A produção industrial caiu 9,1% em março, em comparação com o fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (5). O resultado é o pior para o mês desde 2002.
A queda no mês foi de 3,8% em relação ao mesmo período de 2019, ainda conforme o instituto. O setor industrial acumula baixa de 1,7% no ano e de 1% em 12 meses.
Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, o resultado foi impactado pelas paralisações em plantas industriais por causa do isolamento social exigido para combater o novo coronavírus.
“O impacto da pandemia é evidente quando se compara com o mês de fevereiro: a taxa é fortemente negativa e representa a queda mais intensa desde maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros”, diz.

A redução de 9,1% na passagem de fevereiro para março foi também a mais acentuada desde maio de 2018 (-11%) e levou o patamar de produção a retornar a nível próximo ao de agosto de 2003.
A quarentena fez com que empresas interrompessem a produção, com férias coletivas ou paralisação de atividades. Mas o período de confinamento não atingiu todo o mês de março e variou de acordo com cada unidade da federação.
O impacto do isolamento social também atingiu os setores de formas diferentes. A atividade que teve o maior impacto negativo foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-28%), diz o instituto.
"O principal produto afetado foi o de automóveis, mas o segmento de caminhões também apresenta perdas, assim como o de autopeças", diz Macedo.
Os dados divulgados pelo IBGE nesta terça ajudam a dimensionar o impacto da crise do coronavírus sobre a economia. O mercado financeiro já espera uma retração de 3,76% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Focus, do Banco Central.
A publicação aponta que a inflação medida pelo IPCA deve ter um avanço de 1,97% em 2020. O IBGE informou uma desaceleração de 0,07% do indicador em março, por causa do isolamento social.