🔴 META: ‘CAÇAR’ AS CRIPTOMOEDAS MAIS PROMISSORAS DO MERCADO DE FORMA AUTOMÁTICA – SAIBA COMO

Daniele Madureira

Daniele Madureira

Daniele Madureira é jornalista freelancer. Formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, tem pós-graduação em Jornalismo Social pela PUC-SP. Foi editora-assistente do site Valor Online, repórter dos jornais Valor Econômico, Meio & Mensagem e Gazeta Mercantil. Colaborou com as revistas Exame, Capital Aberto e com a edição do livro Guia dos Curiosos.

MP QUE CRIA MARCO REGULATÓRIO DEVE CADUCAR

Algo cheira mal no país – mas não chegou até Brasília

Os entraves envolvendo a MP 868, que estabelece um novo marco regulatório para o saneamento no Brasil. Texto é considerado chave para destravar investimentos privados no setor e mexe com ações de estatais como Copasa, Sabesp e Sanepar.

Daniele Madureira
Daniele Madureira
27 de maio de 2019
5:38 - atualizado às 8:49
Imagem mostra lixo e córrego poluído em São Paulo
Falta de saneamento básico no Jardim Vista Alegre, na região da Brasilândia, zona norte de São Paulo, bairro com maior incidência de dengue na capital paulista em 2015. - Imagem: NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/

Consta que no verão de 1858, Londres padecia de um mal que parecia incurável: “o grande fedor” (“the great stink”). Foi como ficou conhecido o verão daquele ano, quando os dejetos jogados no rio Tâmisa começaram a espalhar um cheiro insuportável por toda a capital londrina. As milhares de mortes causadas pelos surtos de cólera, ano após ano, devido à falta de infraestrutura para atender o explosivo crescimento da população (que quase triplicou para 2,8 milhões de habitantes na primeira metade do século XIX), não foram capazes de comover os parlamentares a investir em esgoto. O que inspirou (literalmente) os políticos a liberar recursos para construir o mais moderno sistema integrado de esgotos da época foi “o grande fedor”: o Parlamento está instalado às margens do Tâmisa. Ninguém conseguia trabalhar com aquela podridão entrando pelas narinas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para ser aprovada pelo Congresso até o próximo dia 3, a Medida Provisória 868, que cria um novo marco regulatório para o setor de saneamento no Brasil, precisaria que o centro do poder no país, Brasília, estivesse ao lado de um Tâmisa de 160 anos atrás – ou até mesmo de um rio Pinheiros, Tietê ou uma Baía de Guanabara dos dias atuais, que permanecem como símbolos da falta de compromisso com o esgoto nacional.

Isso porque não falta consenso que a aprovação da MP 868 seria benéfica para todo o setor, aumentando a injeção de recursos privados em uma atividade dominada por estatais, que em geral estão sem dinheiro para bancar a expansão dos serviços. As novas regras também criariam maior segurança jurídica, uma vez que a regulação seria de competência do governo federal – e não mais dos Estados e municípios. Mas a briga que envolve a MP é essencialmente política.

De acordo com o texto do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da medida, terão fim os “contratos de programa”, como são chamados os contratos de longo prazo fechados pelos municípios com as empresas estaduais, envolvendo serviços de saneamento. Esses contratos são fechados sem licitação e não há obrigatoriedade de fixar metas de qualidade e investimentos, como costuma ocorrer em parcerias público-privadas (PPPs) no setor (quando uma estatal subcontrata uma privada para determinado projeto, por exemplo). A MP estabelece que, quando os atuais contratos de programa expirarem, só será possível fazer contratos de concessão – ou seja, os municípios terão que abrir uma licitação, incluindo empresas públicas e privadas na disputa.

“O setor precisa atrair investimentos e acabar com a grande inconsistência regulatória envolvendo os modelos adotados em cada Estado. A MP dá essa segurança jurídica que um investidor estrangeiro necessita para se instalar no país”, diz o analista Gustavo Miele, do Itaú BBA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo ele, a aprovação da medida seria positiva para ações de estatais de capital misto, como a paulista Sabesp e a mineira Copasa, que podem vir a ser privatizadas. “O setor poderia ser regulado como outros da infraestrutura. Mas, do jeito que está hoje, as estatais podem se perpetuar na gestão dos serviços de saneamento dos municípios”.

Leia Também

Além de Sabesp e Copasa, a Sanepar tem capital misto, com ações em bolsa. A expectativa em torno da aprovação da MP 868 mexeu com os papeis das empresas na última semana. Depois de atingir o pico de R$ 42,50 na quarta-feira (22), o papel Sabesp ON fechou em queda de 2,25%, para R$ 40,33 na sexta (24). Também na quarta, a Copasa MG ON atingiu o valor mais alto da semana, chegando a R$ 59,36, para depois encerrar a sexta com desvalorização de 1,60%, para R$ 56,50. As ações ordinárias da Sanepar, por sua vez, haviam atingido o auge na segunda, cotadas a R$ 18,48, para depois encerrarem a semana a R$ 15,80.

Na quarta-feira (22), a estatal paranaense de água e esgoto enfrentou um revés. O Tribunal de Contas do Estado determinou que o reajuste tarifário de 2019 seja de 8,37% - a companhia estava pleiteando 12,13%, conforme havia sido aprovado pela Agepar, a agência reguladora do setor no Paraná. Segundo a Sanepar, a companhia segue em busca de um reajuste maior na tarifa.

“O mercado está batendo nas ações das empresas, porque há muito pouco tempo para aprovação da MP pelo Congresso”, diz o analista da Planner Corretora, Victor Martins.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo ele, existem mais propostas positivas do que negativas na Medida Provisória, mas o assunto está muito politizado. “Se estivessem sendo discutidos critérios apenas técnicos, conseguiríamos colocar no preço das ações”, diz ele. “Estava mais otimista com os rumos do setor no começo do ano, mas agora está tudo nebuloso”.

Procuradas pela reportagem, Sabesp, Sanepar e Copasa não quiseram se pronunciar a respeito da MP e seus desdobramentos.

Caduca ou não?

A analista Sabrina Cassiano, da Coinvalores, também acredita que há grande probabilidade de a MP caducar. “Se isso acontecer, o governo deve editar um projeto de lei e começa tudo de novo”, diz ela. Para a analista, as empresas privadas têm mais acesso a capital e poderiam injetar os recursos que o setor tanto precisa.

De maneira geral, as estatais estão endividadas demais para investir na expansão dos serviços a ponto de alcançar a meta de universalização em 2033, prevista no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), lançado em 2013. À época, o Plansab estimou em R$ 420 bilhões o investimento necessário no período para atingir a meta, o que equivale a um aporte de R$ 21 bilhões por ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas, no Brasil, são investidos R$ 12 bilhões por ano em média, segundo dados da pesquisa da KPMG para a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). Grande parte desse montante, porém, é destinado à manutenção do sistema atual, restando muito pouco para a ampliação do atendimento, diz Percy Soares Neto, diretor de relações institucionais da Abcon. “Com isso, a tendência é que a tarifa fique mais cara”, afirma.

Para a analista da Coinvalores, a aprovação das novas regras iria aumentar a competição para as estatais. “Mas elas também seriam beneficiadas, podendo disputar outras regiões do país”, diz Sabrina.

A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) discorda completamente dessa ideia. “A MP é nociva para os Estados”, diz Roberto Tavares, presidente da Aesbe e da Compesa, a estatal pernambucana de saneamento. Para ele, as empresas privadas vão querer ficar só com o “filé”, as grandes cidades, e deixar de lado os municípios pequenos, que teriam baixa rentabilidade. Mas o principal ponto negativo, na sua visão, é a proibição da renovação dos “contratos de programa”.

“Cada município tem um período de contrato diferente com a estatal. Uma das propostas da MP é que nas licitações haja um balanceamento entre as regiões mais rentáveis e as menos rentáveis. Mas como conseguir isso? Não funciona”, diz.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para Tavares, o ideal seria que as empresas privadas continuassem concorrendo entre si para disputar PPPs ou novas licitações municipais. “Uma empresa pública concorrendo com uma privada não deveria acontecer”, diz. Ainda assim, para o presidente da Aesbe e da Compesa, a MP tem um lado positivo, que é a regulação em nível federal.

Osso ou filé?

A Iguá Saneamento, que integra o segmento Bovespa Mais, rebate o argumento de que as privadas querem só o “filé”. “A rentabilidade de uma cidade ou região é muito relativa e não depende do tamanho”, diz Felipe Fingerl, diretor financeiro da Iguá. Segundo ele, o contrato com um pequeno município pode, perfeitamente, ser rentável, dependendo de fatores como nível da tarifa, topografia, prazo para entrega das obras, curva de obrigatoriedade de investimentos. “O modelo de concessão pode ser atrativo, dependendo de como foi desenhado”.

A empresa atende hoje 18 projetos em cinco Estados – São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Alagoas – em cidades de diferentes portes, desde a capital Cuiabá (MT) até pequenas localidades, como Castilho (SP) e Itapuá (SC). “Hoje, 58% das concessões do setor estão em cidades com menos de 20 mil habitantes, ou seja, os players privados já atendem os pequenos municípios”, diz Fingerl.

Citando dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o executivo afirma que as empresas privadas representam 6% do total de companhias que atuam no setor mas, nos últimos três anos, responderam por 20% de todo o investimento feito no país em saneamento. Esses 6% atendem 10% da população do país.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Nós temos capacidade de atender muito mais e mudar a realidade do setor”, diz Fingerl, lembrando os dados recentemente divulgados pelo IBGE, na pesquisa PNAD Contínua. De acordo com o levantamento, um terço das residências do país (33,7%) não têm escoamento do esgoto por rede geral ou mesmo fossa. Esse percentual não muda desde 2016 e é muito mais alarmante no Norte (78,2%) e no Nordeste (55,4%) do Brasil. Uma realidade do século XXI que remonta ao século XIX.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DOEU NO BOLSO

Embraer (EMBJ3): “Acionistas não devem esperar o pagamento de dividendos adicionais”, diz CEO; tarifaço também preocupa investidores, e ações caem

4 de novembro de 2025 - 13:03

Ações estão em queda hoje depois da divulgação de resultados da fabricante de aeronaves. Tarifaço e dividendos afetam as ações EMBJ3

VAI PAGAR?

O que a Vale (VALE3) disse à CVM sobre o pagamento de dividendos extraordinários

4 de novembro de 2025 - 11:03

Questionada pela CVM, a mineradora respondeu sobre o que pode levá-la a pagar dividendos extraordinários no último trimestre do ano

RELÓGIO SUÍÇO?

Itaú Unibanco (ITUB4) deve entregar mais um trimestre previsível — e é exatamente isso que o mercado quer ver no 3T25

4 de novembro de 2025 - 7:14

Enquanto concorrentes tentam lidar com carteiras mais arriscadas e provisões pesadas, o Itaú deve entregar previsibilidade e rentabilidade acima dos 20%; veja o que os analistas esperam para o balanço

DE QUEM É A CULPA?

Por que a XP reduziu as projeções para Prio (PRIO3), Brava (BRAV3) e PetroReconcavo (RECV3) às vésperas dos resultados do 3T25

3 de novembro de 2025 - 19:45

A XP alerta que os principais riscos incluem queda do Brent abaixo de US$ 65 por barril e fatores específicos de cada empresa

BALANÇO DO 3T25

BB Seguridade (BBSE3) supera expectativas com lucro de R$ 2,6 bilhões; confira os números

3 de novembro de 2025 - 19:21

No ano, a seguradora do Banco do Brasil (BBAS3) vive questionamentos por parte do mercado em meio à queda dos prêmios da BrasilSeg, também agravada pela piora do agronegócio

ESQUENTA PARA A BLACK FRIDAY

Quando começa a Black Friday? Confira a data das promoções e veja como se preparar

3 de novembro de 2025 - 17:47

Black Friday 2025 começa oficialmente em 28 de novembro, mas promoções já estão no ar em gigantes do e-commerce; veja o calendário e se programe

VOO DE FOGUETE

Apple (AAPL), Amazon (AMZN) e outras: o que esperar das Sete Magníficas depois do balanço e como investir

3 de novembro de 2025 - 13:35

Entre as sete, apenas uma, a Nvidia, ainda não divulgou seus resultados trimestrais: os números devem sair no dia 19 de novembro

JÁ CHEGOU AO PICO

No topo, o único caminho é para baixo: BTG corta recomendação da Marcopolo (POMO4) para neutro

3 de novembro de 2025 - 10:00

Na visão do banco, o terceiro trimestre mostrou margens fortes com melhora do mix doméstico e contribuição relevante de ônibus elétricos. Apesar disso, o guidance da administração sugere que o trimestre marcou o pico de rentabilidade de 2025

REDUÇÃO DA ALAVANCAGEM

Grupo Toky (TOKY3) quer reduzir a dívida com aumento de capital — mas ainda falta o aval dos acionistas; entenda o que está em jogo

3 de novembro de 2025 - 9:35

Após concluídas, as operações devem reduzir as dívidas da empresa dona das marcas Tok&Stok e Mobly em aproximadamente R$ 212 milhões

ELÉTRICOS ESTÃO COM TUDO

Renault anuncia que grupo chinês Geely, dono da Volvo, comprará 26,4% da sua operação no Brasil, com fortalecimento das montadoras chinesas no país

3 de novembro de 2025 - 9:07

A Renault do Brasil ficará responsável por distribuir o portfólio elétrico e híbrido da Geely no país, abrindo novas oportunidades em vendas, financiamento e serviços

ROBÔS EM CASA

Ele serve café, limpa janelas e aprende sozinho: robô do futuro entra em pré-venda, mas ainda sem previsão de chegar ao Brasil

3 de novembro de 2025 - 9:03

Após quase uma década de desenvolvimento, empresa de robótica 1X lança o humanoide Neo, capaz de realizar tarefas domésticas e aprender com o tempo

UM 'ADEUS' DIFERENTE

EMBR3 vai ‘sumir’ da B3 hoje. Entenda o que acontece com as ações da Embraer nesta segunda-feira

3 de novembro de 2025 - 8:42

A Embraer estreia nesta sessão os novos códigos de negociação nas bolsas do Brasil e dos EUA; veja como ficam os novos tickers

ENERGIAS RENOVÁVEIS

O que a Raízen (RAIZ4) pretende consolidar com a reorganização societária recém-aprovada pelos acionistas

2 de novembro de 2025 - 13:13

Primeira etapa do plano aprovado por unanimidade envolve a cisão parcial da Bioenergia Barra, cuja parcela patrimonial será incorporada pela Raízen Energia

MAIS UM TRECHO VENCIDO

Azul (AZUL4) anuncia acordo global com credores e apresenta plano revisado de reestruturação

2 de novembro de 2025 - 9:39

Azul (AZUL4) qualifica acordo com credores como um passo significativo no âmbito do processo de recuperação judicial iniciado em julho nos Estados Unidos

FATO RELEVANTE

Reorganização na Porto Seguro (PSSA3) abrange incorporação de empresas e acordo com o BTG Pactual

1 de novembro de 2025 - 16:53

Em fato relevante, Porto Seguro (PSSA3) afirma que objetivo de reorganização interna aprovada ontem em assembleia extraordinária é simplificar sua estrutura de negócios

AINDA É HORA DE COMPRAR?

Por que o BB Investimentos resolveu cortar o preço-alvo da MRV (MRVE3) às vésperas do balanço do terceiro trimestre?

31 de outubro de 2025 - 19:41

Segundo analistas do banco, a base forte de comparação com o terceiro trimestre do ano passado é um elemento por trás na revisão do preço-alvo; recomendação ainda é de compra

FORTUNA EM QUEDA

Zuckerberg sai do top 3 e vê Bezos e Page ultrapassarem sua fortuna

31 de outubro de 2025 - 18:01

A fortuna do criador do Facebook encolheu R$ 157 bilhões em um único dia, abrindo espaço para Jeff Bezos e Larry Page no pódio dos bilionários

SUBSTITUIÇÃO NA CHAMPIONS LEAGUE

Lemann, cerveja e futebol: Dona da Ambev desbanca a Heineken e fatura a Champions League

31 de outubro de 2025 - 17:30

AB InBev vai substituir a Heineken como patrocinadora do principal campeonato de futebol da Europa por € 200 milhões por ano

ENTRE AS MAIORES DO IBOVESPA

“Se o investidor acredita no minério acima de US$ 100, melhor se posicionar nas ações”. Por que o CEO e o CFO da Vale (VALE3) veem oportunidade agora?

31 de outubro de 2025 - 14:00

A declaração tem respaldo no desempenho operacional da Vale — mas não só nele; descubra o que está por trás o otimismo dos executivos com a ação da mineradora neste momento

NECESSIDADE DE PROTEÇÃO

A lição deixada pelo ataque cibernético que parou a linha de montagem da Jaguar Land Rover

31 de outubro de 2025 - 13:39

Maior fabricante automotiva do Reino Unido não produziu nenhum veículo em setembro devido a ataque cibernético

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar