Dólar sobe pelo terceiro dia e rompe os R$ 5,90, pressionado pela maior aversão ao risco
O dólar à vista se aproxima cada vez mais do nível dos R$ 6,00. nesta quarta-feira, a combinação entre cautela externa e tensão local fez pressionou a moeda

Na semana passada, quando o Copom cortou a Selic em 0,75 ponto e sinalizou que novas reduções estavam por vir, o mercado começou a se posicionar de maneira diferente no câmbio: juros para baixo, afinal, tendem a levar o dólar para cima — e o nível dos R$ 6,00 no segmento à vista, antes impensável, começava a soar plausível.
Num estalar de dedos, a moeda americana saiu da casa de R$ 5,70 para os inéditos R$ 5,80. E, nesta semana, a escalada continua num ritmo aparentemente inabalável: nos três últimos dias, tivemos três altas — um movimento que culminou em novos recordes nesta quarta-feira (13).
E olha que, durante a manhã, o mercado até ensaiou um alívio no dólar à vista: logo depois da abertura, a divisa chegou a ser negociada a R$ 5,8190 (-0,85%) — uma calmaria que teve vida curta. Ainda antes do almoço, o câmbio virou de mão e bateu os R$ 5,9434 na máxima (+1,27%).
- Eu gravei um vídeo explicando as razões por trás dessa nova disparada do dólar. Veja abaixo:
Ao fim do dia, a pressão sobre o dólar até cedeu um pouco: no fechamento, a moeda era negociada a R$ 5,9008, em alta de 0,55%. Ainda assim, terminou uma sessão acima dos R$ 5,90 pela primeira vez na história — desde o começo do ano, o salto já chega a 47,09%.
Toda essa aversão ao risco vista no câmbio também foi sentida na bolsa: o Ibovespa teve uma sessão instável, mas terminou a quarta-feira em leve baixa de 0,13%, aos 77.772,20 pontos, cravando a terceira queda consecutiva.
O índice brasileiro até conseguiu descolar um pouco do exterior, já que, lá fora, o clima foi bastante pesado nas bolsas: as principais praças da Europa caíram mais de 1% hoje, comportamento semelhante ao visto no Dow Jones (-2,17%), no S&P 500 (-1,75%) e no Nasdaq (-1,55%).
Leia Também

Pessimismo global
Lá fora, dados econômicos desanimadores vindos da Europa contribuíram para diminuir a confiança dos agentes financeiros. O PIB do Reino Unido recuou 2% no primeiro trimestre e a produção industrial da zona do euro teve baixa de 11% em março, mostrando o forte impacto do surto de coronavírus sobre a atividade do velho continente.
Nos Estados Unidos, o panorama também foi mais defensivo: o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central do país), Jerome Powell, disse não ver juros negativos como adequados, mas afirmou que as dificuldades econômicas tendem a continuar por um tempo prolongado — e não descartou novos pacotes de estímulo.
Como pano de fundo para todo esse cenário, ainda há o temor de que a reabertura econômica da Europa e dos EUA possa estar sendo feita de maneira antecipada. Essa leitura ganhou força com o surgimento de novos casos da doença na China e em outros países asiáticos, o que eleva a tensão quanto a uma segunda onda da Covid-19 na região.
A sinalização de que o Fed não vai cortar mais os juros contribuiu para pressionar o dólar à vista, uma vez que, por aqui, o Copom já deu a entender que o ciclo de alívio monetário ainda não terminou. Assim, o diferencial nas taxas entre os países tende a cair mais.
Quanto ao Ibovespa, a relativa estabilidade possui fundamentos técnicos: o índice brasileiro já vinha de duas baixas, acumulando perdas de quase 3% no período. Essa queda recente até estimulou movimentos compradores nesta quarta-feira, mas, ao fim do dia, a cautela acabou prevalecendo.
Turbulência em Brasília
Por aqui, a cena política continuou inspirando prudência entre os mercados. O vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril — em que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro — permanece em primeiro plano para os investidores.
O conteúdo desse vídeo ainda não é público: o STF deu 48 horas para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o sigilo imposto ao material. Mas, considerando o que foi divulgado pela imprensa até o momento e os relatos de que o vídeo é 'bombástico', é natural que os agentes financeiros mantivessem uma postura mais prudente.
Até que se tenha mais visibilidade quanto aos desdobramentos do vídeo, o clima em Brasília deve continuar bastante tenso — o que sempre traz volatilidade às negociações na bolsa e no câmbio.
Juros em alta
No mercado de juros futuros, o dia foi marcado por mais um ajuste positivo em ambos os vértices, dando continuidade ao movimento de ontem. A pressão contínua sobre o dólar à vista, mesmo após dois novos leilões extraordinários de swap cambial pelo BC, contribuiu para a abertura dos DIs:
- Janeiro/2021: de 2,61% para 2,65%;
- Janeiro/2022: de 3,50% para 3,64%;
- Janeiro/2023: de 4,73% para 4,94%;
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira. As exportadoras foram o destaque positivo da sessão, beneficiadas pela nova alta do dólar; além delas, Braskem PNA (BRKM5) também subiu forte — o UBS elevou a recomendação para as ações, de venda para compra, com preço-alvo de R$ 28,00 em doze meses:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
BRFS3 | BRF ON | 22,85 | +12,17% |
KLBN11 | Klabin units | 23,25 | +7,64% |
VVAR3 | Via Varejo ON | 9,14 | +6,90% |
JBSS3 | JBS ON | 25,25 | +6,36% |
BRKM5 | Braskem PNA | 21,67 | +5,86% |
Confira também as cinco maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
EMBR3 | Embraer ON | 6,19 | -8,70% |
IRBR3 | IRB ON | 7,41 | -7,84% |
CIEL3 | Cielo ON | 3,33 | -5,93% |
QUAL3 | Qualicorp ON | 19,70 | -5,52% |
USIM5 | Usiminas PNA | 4,35 | -5,23% |
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado
Sem dividendos para o Banco do Brasil? Itaú BBA mantém recomendação, mas corta preço-alvo das ações BBSA3
Banco estatal tem passado por revisões de analistas depois de apresentar resultados ruins no primeiro trimestre do ano e agora paga o preço
Santander aumenta preço-alvo de ação que já subiu mais de 120% no ano, mas que ainda pode se valorizar e pagar dividendos
De acordo com analistas do banco, essa empresa do ramo da construção civil tem uma posição forte, sendo negociada com um preço barato mesmo com lucros crescendo em 24%
Dividendos e recompras: por que esta empresa do ramo dos seguros é uma potencial “vaca leiteira” atraente, na opinião do BTG
Com um fluxo de caixa forte e perspectiva de se manter assim no médio prazo, esta corretora de seguros é bem avaliada pelo BTG
“Caixa de Pandora tributária”: governo quer elevar Imposto de Renda sobre JCP para 20% e aumentar CSLL. Como isso vai pesar no bolso do investidor?
Governo propõe aumento no Imposto de Renda sobre JCP e mudanças na CSLL; saiba como essas alterações podem afetar seus investimentos
FIIs e fiagros voltam a entrar na mira do Leão: governo quer tirar a isenção de IR e tributar rendimentos em 5%; entenda
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a tributação de rendimentos de FIIs e fiagros, hoje isentos, entra no pacote de medidas alternativas ao aumento do IOF
UBS BB considera que essa ação entrou nos anos dourados com tarifas de Trump como um “divisor de águas”
Importações desse segmento já estão sentindo o peso da guerra comercial — uma boa notícia para essa empresa que tem forte presença no mercado dos EUA