Os segredos da bolsa: numa semana cheia de balanços, atenção à agenda econômica
Uma nova rodada de dados econômicos do Brasil em março tende a mexer com a bolsa e os mercados domésticos nos próximos dias
					Se você é do tipo que adora esmiuçar os balanços trimestrais das empresas, analisando todos os indicadores operacionais e financeiros antes de tomar uma decisão de investimento na bolsa, saiba que essa semana será um prato cheio: nada menos que 25 companhias do Ibovespa reportam seus números entre segunda (11) e sexta-feira (15).
E olha que alguns pesos-pesados da bolsa fazem parte dessa lista, como a Petrobras e a JBS, o que dá uma importância ainda maior ao front corporativo nesta semana. Ainda assim, a temporada de balanços tende a ficar em segundo plano.
Isso porque teremos uma agenda de dados econômicos particularmente importante nos próximos dias, com alguns indicadores domésticos que servirão para dar uma dimensão mais precisa dos impactos da crise do coronavírus sobre a atividade local.
Vale lembrar que, no Brasil, os dados econômicos são divulgados com uma certa defasagem: só agora começam a sair os números referentes a março, mês em que a doença chegou ao país com mais intensidade e desencadeou uma série de medidas de isolamento e contenção social, em maior ou menor escala.
Assim, por mais que os impactos da Covid-19 sobre a economia já sejam bastante conhecidos na Europa ou nos Estados Unidos, os estragos ainda não foram totalmente mensurados no Brasil — um cenário que mudará nesta semana.
Resta saber, agora, qual será o tamanho dessa mudança.
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Abrindo a caixa de Pandora
A agenda de dados econômicos no Brasil não é muito extensa: teremos apenas três indicadores relevantes sendo divulgados nesta semana. No entanto,todos são bastante importantes para os investidores:
- Terça-feira (12): Volume de serviços em março
 - Quarta-feira (13): Vendas no varejo em março
 - Sexta-feira (15): IBC-Br em março
 
Esses não serão os primeiros números econômicos referentes a março: na semana passada, foi divulgada a produção industrial do país no mês — e o resultado foi alarmante, com uma baixa de 9,1% em relação a fevereiro.
Essa forte queda na atividade das indústrias, é claro, se deve à maior ociosidade da economia em meio ao surto de coronavírus: com as pessoas circulando menos e com boa parte do comércio fechado nas grandes cidades, a demanda por bens manufaturados despencou.
Nesse sentido, é importante observar o comportamento do varejo e do setor de serviços em março e checar qual será o tamanho da depressão desses dois segmentos — e, dependendo da dimensão dos estragos, tanto a bolsa quanto o dólar poderão reagir de maneira cautelosa.
Atenção especial aos dados do varejo, dada a enorme quantidade de companhias desse setor na bolsa. Ainda mais porque, considerando as características da crise, as varejistas estão se dividindo em duas categorias: as que possuem forte atuação on-line e as que dependem muito das vendas físicas.
Enquanto as primeiras têm dado sinais de que conseguirão atravessar o atual contexto com maior segurança, as segundas podem atravessar maus bocados nos próximos meses — e eventuais tendências mostradas pelo dado de vendas no varejo podem dar pistas importantes para quem pensa em investir em empresas desse setor na bolsa.
Por fim, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) trará uma visão mais global da economia em março — e, consequentemente, no trimestre. O dado, que serve como uma proxy do PIB, também será útil para calibrar as expectativas em relação à economia brasileira em tempos de pandemia.
Os planos do BC
Falando em cenário econômico durante a crise, é importante analisar de perto a ata da última reunião do Copom, a ser divulgada na terça-feira (12). Afinal, a decisão de política monetária pegou boa parte do mercado de surpresa — assim, é importante entender melhor a visão do BC para o futuro.
O Copom promoveu um corte de 0,75 na taxa Selic, levando-a ao nível de 3% ao ano — uma redução mais agressiva que o esperado pela maior parte dos investidores. Além disso, sinalizou que poderá fazer mais uma baixa de 0,75 ponto na próxima reunião, em junho.
Mas, além de buscar pistas quanto ao cenário que está sendo levado em conta pelo BC, também é importante buscar na ata informações sobre outro tema: os possíveis planos da autoridade monetária para atuar no mercado de títulos públicos e privados.
Essa ferramenta está prevista na PEC do 'Orçamento de Guerra', que foi aprovado pela Câmara na semana passada — entre outros pontos, o texto dá uma autorização especial ao BC, permitindo a compra de títulos durante o período da pandemia.
Com essa carta branca, a autoridade monetária poderá atuar na curva de juros — algo semelhante ao que já é feito no mercado de câmbio, via leilões de swap e outros mecanismos.
Embora essa autorização ainda não tenha sido formalmente concedida, é razoável imaginar que o tema foi debatido pelos membros do Copom na última reunião — e qualquer indicação a respeito da maneira como o BC poderá atuar no mercado de títulos poderá mexer diretamente com os ativos domésticos.
Balanços para dar e vender
A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2020 ganha força total nesta semana: ao todo, 25 integrantes do Ibovespa reportarão seus números nos próximos dias.
E, embora os impactos do coronavírus aos resultados dos três primeiros meses do ano sejam limitados, é de se esperar que as administrações da companhias deem bastante destaque ao tema, tanto nos relatórios financeiros quanto nas teleconferências com analistas e investidores.
Dados como a posição de caixa, o endividamento e o cronograma de investimentos são mais importantes que nunca, junto com possíveis projeções para o restante do ano.
Veja abaixo a lista de empresas do Ibovespa cujos números trimestrais serão reportados nesta semana:
- Segunda-feira (11): Carrefour Brasil e Itaúsa
 - Terça-feira (12): BTG Pactual
 - Quarta-feira (13): GPA, Hapvida, SulAmérica, Ultrapar e Via Varejo
 - Quinta-feira (14): Azul, Bradespar, CCR, CPFL Energia, CSN, Cyrela, Energisa, Fleury, JBS, Petrobras, Sabesp, Suzano e Taesa
 - Sexta-feira (15): Cemig, Cogna e Localiza
 
O destaque fica com Via Varejo, na quarta, e com Petrobras e JBS, na quinta — minha colega Larissa Santos conta o que esperar do balanço dessas empresas nesta matéria especial.
Nesta segunda-feira, fique atento também às ações ON da BRF (BRFS3): a companhia fechou o trimestre com prejuízo de R$ 38 milhões, mas também reportou um crescimento de mais de 20% na receita líquida e uma evolução em suas métricas operacionais — os dados de geração de caixa também foram animadores.
Assim, por mais que a BRF tenha terminado os três primeiros meses de 2020 no vermelho, não seria surpreendente ver um desempenho positivo das ações da companhia nesta segunda-feira.
Enquanto isso, no exterior
Até agora, falamos apenas dos fatores domésticos que poderão influenciar a bolsa e os demais mercados brasileiros. No entanto, o exterior também continua movimentado e pode mexer diretamente com os rumos das operações por aqui.
Em termos de agenda econômica, teremos indicadores importantes nos Estados Unidos, Europa e China nos próximos dias. Veja abaixo a lista com os destaques da semana:
- Terça-feira (12)
- EUA: Inflação (CPI) em abril
 
 - Quarta-feira (13)
- EUA: Inflação (PPI) em abril
 - Zona do Euro: Produção industrial em março
 
 - Quinta-feira (14)
- EUA: Novos pedidos de seguro-desemprego na semana até 9/5
 - China: Produção industrial e vendas no varejo em abril
 
 - Sexta-feira (15)
- EUA: Vendas no varejo em abril
 - Zona do Euro: PIB no 1º trimestre (segunda leitura)
 
 
Os dados de inflação nos EUA serão importantes para mostrar o comportamento dos preços no país num ambiente de forte deterioração do mercado de trabalho e explosão no desemprego, que chegou a 14,7% em abril — a maior taxa desde a crise de 1929.
Na China, os números também têm importância redobrada, mas por outro motivo: como o pico nos casos do coronavírus no país foi registrado em janeiro e fevereiro, a economia local já começa a dar sinais de recuperação.
Assim, os investidores usam os indicadores econômicos da China como uma espécie de bola de cristal para o Ocidente — e cada vez que o país asiático mostra um ritmo elevado de retomada econômica, aumentam as esperanças de que algo semelhante poderá ser replicado na Europa e nos Estados Unidos.
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