A resseguradora IRB Brasil reportou neste sábado prejuízo de R$ 685,1 milhões no segundo trimestre. A empresa vinha de lucro de R$ 397,5 milhões no mesmo período de 2019 e de ganhos de R$ 13,9 milhões nos primeiros três meses de 2020. No acumulado do primeiro semestre, o prejuízo foi de R$ 671,2 milhões.
A resseguradora também informou retorno negativo de 83,3% no período, de um retorno positivo de 43,2% no mesmo período do ano passado e de 1,5% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com o relatório financeiro trimestral da IRB Brasil, as perdas advieram de despesas com sinistros maiores que as normalmente registradas e de desvalorização cambial.
Houve aceleração nos avisos de sinistros no acumulado do primeiro semestre na comparação com o mesmo período de 2019. Os setores mais afetados foram as linhas de negócios patrimonial e de vida, no Brasil, e patrimonial e rural, no exterior.
A IRB Brasil observa ainda que "há considerável incerteza sobre qual será o impacto final dessa pandemia sobre o ambiente de negócios", o que pode surtir "efeito na rentabilização das reservas técnicas de seguradoras e resseguradoras."
Segundo o documento, os prêmios emitidos no segundo trimestre somaram R$ 2,543 bilhões, de R$ 2,355 bilhões no mesmo período do ano passado e de R$ 1,996 bilhão no primeiro trimestre. Os prêmios retidos somaram R$ 1,710 bilhão enquanto o prêmio ganho ficou em R$ 1,728 bilhão. Os sinistros retidos ficaram em R$ 2,339 bilhões, de R$ 798,7 milhões no segundo trimestre de 2019.
Ainda de acordo com o balanço financeiro divulgado hoje, o resultado de underwriting foi negativo em R$ 1,037 bilhão, contra R$ 296,9 milhões positivos no segundo trimestre do ano passado. Já o índice de sinistralidade total foi para 135,3% no segundo trimestre de 2020, de 58% no mesmo período de 2019.
A empresa de resseguros passou recentemente por uma reestruturação interna. O processo foi desencadeado pela identificação de irregularidades cometidas por ex-diretores.
Também houve problemas com a divulgação de informações, o que levou a questionamentos levantados pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e a ações na Justiça. Uma investigação interna também foi instaurada.
Na abertura do balanço, a IRB reafirma a posição de maior resseguradora do Brasil, com 37% de market share, e informa ter avançado para colocar a companhia no caminho do crescimento sustentável. A empresa informa ainda que uma investigação interna identificou o pagamento não autorizado de cerca de R$ 60 milhões em bônus a ex-executivos e colaboradores, os quais foram responsabilizados judicialmente.
Ao mesmo tempo, o balanço de 2019 foi reauditado e republicado, com impacto de R$ 553,4 milhões no lucro líquido de 2019 e de R$ 117,2 milhões no resultado financeiro de 2018.