos do re-IPO, o endividamento estava em torno de 2,94x e o caixa fechou o segundo trimestre em R$ 108 milhões.

Com os recursos da oferta, o caixa deve ficar em torno de R$ 500 milhões e o endividamento deve cair para abaixo de 1x Ebitda, o que permite investimento nos projetos de expansão, onde podemos encontrar o maior potencial de alta das ações.
A valorização dos papéis deve demorar um pouco para aparecer – não espere uma alta nas receitas ou nos lucros ao longos dos próximos trimestres, mas, conforme a empresa for executando os pouco mais de R$ 1 bilhão de investimentos que tem na ponta da agulha, o valor para os acionistas deve começar a se refletir no preço das ações.
São três grandes projetos: (i) expansão da capacidade da planta em Santa Catarina, que pode adicionar mais de 50 mil toneladas adicionais à produção anual; (ii) caldeira de recuperação, também na planta em Santa Catarina, que deve trazer ganhos de eficiência energética e redução nos custos de produção, bem como ampliar a capacidade produtiva da fábrica e (iii) uma nova planta de embalagem em Minas Gerais, o projeto mais caro e controverso, uma vez que não tem o mesmo potencial de geração de valor dos outros dois e ainda está sob análise do time de gestão.
De acordo com estimativas do management e de alguns analisas que cobrem o papel, se tudo der certo e com um pouco de sorte, o Ebitda pode chegar a dobrar nos próximos quatro a cinco anos.
Olhando para o Ebitda esperado dos últimos 12 meses e já fazendo os ajustes para a emissão recente, o papel negocia a cerca de 6x valor de companhia/Ebitda (EV/Ebitda, da sigla em inglês), bem abaixo dos pares (Klabin, por exemplo, negocia a 10,8x). Mesmo que você aplique um belo desconto, só de levar o múltiplo para 7,5x, já enxergo um potencial de valorização em torno de 35%.
Assumindo que esse Ebitda cresça 25% e o múltiplo se mantenha em 7,5x, o valor justo por ação seria de R$ 8,20, 75% acima dos R$ 4,69 do fechamento de ontem (26 de agosto). Se tudo der certo, é bem capaz de termos uma história de multiplicação na Bolsa, com um risco de desvalorização relativamente limitado.
Sendo assim, faz todo sentido colocar um pouco de RANI3 no portfólio, dado que enxergo um ótimo potencial de valorização ao longo dos próximos dois ou três anos. Eu não “encheria a mão” do papel, dado que não é dos casos mais óbvios da Bolsa, mas enxergo uma assimetria muito convidativa por aqui.
De riscos, é importante comentar que, mesmo que a dinâmica da companhia a deixei mais exposta ao ciclo doméstico, ainda estamos falando de uma commodity com preço definido nos mercados internacionais, com pouco poder de precificação por parte da companhia.
Além disso, o papel tem liquidez limitada (cerca de R$ 14 milhões por dia) e, mesmo concluído o processo de migração para o Novo Mercado, a companhia tem controle familiar e não é um exemplo de governança.
Por fim, boa parte do crescimento vem da execução dos projetos apresentados e não há nenhuma garantia de que sairão do papel e muito menos de que trarão os resultados esperados. O desconto para os pares me parece mais do que suficiente para mitigar essas questões.
Ibovespa desafia a gravidade e tem a melhor performance desde o início do Plano Real. O que esperar agora?
Em Wall Street, as bolsas de Nova York seguiram voando às cegas com relação à divulgação de indicadores econômicos por conta do maior shutdown da história dos EUA, enquanto os valuations esticados de empresas ligadas à IA seguiram como fonte de atenção
Dólar em R$ 5,30 é uma realidade que veio para ficar? Os 3 motivos para a moeda americana não subir tão cedo
A tendência de corte de juros nos EUA não é o único fato que ajuda o dólar a perder força com relação ao real; o UBS WM diz o que pode acontecer com o câmbio na reta final de 2025
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa e Minerva (BEEF3) fica na lanterna; confira o sobe e desce das ações
O principal índice da bolsa brasileira acumulou valorização de 3,02% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão da semana no nível inédito dos 154 mil pontos
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da Cogna (COGN3) desabaram mesmo depois de um “trimestre limpo”?
As ações passaram boa parte do dia na lanterna do Ibovespa depois do balanço do terceiro trimestre, mas analistas consideraram o resultado como positivo
Fred Trajano ‘banca’ decisão que desacelerou vendas: “Magalu nunca foi de crescer dando prejuízo, não tem quem nos salve se der errado”
A companhia divulgou os resultados do segundo trimestre ontem (6), com queda nas vendas puxada pela desaceleração intencional das vendas no marketplace; entenda a estratégia do CEO do Magazine Luiza
Fome no atacado: Fundo TRXF11 compra sete imóveis do Atacadão (CAFR31) por R$ 297 milhões e mantém apetite por crescimento
Com patrimônio de R$ 3,2 bilhões, o fundo imobiliário TRXF11 saltou de 56 para 74 imóveis em apenas dois meses, e agora abocanhou mais sete
A série mais longa em 28 anos: Ibovespa tem a 12ª alta seguida e o 9° recorde; dólar cai a R$ 5,3489
O principal índice da bolsa brasileira atingiu pela primeira vez nesta quinta-feira (6) o nível dos 154 mil pontos. Em mais uma máxima histórica, alcançou 154.352,25 pontos durante a manhã.
A bolsa nas eleições: as ações que devem subir com Lula 4 ou com a centro-direita na Presidência — e a carteira que ganha em qualquer cenário
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual, fala sobre como se posicionar para as eleições de 2026 e indica uma carteira de ações capaz de trazer bons resultados em qualquer cenário
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões